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quinta-feira, 23 de novembro de 2006

O que um ladrão como o ACM fez de bom para o Brasil?


Embora com certo atraso, recebi hoje a entrevista ;Clique> O príncipe da Bahia do seu Antonio Carlos Magalhães na Veja. Somente uma revista de merda como a Veja, para dá espaço a um energumeno como ACM. Este senhor é o que há de mais podre na política Brasileira, dono de um dos maiores egos do mundo, egocentrico, vil, e capaz de tudo para manter o seu poder, teve a capacidade de dizer na entrevista: "Vou voltar com mais força do que tinha antes, porque os meus adversários fracassarão" . Essa ratazana, que enriqueceu e cresceu politicamente lambendo as botas dos militares durante a ditadura, após a ditadura militar, o carlismo conseguiu se manter no poder graças as concessões garantidas aos aliados, principalmente na gestão de Paulo Souto e César Borges juntamente com os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso , onde os cargos dos órgãos federais eram rateados na Bahia entre a turma do ACM.

As muitas máfias espalhadas pelo mundo, sobretudo Itália, Estados Unidos, China e a japonesa, as principais, não diferem muito uma da outra senão em suas origens. A prática considerada criminosa. Por exemplo: há quem prefira os riscos do tráfico de drogas; ou o tráfico de mulheres. Mas há aqueles que preferem a política. O desafio é interessante, principalmente se chegar ao topo. Se se assumir o controle de "negócios" importantes, como verbas públicas, aliança com bancos, meios de comunicação. São dois dos grandes negócios da política brasileira hoje em dia. E é por conta de sua extraordinária semelhança com os métodos de Al Capone, que ACM pode ser comparado ao gangster de Chicago. Criminosos, um foi, outro é.

Capone começou como um borra-botas, disposto a executar qualquer serviço para mostrar seu "valor". Os chamados serviços sujos eram sua especialidade. Além de desenvolver o cinismo, condição indispensável para a atividade, embrutecia, amoralizava ao mesmo que imoralizava. O mais importante, no entanto, é que marcava pontos com os chefões e lhe permitia acesso rápido. No tempo certo, era só eliminar a cúpula e assumir o comando. A trajetória de ACM foi assim. É assim. Não existe nenhuma diferença do presidente do Senado, para Capone.

E nem se imagine achá-lo semelhante a Dom Corleonne, criado por Mario Puzzo e levado para as telas por Copolla. Além de não ter a menor semelhança com Marlon Brando, é apenas um bufão bem sucedido. Em Corleonne existia um aspecto humano, afinal era um filme. Em ACM nada é humano, a começar por ele próprio. É Capone com toda a boçalidade daquele que é considerado o maior gangster dos Estados Unidos.

Capone, por exemplo, não hesitou em liquidar com os amigos no momento em que seus interesses falavam mais alto. ACM fez assim com o sócio Ângelo Calmon de Sá, o do Banco Econômico. No início de sua carreira apunhalou o criador, Juraci Magalhães, um ex-tenente e homem forte da Bahia. Foi servil, humilde, lambe-botas enquanto precisou. Quando pode ... Bum! Um tiro só e Juraci sumiu na política baiana. Amargou (não que isso me entristeça, era outro cacique da pior espécie ­ apenas mais civilizado) um ostracismo e uma solidão terríveis.

Foi ele, Juraci Magalhães, um tenente de 22, revolucionário de 30, ministro de Vargas, interventor na Bahia, fundador da UDN, governador da Bahia, quem trouxe o médico Antônio Carlos Magalhães (ACM) para a política. Ao contrário da maioria dos udenistas, Juraci era amigo de Juscelino e manteve com o presidente excelentes relações durante o período JK. Apoiou a construção de Brasília e veladamente impediu que a UDN lacerdista complicasse mais do que complicou a vida de Juscelino.

ACM, deputado federal e homem de Juraci, tinha o hábito de telefonar diariamente para Juscelino. Seu faro era e é impressionante. Elogiava, comentava, algumas discretas críticas, muitas denúncias (o alvo eram seus inimigos imediatos, na Bahia, ou os que contrariavam seus interesses clientelistas), arrancou, já aí, com o beneplácito do padrinho Juraci, importantes nomeações para o controle da máquina federal no Estado da Bahia.

Em 1960, o marechal Teixeira Lott, com incrível percepção da figura Jânio Quadros, propôs que fosse lançado um candidato único à presidência da República, isto é, Juraci Magalhães. Ele e Jânio, candidatos respectivamente do PSD/PTB e da UDN renunciariam em favor de Juraci. Ademar já estava de acordo e mesmo que não renunciasse não tinha maiores chances. ACM, deputado udenista, ficou na moita, esperando definição para então definir-se ele, ainda que concordasse, publicamente, com Juraci. Jânio não topou e Juraci foi à convenção da UDN sendo derrotado pelo maluco do Mato Grosso (Jânio) com atuação em São Paulo (é incrível o fascínio que São Paulo exerce sobre malucos e bandidos: Ademar, Jânio, Maluf, FHC, Pitta, etc, etc.). ACM, partidariamente, apoiou Jânio, até porque Juscelino não teve o menor empenho na candidatura do marechal Lott.

O caos que marcou o governo Jânio Quadros, a renúncia, o parlamentarismo, até o golpe que derrubou João Goulart, em 64, manteve ACM ao lado do general Juraci Magalhães. Juraci foi ministro de Castello. A "lealdade" de ACM a Juraci, sua subserviência diante dos novos donos do poder, os militares, começaram a produzir efeitos e a credenciá-lo para missões e cargos mais altos. Luís Vianna Filho foi o governador indicado por Castello Branco nas primeiras indiretas depois de 64; sucedeu a Lomanto Júnior e teve o "apoio" de ACM até o instante que este percebeu que Castello não tinha mais a menor influência. Costa e Silva, mais precisamente, a Junta Militar era a dona da bola e foi por ali que se enterrou Juraci (discretamente, o velho general tinha amigos) e mostrou aos ditadores que o que deveria ser feito ele, ACM, poderia fazer melhor que ninguém, pois fazia qualquer coisa, como sempre fez, para ser o que quer. Virou governador indireto.

ACM começou a montar a mais violenta e corrupta quadrilha das muitas que atuam na política nacional, até porque, atingiu posição de destaque e hoje, mesmo sendo alvo de deboche do tucanato, do PFL de sangue azul, Bornhausen, Maciel, ou do medo traiçoeiro do PMDB de Jáder e Íris, é temido (muito mais pelos aliados, pelo estrago que pode fazer que pelos inimigos). Foi títere da ditadura militar no governo Medici. Aliou-se a Geisel quando percebeu que o general seria o próximo presidente militar (sempre prestando serviços subalternos e sujos), virou presidente da Eletrobrás (construíra, não é bobo, impressionante máquina de corrupção, clientelismo, já assumira a patente capitão donatário da Bahia e foi em frente.

ACM dominada a Bahia e os governadores que se seguiram a ele, Roberto Santos, João Durval, ele próprio e assim por diante, exceto Valdir Pires, perceberam poderia ter assento à mesa dos grandes chefões e tratou de palmilhar o seu caminho. Largou Figueiredo à deriva e toda a corte do general quando sentiu a eleição de Tancredo (até porque aí, seguia recomendação de Geisel que era amigo de Tancredo e o apoiava nas indiretas de 84). Aderiu ao ex-governador de Minas, foi o responsável por muitos votos no colégio eleitoral (votos dos representantes das assembléias legislativas do Nordeste, sobretudo Bahia e, no acordão que elegeu Tancredo, virou ministro das Comunicações.

A essa altura do campeonato, ACM já havia loteado a Bahia segundo suas conveniências. Era sócio de Ângelo Calmon de Sá (indicou-o para o Ministério da Indústria e Comércio num dos governos militares), transformou a OAS (chamada de Obras do Amigo Sogro) numa das maiores empreiteiras do Brasil (sua filha casou-se com um dos grandes da empresa); montou o Tribunal de Justiça da Bahia à sua feição, enquadrou como quis a máquina administrativa, financeira e policial do Estado, tentou projetar a imagem de realizador, empreendedor e sério. Criou uma agência de propaganda para cuidar da sua imagem (é uma das que mais faturou no governo FHC), enfim, exerceu o seu pleno poder adquirido por ter liquidado com os adversários. E liquidou como quis: perseguição, desmoralização, fraudes eleitorais, toda a sorte de artifícios comuns a gangsteres e conhecidos de todos.

Há uma série de episódios, inúmeros, que comprovam a amoralidade e a imoralidade de ACM. Aproximou-se de Roberto Marinho no festival de concessões de canais de televisão quando da ditadura. Levou o seu, mas encontrou um adversário, Valdir Pires, ligado a emissora concorrente, com o direito de transmitir a programação da "Globo". Estrilou, ameaçou, foi humilde quando precisou e ganhou a "Globo". É afiliado da rede e subalterno de Roberto Marinho. Sabia o extraordinário poder da comunicação, estava alinhado com o projeto "Globo/Time Life", defendia-o na Câmara, no seus governos, nos cargos que exerceu, passou a fazer parte do esquema de Roberto Marinho. Defende-o. Está quase ganhando poder suficiente para enquadrar o doutor da "Globo"; não é hora, continua a precisar dele. No momento certo...

A razão da briga de ACM com o "Correio Brasiliense" deriva daí. Paulo Cabral, diretor do jornal, é um dos últimos grandes dos "Diários Associados". Foi segundo de Chateaubriand e de Calmon. Foram severos críticos do acordo "Time/Life-Globo", pois, à época, sabiam, perceberam, que os militares estavam trocando o comando das comunicações no Brasil. Saía Chateaubriand, um bandido mas com pretensões a relativa independência (além do que tinha tido estreitos vínculos com Getúlio, Juscelino ­ não que isso fosse o problema, trairia a eles com a maior cara de pau), entrava Roberto Marinho, tal como ACM, a princípio servil, capacho, depois dono. Já podemos perceber aí, que a grande quadrilha é a soma das muitas quadrilhas regionais, ou mesmo as pequenas nacionais. Sabem fazer "negócios" como ninguém. Beijam-se, abraçam-se, no melhor estilo da máfia, tanto quanto beijam o rosto e metem a faca nas costas ao mesmo tempo, em função de "negócios".

ACM foi ministro de Sarney, sobre quem tem influência e de quem roubou o trono da corrupção e do clientelismo no Nordeste. Serviu a Collor até o final, foi contra o impeachement. Tomou um tranco de Itamar mas elegeu quem quis na Bahia (Valdir Pires é um sujeito extraordinário, mas um errático em matéria de ação política) e foi ser, finalmente, integrante da grande mesa mafiosa no governo de FHC. Disputou com ex-presidente da República o poder efetivo. Levou a melhor, fez o que quis, Fernando Henrique sentava ao menor grito do vice rei.

Serve a banqueiros internacionais, continua sócio de Calmon de Sá (fez que crucificou-o, sua especialidade, a de parecer sem ser, ou falar sem fazer (a não ser quando os "negócios" falam mais alto), os integrantes de sua quadrilha continuam a faturar o que querem, o único problema é que os grandes chefões já perceberam que seu apetite é pantagruélico, temem entregar o poder a ele. Preferem-no poderoso, não podem fazer o contrário, precisam dele e fica, então, uma briga em que cada vez mais ele procura prestar serviços para mostrar-se confiável.Até porque o poder de Capone foi absoluto, de qualquer chefão. Sua semelhança com os métodos de Chicago e sobretudo Capone, levam-me a crer que a vida do gangster seja o seu livro de cabeceira favorito. É preciso cuidado. É o mais perigoso de todos os bandidos. Sequer aprendeu a comer de garfo e faca, não saiu do canibalismo. E leva uma extraordinária vantagem sobre Capone: controla o imposto de renda, e é do PFL. Antonio Carlos Magalhães é um político corrupto. É um ladrão que virou senador, e daí? A mídia é dele, grossas verbas de publicidade, controle total. Pior que isso é ver ACM na CPI falar em honestidade. Utopia é a DASPU, o contraponto perfeito e íntegro a DASLU.

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