ACM sente o golpe das urnas, amarga grande derrota, mas não perde arrogância e promete voltar
No fim da noite de 1º de outubro, o feitiço virou contra o feiticeiro mor da política baiana. Cabisbaixo, mãos jogadas entre as pernas, a imagem do senador Antônio Carlos Magalhães, após ouvir o duro recado das urnas era o retrato mais fiel de uma derrota. Seu candidato, o governador Paulo Souto, do PFL, cotadíssimo para vencer as eleições no primeiro turno, recebeu 43,03% dos votos válidos e perdeu a principal cadeira do Palácio de Ondina para o petista Jaques Wagner, que em uma virada histórica recebeu 52,89% dos votos. Como se não bastasse, o grupo de ACM sofreu outro forte abalo ao não conseguir eleger seu representante para o Senado. O ex-governador João Durval (PDT) – apoiado por Wagner e pai do prefeito de Salvador, João Henrique – foi eleito com 46,97%. Ficou na poeira o ex-ministro Rodolfo Tourinho, com 34,45%.
A golpes de votos, o velho carlismo do “coronel” ACM foi à lona. Ainda com seu mandato de senador e dono de uma bancada de 13 deputados federais recém-eleitos, ACM, ao tentar levantar-se, foi lançado às cordas da oposição. Uma missão difícil para quem estava acostumado a mandar e desmandar na máquina do Estado tal como faziam os barões do cacau. Ele e seu grupo sempre se valeram de pressupostos que pareciam ser eternos, como: Toninho “malvadeza” pode tudo e quem tem padrinho não morre pagão. Na segunda-feira 2, porém, admitiu com doses nada peculiares de humildade que seu reinado chegou ao fim. “Derrotado não fala, espera; e eu estarei esperando, amando sempre a Bahia.” No dia seguinte, fez as pazes com a arrogância e vaticinou, do alto da tribuna do Senado, que o neologismo que traduz sua influência na política não acabou: “Vocês verão o desastre que será o governo baiano e a volta triunfal do carlismo. O carlismo é uma legenda que não se apaga, queiram ou não os cronistas políticos.”
Só ACM parece acreditar nisso. O cientista político da Universidade Federal da Bahia Paulo Fábio Dantas ressaltou que mais forte do que o sepultamento é o significado da vitória de Wagner, que nem sequer foi detectada pelos institutos de pesquisas. “O carlismo foi derrotado no momento em que ele estava vivo e ativo na figura de Paulo Souto”, ressaltou.
Helena
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