A vida era simples – pescavam juntos, jogavam futebol, tomavam sorvete na praça. Tudo isso perdeu o sentido, mas ficou guardada em seu coração a maior lembrança: de que os filhos e a esposa eram apaixonados por ele e que faziam esta declaração o tempo todo e em toda e qualquer circunstância, mesmo nas mais dramáticas. Em 20 de abril de 2002, o juiz federal Salem Jorge Cury, 39, perdeu os filhos Salem, 8, e Salomão, 4, e a esposa Josy Cury em um inexplicável acidente ocorrido no quilômetro 171 da estrada que liga a cidade de Colina a Severínia, no interior de São Paulo. Simples fatalidade ou represália aos crimes que o magistrado julgou?
O acidente que vitimou a família de Salem Cury ocorreu meses depois de o magistrado ter julgado criminosos ligados ao crime organizado. E, quase cinco anos depois, permanece o mistério sobre o ocorrido. O acidente causou estranheza, porque, segundo relata Salem Cury, a esposa jamais dirigiu o veículo em alta velocidade, pois tinha receio e muito cuidado. Porém tudo indica que Josy estava a uma velocidade aproximada de 140 a 160 quilômetros por hora. O carro explodiu e todos morreram carbonizados. No veículo, um Marea, estava ainda um coleguinha das crianças, que estavam indo para um clube em Olímpia (SP).
Outro indício que leva o magistrado a crer que não foi um simples acidente, está em uma ligação telefônica interceptada logo após o acidente onde duas pessoas conversavam:
– O serviço encomendado contra a família do juiz Cury já foi executado.
– Tem certeza?
– Sim. Colina está de luto.
– Quem sabe, assim, o juiz aprende. Se foi mesmo feito, passe na usina para receber.
“As palavras de que houve um atentado não são minhas, pois são os fatos que apontam para o ocorrido”, diz Cury. O juiz narra que o laudo inconclusivo, feito por agentes que não tinham competência para investigar o fato, foi arquivado sem remessa ou avocação dos autos para o âmbito federal. Ressalta que, durante anos, dedicou sua vida à Justiça federal, roubando horas preciosas do convívio da família e, de uma forma inexplicável, as investigações não se aprofundaram. “Digo até mesmo que o órgão competente para investigar a denúncia criminosa, sequer iniciou uma apuração. Por quê? Eu também não sei.”
Reação - A inércia ou omissão diante dos fatos levou o juiz ao mais profundo estado depressivo. Cury revela que associava a perda da família com o exercício da magistratura e que a perplexidade era como uma música que não saía da memória. Pensou inúmeras vezes se valia a pena continuar, mas se esforçou em eliminar o estado no qual não havia mais prazer de viver. O magistrado diz que o responsável por resgatar sua esperança é Deus, que em momento algum o abandonou. “Ainda sinto a dor da separação e o peso da saudade, visivelmente estampada em meu rosto. Mas estou repleto de esperanças de que a existência não se resume aos dias vividos nesta Terra”, observa. Diz que, em breve, o caso será reaberto, a pedido da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
Quanto aos suspeitos do possível atentado, Cury diz que é preciso investigar e guardar sigilo por questão de segurança. Na magistratura desde 1998, o juiz atuou nas cidades paulistas de Ribeirão Preto, São José dos Campos, Marília e Campinas e em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Julgou crimes da máfia chinesa e do Esquadrão da Morte. Meses antes do desastre, julgou bandidos ligados à quadrilha que domina os presídios de São Paulo. Questionado sobre a possibilidade de um dia voltar a atuar como magistrado, ele responde: “Só o tempo e as circunstâncias dirão.”
O acidente que vitimou a família de Salem Cury ocorreu meses depois de o magistrado ter julgado criminosos ligados ao crime organizado. E, quase cinco anos depois, permanece o mistério sobre o ocorrido. O acidente causou estranheza, porque, segundo relata Salem Cury, a esposa jamais dirigiu o veículo em alta velocidade, pois tinha receio e muito cuidado. Porém tudo indica que Josy estava a uma velocidade aproximada de 140 a 160 quilômetros por hora. O carro explodiu e todos morreram carbonizados. No veículo, um Marea, estava ainda um coleguinha das crianças, que estavam indo para um clube em Olímpia (SP).
Outro indício que leva o magistrado a crer que não foi um simples acidente, está em uma ligação telefônica interceptada logo após o acidente onde duas pessoas conversavam:
– O serviço encomendado contra a família do juiz Cury já foi executado.
– Tem certeza?
– Sim. Colina está de luto.
– Quem sabe, assim, o juiz aprende. Se foi mesmo feito, passe na usina para receber.
“As palavras de que houve um atentado não são minhas, pois são os fatos que apontam para o ocorrido”, diz Cury. O juiz narra que o laudo inconclusivo, feito por agentes que não tinham competência para investigar o fato, foi arquivado sem remessa ou avocação dos autos para o âmbito federal. Ressalta que, durante anos, dedicou sua vida à Justiça federal, roubando horas preciosas do convívio da família e, de uma forma inexplicável, as investigações não se aprofundaram. “Digo até mesmo que o órgão competente para investigar a denúncia criminosa, sequer iniciou uma apuração. Por quê? Eu também não sei.”
Reação - A inércia ou omissão diante dos fatos levou o juiz ao mais profundo estado depressivo. Cury revela que associava a perda da família com o exercício da magistratura e que a perplexidade era como uma música que não saía da memória. Pensou inúmeras vezes se valia a pena continuar, mas se esforçou em eliminar o estado no qual não havia mais prazer de viver. O magistrado diz que o responsável por resgatar sua esperança é Deus, que em momento algum o abandonou. “Ainda sinto a dor da separação e o peso da saudade, visivelmente estampada em meu rosto. Mas estou repleto de esperanças de que a existência não se resume aos dias vividos nesta Terra”, observa. Diz que, em breve, o caso será reaberto, a pedido da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
Quanto aos suspeitos do possível atentado, Cury diz que é preciso investigar e guardar sigilo por questão de segurança. Na magistratura desde 1998, o juiz atuou nas cidades paulistas de Ribeirão Preto, São José dos Campos, Marília e Campinas e em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Julgou crimes da máfia chinesa e do Esquadrão da Morte. Meses antes do desastre, julgou bandidos ligados à quadrilha que domina os presídios de São Paulo. Questionado sobre a possibilidade de um dia voltar a atuar como magistrado, ele responde: “Só o tempo e as circunstâncias dirão.”
1 Comentários:
Li o livro! me emocionei ao ver tanto amor e tanto sofrimento ao mesmo tempo, uma tragedia sem tamanho. Sr Juiz eu acredito muito na justiça divina, e acredito que, janais alguém interrompe a vida de laquem e provoca tanto sofrimento em um ser humano, e depois fica impune. sei que o Sr. superou e que já esta pronto pra proceguir, vá em frente pós tenho absoluta certeza de que,Deus estará sempre contigo.[ Rita Sales]
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