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domingo, 11 de fevereiro de 2007

Livro complica Jefferson


A Polícia Federal (PF) quer indiciar o ex-deputado federal e atual presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, por formação de quadrilha no inquérito que investiga irregularidades na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Para um policial que atua no caso e preferiu não se identificar, depois de um ano e sete meses de investigação está definitivamente comprovado que Jefferson comandou o loteamento da Diretoria de Administração dos Correios para desviar recursos para o PTB.

De acordo com o investigador, o indiciamento de Jefferson se justifica por declarações do ex-deputado à CPI dos Correios, pelos depoimentos do ex-chefe do Departamento de Compras da estatal Maurício Marinho e por um motivo inusitado: a “confissão” feita pelo ex-deputado no livro Nervos de Aço, lançado em setembro do ano passado pela editora Top Books.

Para a PF, o presidente do PTB se complicou ao revelar no livro os interesses do partido nos Correios. À página 208, o livro afirma: “Voltando ao caso dos Correios, é evidente que as nomeações feitas pelo PTB se prendiam, sim, a uma estratégia de captação de recursos eleitorais. Nunca neguei isso. Só que absolutamente nada foi captado para o PTB. Porque a turma do PT corria na frente.”

União – A PF pretende indiciar Jefferson pelo crime de formação de quadrilha por entender que o ex-deputado se uniu a outras pessoas para desviar recursos. Para embasar o indiciamento, a PF também deve inserir no relatório final do inquérito dos Correios, que deve ser enviado à Justiça Federal nas próximas semanas, um trecho do livro em que Jefferson revela os critérios adotados em processos licitatórios:

“O leitor pode se perguntar: mas os fornecedores das estatais não são escolhidos por licitação? São. Mas toda licitação tem critérios objetivos e subjetivos. E aqui afirmo abertamente: se nos critérios técnicos duas empresas empatam, se as duas atendem ao interesse da estatal, acho perfeitamente natural que a escolhida seja aquela mais afinada com o partido representado naquela diretoria. Isso é muito mais justo e democrático do que favorecer sempre as mesmas empresas, vinculadas aos mesmos interesses”, escreveu Jefferson, à página 206.

Ainda segundo o investigador, as confissões do ex-chefe de Compras dos Correios Maurício Marinho também complicaram a situação do ex-deputado. Numa série de depoimentos à Polícia Federal, com quem colabora para tentar a delação premiada, Marinho teria comprovado como os indicados de Jefferson fraudavam licitações, extorquiam empresários fornecedores da estatal e efetuavam renovações contratuais irregulares.

Ontem à tarde, após diversas tentativas frustradas, a PF conseguiu finalmente intimar Jefferson a prestar depoimento na próxima semana, mas o ex-deputado não deve comparecer. Alegou, por meio do advogado, que estará em compromissos em Buenos Aires, na Argentina. O depoimento era a oportunidade aguardada pela PF para formalizar o indiciamento na presença de Jefferson.

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