Saiu mais uma pizza do forno da câmara ontem a noite. Com muito molho de tomate e uma grande quantia de muzzarela a Câmara absolveu ontem o ex-líder do PP José Janene, último mensaleiro levado a julgamento. Ele precisava que 110 colegas não votassem pela cassação de seu mandato. Contou com muito mais que isso — 128 votaram não, 23 se abstiveram e 5 votaram em branco. Para cassá-lo, eram necessários pelo menos 257 votos, mas só 210 optaram pelo sim. Apesar de 414 terem marcado presença na Casa, apenas 366 deputados participaram da votação, quorum mais baixo de todos os processos.José Janene é acusado de receber R$ 4,1 milhões do valerioduto. Foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República Antônio Fernando de Souza. Timidamente, pedindo para não serem identificados, deputados que participaram da sessão justificavam o voto pela absolvição “Ele já está lá doente, não dá para cassar o mandato do cara assim”, disse um deputado petista. Mas para roubar os cofres públicos a mão do seu Janene está muito bem.
A CPI dos Correios encontrou uma digital clara de Janene em meio a registros da corretora Bônus Banval,que limpava o dinheiro sujo do mensalão. Dinheiro da 2S Participações e da Tolentino Associados, outros dutos do esquema, fluiu para uma conta corrente mantida na Banval pela Natimar Participações, registrada em nome do argentino Carlos Quaglia. Lá, o dinheiro rendeu em aplicações no mercado futuro de ouro. Na hora da distribuição dos dividendos, seguiu para uma lista de 90 pessoas físicas. Entre elas, estavam Danielle, filha do deputado, e Rosa Alice Valente, sua secretária particular, casada com Meheidin Jenani, primo dele.Visto pela perspectiva política, José Janene é um personagem raso. Entrou no ramo filiando-se ao PDT, em 1987. Passou um tempo no PMDB e seguiu para o PP em 1992.
Na política, Janene também se fez um homem rico. Era um modesto empresário quando começou. Tinha uma empresa do ramo de energia (a Eletrojan). A firma foi desativada, mas o patrimônio do deputado nunca parou de aumentar. Ele é dono de uma série de imóveis no Paraná. A última declaração de renda que entregou à Justiça Eleitoral contém bens somando pouco mais de R$ 930 mil. Mas o MP desconfia ser bem mais que isso. Só a mansão que construiu em Londrina custaria R$ 2 milhões. Se fortuna lhe sorriu por um lado, atacou-lhe de outro. Ele é portador de uma cardiopatia grave, da qual já tentou se livrar em duas ocasiões submetendo-se a transplante de células-tronco, até aqui sem sucesso. Foi a doença que possibilitou procrastinar por quase um ano o processo. Desgastado, não concorreu nas eleições de outubro como queria. Que vá para os quintos do inferno, onde o capeta o aguarda.
Helena
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