Lula não foi ao debate da Bandeirantes, não precisava mesmo. Se for, não ganha votos. Se deixar de ir, não perde nada. Lula é inatingível.
O ex-governador Geraldo Alckmin contou a alguns repórteres amestrados uma conversa que teria tido com o presidente da França a respeito da credibilidade das pesquisas. Ninguém ouviu, não se sabe onde conversaram, mas Alckmin se encarregou de transmitir o que supostamente Jacques Chirac teria dito: "Se eu fosse acreditar em pesquisas teria perdido todas as eleições".
Se Chirac disse isso a Alckmin estava querendo ser simpático, coisa que reconhecidamente não é, principalmente na França. Em 1988, sua primeira eleição presidencial, Chirac enfrentou Mitterrand, todas as estimativas eram de que perderia. E perdeu mesmo.
2 anos antes havia ganho a eleição para prefeito de Paris. Até essa data o prefeito era nomeado, inesperadamente marcaram a reviravolta. Mitterrand, que estava no Poder desde 1981 (quando ganhou de Giscard D'Estaing, que era presidente, ele, oposição), não se interessou, Chirac foi praticamente candidato único a prefeito. As pesquisas disseram que ganharia, como perder? Portanto fez apenas "agrados" a Alckmin. Em 1995, atingido por um câncer fulminante, Mitterrand não pôde concorrer, Chirac não pôde perder, ganhou sua primeira presidência.
Pouco tempo depois, Londres também elegia o prefeito pela primeira vez. O Partido Trabalhista de Tony Blair sabia que o candidato mais forte seria o comunista Livingstone ("Red Liv") intimíssimo amigo do primeiro-ministro. Mas o primeiro-ministro, com medo da liderança do amigo, vetou seu nome. Como na Inglaterra existe o voto independente, sem partido, "Red Liv" ganhou, sacramentado pelas pesquisas.
De Hélio Fernandes/Tribuna da Imprensa
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