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quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Questão de grife


O luxo do lixo


DESIGUALDADE GRITANTE
Abismo social separa a mega loja Daslu e a Favela Coliseu, vizinhos de quarteirão

Polêmica à vista com a Daslu, pelo menos é isso que promete os advogados: depois Daspu, grife lançada por prostitutas que motivou um processo da butique contra elas, vem aí a Dasprê -a grife das presidiárias de São Paulo, com renda voltada para as próprias mulheres. A idéia está em estudo na Fundação de Amparo ao Preso, que abre na próxima segunda uma feira com colares, broches, brincos, vasos e outros produtos artesanais fabricados pelas detentas. O nome "Dasprê" concorre com outros mais discretos, como "Oficina de Arte".



Se de um lado Daspu e Dasprê encontram simpatia de público, o que pode indicar carreira promissora, o mesmo não se pode dizer do ex- templo de luxo da burguesia paulistana.A Daslu. A butique de luxo Daslu, inaugurada por Geraldo Alckmin (aqui) vai ser autuada nos próximos dias pela Receita Federal em R$ 236.371.942,45 por falta de pagamento de impostos de importação na compra de produtos no exterior feita pela Multimport entre 2001 e 2005. O valor soma juros e multas. A Receita tem outros processos contra a butique, por sonegação de impostos internos. Segundo uma fonte da Polícia Federal, a Daslu deverá receber até mais cinco autuações no próximo ano. O procurador da República Matheus Baraldi Magnani prevê que a decisão criminal do caso vai sair no início de 2007.

Os proprietários da Daslu, Eliana Tranchesi, mais conhecida como sacoleira de luxo e seu irmão, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, além de outros cinco importadores, são acusados de formação de quadrilha, descaminho aéreo (importação de produtos lícitos, mas de maneira irregular) e falsidade ideológica. "Hoje começa a nova fase, que é o resultado da operação do caso Daslu", disse Magnani. O procurador explicou que a butique é devedora solidária no processo, pois a importadora era sua parceira no que o Ministério Público Federal considera um esquema de sonegação de imposto. "Estavam juntas na fraude", afirmou.

O procurador contou que recebeu documentos da Justiça dos Estados Unidos para comprovar mais fraudes. "Recebi mais provas do Departamento de Justiça para auxiliar no processo criminal." Ele se refere às empresas fornecedoras à Daslu, que trabalha com várias marcas internacionais.


HISTÓRICO

A Daslu foi alvo de ação policial em julho de 2005, na chamada Operação Narciso. A investigação começou porque fiscais da Receita localizaram notas fiscais de importação de fachada e da transação verdadeira em malotes de importação. Havia, na época, por exemplo, um documento da empresa Horcy, de Miami (EUA), vendendo a carga para a Multimport, tachada de empresa de fachada ou fantasma, bem como outras importadoras para a Daslu.Em dezembro, o MPF informou ter encontrado uma carta da Multimport na qual havia uma planilha com diversas propostas de subfaturamento. A Multimport não foi localizada pelo Estado.

Helena

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