Matéria da própria “Folha de S. Paulo”, da última terça-feira, traz novos elementos que reforçam ainda mais a veracidade das denúncias feitas pelos donos da Planam, Luiz Antônio e Darci Vedoin, na edição da revista “IstoÉ”, do final de semana passado, sobre a “efetiva participação dos ex-ministros da Saúde, José Serra e Barjas Negri”, no esquema da venda de ambulâncias superfaturadas por meio da empresa mato-grossense, que liderava a quadrilha conhecida como “sanguessugas”.
ABEL/BARJAS
Os donos da Planam afirmaram que “o Barjas Negri é o braço direito do José Serra”. “Nosso esquema já funcionava no Ministério. Quando o Serra saiu, o Barjas assumiu o Ministério e foi indicado o Abel para continuar a operar”. Abel Pereira é um empresário do ramo da construção civil que atua, principalmente, na cidade de Piracicaba, cidade administrada atualmente por Barjas Negri. As empresas da família de Pereira - Construtora e Pavimentadora Cicat Ltda., Construtora e Pavimentadora Concivi Ltda. e Cicat Construção Civil e Pavimentadora Ltda - levaram “licitações para executar ao menos 37 obras orçadas, no total, em R$ 10,4 milhões para a prefeitura de Piracicaba em 2005 e 2006 e doaram R$ 45 mil, em 2004, para a campanha que levou Barjas Negri (PSDB) ao cargo de prefeito”.
Além disso, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/SP) multou Barjas Negri em 25 de novembro de 2005, por não ter tomado providências contra um contrato irregular assinado entre a empresa Concivi e a Prefeitura meses antes do tucano assumir a prefeitura. O contrato, no valor de quase R$ 800 mil, foi firmado no mês de outubro de 2003 para “obras e reforma do sistema viário e remodelações de dispositivos na Rua Pereira Leite”. O TCE investiga ainda cinco contratos firmados entre a prefeitura e as empresas de Pereira, entre os anos de 2005 e 2006, por possíveis irregularidades.
Segundo os Vedoin, o papel de Abel Pereira no esquema consistia em agilizar a liberação de recursos do Ministério da Saúde para a compra das ambulâncias superfaturadas e receber cheques ou indicar contas para receberem depósitos referentes à propina. “Nos documentos bancários aos quais ISTOÉ teve acesso há cópias de pelo menos 15 cheques emitidos pela Klass, uma das empresas dos Vedoin, que teriam sido entregues ao próprio Abel. ‘Os cheques estão ao portador, mas foram entregues nas mãos dele”, acusa Darci. No total, esses cheques somam R$ 601,2 mil. Um deles, o de número 850182, datado de 30 de dezembro de 2002, tem o valor de R$ 87,2 mil. No mesmo dia, há outros sete cheques, seis deles são de R$ 30 mil e recebem os números de 850183 a 850188. O cheque 850181, também de 30 de dezembro de 2002, tem o valor de R$ 45 mil. ‘Depois que eles perderam a eleição, o Abel me procurou e passamos a fazer muitas liberações’, diz Darci”, destaca a revista.
OPERADOR
“O Abel falava em nome do ministro Barjas e se tornou o nosso principal operador no Ministério da Saúde a partir do segundo semestre de 2002”, afirma Luiz Antônio Vedoin. A denúncia dos Vedoin, somado aos contratos de Abel com a prefeitura de Piracicaba, demonstram que, no mínimo, ambos possuem uma relação próxima, afinal, não é todo dia que uma construtora recebe 37 contratos para executar obras de uma prefeitura.
Outra denúncia trazida pela revista “IstoÉ” é de que Abel indicou uma pessoa de nome Valdizete Martins Nogueira, para receber um depósito de R$ 7 mil feito na agência 3325-1 do Banco do Brasil em Jaciara, no interior mato-grossense. Segundo a Folha, trata-se do ex-prefeito da cidade, que, na última terça-feira, confirmou ter recebido o depósito dos Vedoin, mas disse não se lembrar exatamente o motivo de tal dinheiro ir parar em sua conta.
REUNIÃO
Os donos da Planam entregaram também um relatório das ambulâncias superfaturadas fornecidas pela empresa entre 2000 e 2004. “A Planam comercializou 891 ambulâncias. Dessas, 681, mais de 70%, foram negociadas até o final de 2002, quando Barjas Negri deixou o Ministério da Saúde, após substituir José Serra, que disputara a eleição presidencial”, afirma o texto.
Questionados pelo repórter Mário Simas Filho, se eles estiveram reunidos pessoalmente com o ex-ministro José Serra, Darci respondeu que sim, “em dois eventos no Mato Grosso”. “Um na capital e outro em Sinop”, completou. Mário Simas insistiu: “O ministro sabia que nos bastidores daqueles eventos havia um esquema de propinas?”. Desta vez, o filho, Luiz Antônio, respondeu: “Era nítido a todos”.
“Quando o Serra era ministro, foi o melhor período para nós. As coisas saíam muito rápido”, afirmou Darci Vedoin à revista, complementando que “a confiança de pagamento naquela época era tão grande que nós chegamos a entregar cento e tantos carros somente com o empenho do Ministério da Saúde, antes de o dinheiro ser liberado. Isso acontecia no País inteiro. Sempre quando se tratava de parlamentares das bancadas ligadas ao governo”.
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