Para analistas, promessas de tucano próximas às de Lula favorecem voto no presidente
Proposição de Alckmin de negociar o AeroLula reforça possíveis privatizações, diz Marcus Figueiredo, do Iuperj
O presidente Lula e o PT conseguiram impor sua agenda nos últimos dez dias, apoiados no tema das privatizações, e forçaram o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) a um discurso defensivo que favorece o voto da continuidade em Lula, dizem cientistas políticos ouvidos pela Folha(Texto para assinante aqui). Esse seria um dos fatores a explicar o aumento da diferença nas intenções de votos favorável a Lula de 11 para 19 pontos -entre as duas últimas pesquisas Datafolha-, afirma Marcus Figueiredo, professor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
Para ele e para a cientista política Argelina Figueiredo, também do Iuperj, Alckmin se viu forçado a declarar, no segundo turno, que não privatizará e que não fará modificações no Bolsa Família -o que, em última instância, significa repetir e dar aval para o discurso do presidente Lula. "Se ele diz que vai fazer o que o outro faz, vamos ficar com quem já faz e está garantido", afirma Argelina, expondo o que considera ser o raciocínio do eleitor, convertido em votos para Lula.
Marcus Figueiredo diz ver ainda um outro problema para o PSDB na origem do aumento da desvantagem nas intenções de voto para Alckmin. Segundo ele, um fator que reforça que os tucanos "privatizariam tudo" estaria na própria declaração de Alckmin, durante o debate da TV Bandeirantes, de que, se eleito, venderia o AeroLula. "Passou a idéia de que ele iria, de fato, vender tudo", declara o analista. "Isso correu entre os eleitores, de boca em boca." Mesmo o discurso ético tucano, afirma Argelina, termina por se tornar vazio na ausência de fatos novos. "Essa denúncia da corrupção ficou um pouco vazia. Fala-se sempre, mas os fatos são sempre os mesmos."
Marcus Figueiredo lembra que a taxa de consolidação do voto indicada pelo Datafolha divulgado ontem é muito alta (90% para Alckmin; 91% para Lula), e que "só uma coisa muito grande seria capaz de mudar essa eleição". "Se acontecer um segundo ou um terceiro dossiê no colo do Lula, isso pode abalar a candidatura dele", afirma. "E não só a candidatura, mas poderia também deflagrar uma crise institucional."
Bomba atômica
Também para o professor emérito de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Fábio Wanderley Reis, apenas um fato novo mais impactante ainda que a divulgação das fotos do dinheiro , no final do primeiro turno, seria capaz de virar o jogo a essa altura. Um fato, ele diz, de proporções "muito intensas", "uma espécie de bomba atômica". O que ele considera difícil. "É improvável que haja um estoque tão grande de erros [dos petistas]", afirma Reis. "O voto parece consolidado e a tendência, creio, é até de que cresça a vantagem de Lula", diz o cientista político. Para ele, "Alckmin devia fazer como os EUA na Guerra do Vietnã [recomendação feita pelo senador republicano George Aiken]: declarar vitória e sair fora".
Helena
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