No primeiro dos cinco blocos do programa que foi ao ar na TV Bandeirantes e alcançou até 15 pontos de audiência – isso significa cerca de 400 mil domicílios só na Grande São Paulo – o tucano queria seu Lula nas cordas do ringue. Fez, ao Presidente da República, todas as perguntas requentadas e repetidas que são feitas há 24 dias na imprensa e na propaganda eleitoral do rádio e da TV: Lula respondeu a todas . Se houve um trunfo a favor de Alckmin no debate, foi mostrar à Nação que é repetitivo, sem argumentos e chato. Muito chato. O presidente da República, porém, beneficiou-se justamente do ar de dèja-vu das perguntas, da ausência de novidade dos questionamentos. E não foi a nocaute como queria a corja tucano. Lula Bebeu dois copos d´água no primeiro intervalo antes de começar a desferir os próprios golpes.
O segundo e o terceiro blocos assistiram a um domínio de Lula na arena a partir do momento em que o presidente protestou contra o que chamou de "bravatas" do seu adversário e, encarando a platéia onde pontificavam tucanos emplumados como José Serra e Arthur Virgílio, quis saber o porquê de Fernando Henrique Cardoso não estar ali para debater temas administrativos. Foi aí que Lula sacou do colete números, estatísticas e fotografias administrativas que lhe fornecem um conjunto sólido de argumentos para forçar a comparação entre seu governo e as administrações do PSDB no país, entre 1995 e 2002, e em São Paulo, entre 1995 e 2006. Nesses momentos foi Alckmin quem se viu nas cordas e, cobrado em público de forma enfática e dura pela primeira vez, como gestor, engasgou e deixou escapar irritação e certa empáfia arrogante. Bem treinado, com olhar firme para a Câmara, mas com um sorriso que parecia de plástico, Geraldo Alckmin passou do ponto algumas vezes. Irônico as vezes, mas sempre tirando da cartola metáforas maiôs populares que lhe caem sob medida , Lula encerrou o terceiro bloco com vantagem no acantonamento do adversário.
As considerações finais não contam: Mas o quarto bloco viu ressurgir o Geraldo Alckmin da ética dos 400 vestidos e do roubo na cara dura na Nossa Caixa, já um pouco combalido pelos golpes de cobrança administrativa. Era um tucano , ainda de pé, mas sem o verniz da cobrança udenista nos olhos. Como duelo, o debate da TV Bandeirantes foi um excelente programa. Ele destampou a panela de pressão da cena política contemporânea, e isso talvez até ajude a distendê-la. Lula foi cobrado diretamente por aquilo que, diziam, ele tinha condições de responder. Respondeu. Alckmin foi cobrado em pontos para os quais não tem respostas, como a situação do Estado brasileiro no fim do ciclo de comando do tucano mais emplumado de seu ninho, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Alckmin revelou habilidades e flancos ao ao driblar questões. O partidários tucanos dirão que o adversário perdeu e celebrarão o banho daquele que lhe simpático. O debate, necessário ao processo democrático, merece ser celebrado sem edições, só pelo fato de ter ocorrido.
Renata F.
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