Despesa e arrecadação de impostos cresceram durante choque de gestão tucano, diz estudo de ex-diretor do BC
"CHOQUE DE GESTÃO" é uma das marcas mais típicas do candidato Geraldo Alckmin, quase tanto como seu apreço por "amassar barro e comer poeira". Mas tão raro quanto assistir a Alckmin amassar barro é ver análises do resultado do choque de gestão tucano no governo paulista. Alckmin assumiu o governo em 2001, devido à morte de Mário Covas. Foi eleito governador em 2002. Enquanto esteve no cargo, tanto as receitas como as despesas primárias do governo paulista aumentaram. Isto é, Alckmin arrecadou mais e gastou mais.
As contas são do economista Alexandre Schwartsman, com base em números da Secretaria da Fazenda paulista e do PIB de São Paulo, calculado pelo IBGE.
Schwartsman foi diretor do Banco Central no governo Lula. Agora é economista-chefe para a América Latina do banco ABN-Amro e colunista da Folha. Não é lulista. Costuma discordar tanto das idéias de Guido Mantega, ministro da Fazenda, como das neotucanas. Critica o que chama de "nakanomics", o pensamento do economista Yoshiaki Nakano, ministeriável alckmista, secretário da Fazenda do choque de gestão de Covas e também colunista da Folha. Schwartsman desgosta em especial do plano de Nakano de controlar o câmbio.
Dos dados de Schwartsman, deduz-se mais informação divertida. Enquanto esteve no cargo, Alckmin diminuiu o superávit primário do governo paulista. Luiz Inácio Lula da Silva aumentou o superávit em relação ao do governo de Fernando Henrique Cardoso. Superávit primário é a diferença entre a receita e a despesa do governo, desconsiderados os gastos com juros.
Decerto a receita federal sob Lula aumentou muito mais do que a receita estadual sob Alckmin (comparada a média, como proporção do PIB, de 2003-2005 com a de 1999-2002, o que elimina distorções circunstanciais e confronta dois mandatos diferentes). Mas parte do aumento de arrecadação de Lula, mais de um terço, virou superávit adicional. Sob Alckmin, a receita extra virou mais despesa mesmo. De resto, tanto Alckmin como Lula aumentaram seus gastos em ano de eleição.
A despesa extra pode ser destinada a investimento, em vez de gasto corrente (com manutenção da máquina pública e salários). Apesar de ainda ser despesa, é despesa de melhor qualidade. Alckmin vence Lula nesse quesito, embora a alta do investimento não explique todo o aumento de gastos tucano. Mas, enfim, houve "choque de gestão"? Para Schwartsman, Alckmin pode até ter sido mais eficaz no uso do dinheiro, mas isso não levou à redução da despesa total -pelo contrário. Se de fato houve mais eficiência, isso é bom. Mas, se o gasto aumenta, como cortar impostos, outra bandeira alckmista? . Matéria de Vinicius Torres Freire da (Folha de São Paulo para assinantes aqui)
Helena
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