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quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Sem adversários, Lula só pode perder para ele mesmo


Lula não foi ao debate da Bandeirantes, não precisava mesmo. Se for, não ganha votos. Se deixar de ir, não perde nada. Lula é inatingível.


O ex-governador Geraldo Alckmin contou a alguns repórteres amestrados uma conversa que teria tido com o presidente da França a respeito da credibilidade das pesquisas. Ninguém ouviu, não se sabe onde conversaram, mas Alckmin se encarregou de transmitir o que supostamente Jacques Chirac teria dito: "Se eu fosse acreditar em pesquisas teria perdido todas as eleições".

Se Chirac disse isso a Alckmin estava querendo ser simpático, coisa que reconhecidamente não é, principalmente na França. Em 1988, sua primeira eleição presidencial, Chirac enfrentou Mitterrand, todas as estimativas eram de que perderia. E perdeu mesmo.

2 anos antes havia ganho a eleição para prefeito de Paris. Até essa data o prefeito era nomeado, inesperadamente marcaram a reviravolta. Mitterrand, que estava no Poder desde 1981 (quando ganhou de Giscard D'Estaing, que era presidente, ele, oposição), não se interessou, Chirac foi praticamente candidato único a prefeito. As pesquisas disseram que ganharia, como perder? Portanto fez apenas "agrados" a Alckmin. Em 1995, atingido por um câncer fulminante, Mitterrand não pôde concorrer, Chirac não pôde perder, ganhou sua primeira presidência.

Pouco tempo depois, Londres também elegia o prefeito pela primeira vez. O Partido Trabalhista de Tony Blair sabia que o candidato mais forte seria o comunista Livingstone ("Red Liv") intimíssimo amigo do primeiro-ministro. Mas o primeiro-ministro, com medo da liderança do amigo, vetou seu nome. Como na Inglaterra existe o voto independente, sem partido, "Red Liv" ganhou, sacramentado pelas pesquisas.

De Hélio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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