Economista que prepara programa do candidado fala em controlar o câmbio, mas acaba desautorizado. Especialistas criticam a proposta
A FRASE
“Estou sugerindo montar um sistema que tenha condições de administrar a taxa de câmbio” Yoshiaki Nakano, assessor econômico do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin
O economista tucano Yoshiaki Nakano, defendeu a intervenção do governo no câmbio, com o controle no fluxo de capitais para o país e a redução drástica das taxas de juros para elevar os preços do dólar. São medidas totalmente incompatíveis com o sistema de câmbio flutuante, um dos pilares da atual política econômica que os investidores elogiam e querem ver mantida seja qual for o candidato vencedor. As declarações de Nakano, que foi secretário de Fazenda de Alckmin no governo de São paulo e é cotado para o Ministério da Fazenda ou para a presidência do Banco Central em uma eventual república tucana, provocaram um bate-boca no mercado. E só não repercutiram na bolsa de valores e no dólar porque o PSDB entrou em ação, para restringir o papel de Nakano na campanha a um mero colaborador. A Bolsa de Valores de São paulo encerrou o dia com alta de 0,65% e a moeda americana recuou 0,19%, para R$ 2,152.
A primeira reação contra Nakano — cujas declarações foram feitas em um seminário promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro — partiu de Alexandre Schwartsman, economista-chefe para a América Latina do Banco Real ABN Amro. “Não fiquei surpreso com tais declarações, porque ele (Nakano) não entende nada de economia”, atacou. Um equívoco
Segundo Schwartsman, a idéia do assessor de Alckmin de usar a política monetária (rápida redução das taxas de juros para equipará-las ao mercado internacional e, dessa forma, estimular a valorização do dólar) “é uma invenção do Yoshiaki”, sem possibilidade de dar certo, a não ser que o país retorne ao sistema de câmbio fixo que vigorou até janeiro de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o seu segundo mandato. O ex-diretor do BC disse ainda que a proposta de Nakano está em vigor na Argentina, onde há controle de preços e, mesmo assim, a inflação está próxima de 11% ao ano.
As críticas do ex-diretor do BC foram endossadas por vários economistas, entre eles, Joel Bogdanski, do Banco Itaú. Sobre a utilização da política de juros para controlar a conta de capitais, Bogdanski foi taxativo: “É um equívoco”. Para ele, o Brasil tem uma política monetária clara e voltada para o controle da inflação, cujas metas perseguidas pelo BC são definidas com dois anos de antecedência. É a credibilidade desse sistema, na opinião da economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, que tem permitido ao Brasil controlar as expectativas de inflação e permitir a queda das taxas de juros sem sobressaltos para a economia.
Helena
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