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sábado, 20 de janeiro de 2007

Pronunciamento de Chávez leva público vaiar a Globo





Em um discurso de duas horas e nove minutos de duração, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez ontem à noite no Rio um discurso onde falou sobre aos meios de comunicação do Brasil e da América Latina. Chávez identificou a mídia ao "imperialismo norte-americano" e às "oligarquias sul-americanas". "Por mais dinheiro que gaste a oligarquia, com seus jornais, com suas estações de rádio ou suas televisões muito poderosas, acontece que os povos despertaram."
Ele afirmou que a cobertura jornalística sobre seus atos faz parte da "estratégia inimiga" de "impedir que a idéia da revolução bolivariana tenha impacto". Pregou: "É preciso pulverizar a estratégia inimiga".

O presidente citou o herói da independência da Venezuela e de outros países da região Simón Bolívar (1783-1830): "É como uma guerra. Uma artilharia. Simón Bolívar dizia que a imprensa é a artilharia do pensamento. Temos que ganhar a batalha ideológica". Acrescentou: "O jornalismo de hoje é subordinado na maior parte das vezes a interesses contrários ao povo e à pátria. Com exceções honrosas, claro. Refiro-me aos grandes meios de comunicação".

Chávez fez as declarações na Assembléia Legislativa do Rio, ao receber a medalha Tiradentes. O autor da iniciativa foi o deputado Paulo Ramos (PDT). O alvo central do líder venezuelano foi o jornal "O Globo". Com o diário na mão, citou título e subtítulo da primeira página da edição de ontem: "Declaração do Mercosul vai pedir respeito à democracia; documento é assinado em plena escalada autoritária de Hugo Chávez". Antes, citou a Folha, "As oligarquias dos nossos países andam um pouco preocupadas. Assim eu creio. A Folha de S.Paulo [...] e "O Globo". Não, "O Globo".

"O papel não tem culpa"

Em seguida, disse que o jornal o fustigou "com veneno". Quando o público de cerca de 500 pessoas começou a vaiar o Globo, Chávez vaiou também e disse: ""O Globo", não tenho dúvidas de dizer, é inimigo do povo brasileiro. É inimigo do povo latino-americano". Foi aplaudido pelo presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB). A assistência pediu: "Rasga, rasga!". Chávez, jornal à mão, respondeu: "O papel não tem culpa". Ele disse que "os fascistas queimavam livros" e não rasgou. O público gritou: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo" e "Brizola, Chávez, a luta continua".

O presidente prosseguiu: "Os oligarcas donos de "O Globo" tratam de me desfigurar. Eles são os desfigurados [...] "O Globo" não faz mais que cumprir o mandato do amo imperialista". "O Globo" fez uma breve manifestação: "O que a gente faz aqui é jornalismo"(Só não disse o tipo de jornalismo) .Depois da ida à Assembléia, Chávez visitou o arquiteto Oscar Niemeyer. Voltaria ainda ontem à noite para Caracas.

Helena

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