“Se a discussão ética tomou o relevo que tomou, vamos tratá-la”, declarou Ciro Gomes
‘PSDB/PFL são responsáveis pelos maiores escândalos da história’
“Em todos esses escândalos, eu estou falando de bilhões desviados”, completou o deputado eleito, lembrando a privatização da Telebrás, o socorro aos bancos Marka e FonteCindam e a compra de votos para reeleição de Fernando Henrique
O deputado federal Ciro Gomes (PSB), eleito pelo Estado do Ceará com 667.830 votos – proporcionalmente a maior votação do país para a Câmara dos Deputados – considerou que parte da mídia comportou-se de forma “facciosa, irresponsável, indecente e alinhada” na véspera das eleições de domingo. “O presidente Lula tomou uma estratégia de apresentar o seu governo e fazer uma prestação de contas, mas os seus adversários fizeram essa opção lacerdista, sem o brilho de Carlos Lacerda, de aviltar o debate brasileiro e nisso tiveram o papel coadjuvante de uma parcela interessada da imprensa”, disse Ciro.
DOSSIÊ
De acordo com ele, a armação para a compra do suposto dossiê contra José Serra merece “severa apuração e punição”, mas parte da imprensa usou o fato para tumultuar a reta final das eleições: “Se a discussão ética tomou o relevo que tomou, vamos tratá-la. Não creio que seja ético explorar escândalos que merecem severa apuração e punição para manipular consciências. Se falha houve, não é razoável que o Brasil seja induzido a esquecer que essa gente da coalizão PDSB e PLF são os responsáveis pelos mais graves escândalos impunes da história republicana do Brasil”. “Em todos esses escândalos, eu estou falando de bilhões desviados”, afirmou Ciro.
PRIVATARIA
O deputado, que se integrou ao comando nacional da campanha para a reeleição do presidente Lula neste segundo turno, citou alguns dos escândalos ocorridos durante os oito anos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, na Presidência da República, como a entrega do Sistema Telebrás, o socorro aos bancos Marka e FonteCindam e a operação deflagrada no primeiro mandato de FH junto ao Congresso Nacional para a compra de votos para a aprovação de sua reeleição. Ciro lembrou também que o crime organizado em São Paulo nasceu, foi alimentado e cresceu durante os 12 anos da administração do PSDB, além da denúncia de recebimento ilegal de vestidos de uma famosa grife paulista por parte da esposa do então governador paulista Geraldo Alckmin, atual candidato do PSDB à Presidência. Ciro Gomes não deixou de citar que, durante o governo de Alckmin, foram engavetadas mais de 60 CPIs contra a administração do PSDB.
Sobre os vestidos recebidos pela ex-primeira dama paulista (centenas de peças entre 2001 e 2005, segundo o estilista Rogério Figueiredo), Ciro Gomes considerou que “ela foi, de forma muito grosseira, trazida a escândalo porque recebeu uns vestidos de cinco mil dólares”. Ciro completou que “se as televisões resolvessem escolher isso como tema e comparassem esse assunto coma as roupas rasgadas e os trapos que a população do sertão do Nordeste ou das favelas do Rio de Janeiro veste, o senhor Alckmin não estaria nem participando do debate”.
Para o ex-ministro da Integração Nacional, “se a discussão ética tomou o relevo que tomou, vamos tratá-la. Nós não ficaremos mais, se depender da minha opinião, sem resposta. Se é assim que é, vamos lá”. De acordo com ele, Geraldo Alckmin “é um homem decente. Não consigo imaginar a idéia de aviltar uma discussão só porque sou seu adversário e chamá-lo de pilantra, chefe de quadrilha e gângster, como eles têm ousado chamar o presidente da República, num exagero que o segundo turno vai ter que por um ponto final”.
Ciro Gomes denunciou que Lula foi vítima de “uma seqüência de golpes e estocadas oportunistas, rasteiras, mistificadoras”, citando a divulgação da foto do dinheiro usado para a compra do suposto dossiê contra José Serra, assim como a forma como a mídia explorou a ausência do presidente Lula no debate da TV Globo. “Se o povo farejar que há uma trama da elite para comover a população com expedientes, que sendo graves não são centrais ao destino da nação, a população talvez negue legitimidade ao que ganhar por esse caminho”, disse o deputado completando que “a classe pobre acredita no caminho democrático para superar sua miséria. O Lula materializou isso. Se ele perde a eleição, é do jogo. Mas, se as pessoas acham que jogaram para tirá-lo, não tenha dúvida de que a revolta e a reação serão muito grandes”.
Renata F,
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