Compra da canadense Inco por US$ 18 bilhões foi o maior negócio já feito no Exterior por uma companhia da América Latina e tornou a empresa a segunda maior mineradora do mundo
Liderança: refinaria Alunorte, no Pará, faz da Vale a maior produtora mundial de alumina
Foi uma lição de capitalismo. A Companhia Vale do Rio Doce terminou 2006 com a maior aquisição já feita por uma empresa brasileira no Exterior. Por US$ 13,4 bilhões, comprou em outubro o controle da mineradora canadense Inco. Se conseguir adquirir 100% das ações, como pretende, o negócio poderá chegar a US$ 18 bilhões, um recorde para empresa com sede na América Latina. Para chegar lá, o presidente da Vale, Roger Agnelli, comandou uma estratégia ofensiva e derrotou dois grandes concorrentes que tentavam comprar a Inco, as gigantes Teck Cominco e Phelps Dodge. Como? No melhor estilo capitalista: ofereceu 100% do pagamento em dinheiro, em vez de troca de ações, freqüentemente usada nessas aquisições.
Além dos acionistas, a Vale teve de convencer as autoridades reguladoras e de mercado de capitais do Canadá e dos Estados Unidos, onde as ações da empresa são negociadas, a aprovar a transação. A Inco tem um papel histórico na mineração canadense e a promessa de manutenção dos empregos locais foi fundamental. Para mostrar cacife, a Vale negociou com bancos internacionais linhas de crédito da ordem de US$ 30 bilhões. Coisa de gente grande. No fundo, a companhia brasileira não tinha alternativa que não fosse crescer no Exterior e, assim, participar de igual para igual no pesado jogo da economia globalizada. “A saída para as empresas brasileiras é ganhar escala e musculatura lá fora”, afirma Agnelli.
Haja musculatura. A compra da Inco fez da Vale a segunda maior mineradora do mundo, atrás apenas da australiana BHP Billiton. A companhia brasileira aumentou seu faturamento anual para US$ 21 bilhões, superior ao de pesos pesados globais como Goodyear e Coca-Cola. A Inco é uma das principais produtoras mundiais de níquel, metal de grande importância industrial e crescente valorização. Mas o negócio vai além de mais um produto na prateleira. Com a aquisição, a Vale ampliou sua presença física de 18 para 40 países. Antes da Inco, 98% dos seus ativos ficavam no Brasil. Depois, essa fatia caiu para 60%.
A tacada de Agnelli o elevou ao time dos superexecutivos globais – foi até sondado para ser ministro do governo Lula. Sozinho, o negócio representou o triplo dos investimentos da empresa desde 2001. No mesmo mês em que arrematou a Inco, a Vale inaugurou o Projeto Brucutu, em Minas Gerais, um investimento de US$ 1,1 bilhão. Assim, 2006 jamais será riscado da história da companhia.
ENFIM, A AUTO-SUFICIÊNCIA
Demorou três décadas para que o Brasil anunciasse sua independência no mercado internacional de petróleo, passando a produzir óleo suficiente para abastecer o consumo interno. Com a entrada em funcionamento da plataforma P-50, em abril, a Petrobras elevou sua produção média para 1,91 milhão de barris por dia, suficiente para cobrir a demanda interna. É um marco histórico: no final dos anos 70, quando a Petrobras começou a perseguir a auto-suficiência, a produção não passava de 200 mil barris. Localizada na bacia de Albacora Leste, no Rio de Janeiro, a P-50 produz 180 mil barris diários e tem capacidade de armazenar 1,6 milhão de barris. Junto com as demais plataformas, estima-se que poderá catapultar a produção nacional para 2,3 milhões de barris diários em quatro anos.
Helena
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