O PT afirmou ontem que a escuta telefônica na qual diz que um preso é flagrado ordenando ataques a políticos, poupando apenas os do partido, é uma armação arquitetada pelo secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho. Na edição de ontem, a Folha revelou que a polícia, com base na escuta e por determinação de Saulo, abriu inquérito recentemente para investigar se existe ligação entre presidiários do PCC e militantes do PT. O número do inquérito e a data em que foi aberto não foram informados à Folha.
A acusação de armação eleitoral foi feita pelos presidentes nacional e estadual do partido, respectivamente, Ricardo Berzoini e Paulo Frateschi."Tenho a mais absoluta convicção de que se trata de uma armação. Desconfio que o secretário da Segurança Pública está por trás dessa armação, até porque quem participou da "Operação Castelinho" já tem antecedentes", disse Berzoini, referindo-se a uma ação policial na qual o governo paulista é acusado de ter preparado uma emboscada para matar 12 membros do PCC.
Em nota oficial, Frateschi diz que o PT não tem nenhuma ligação com a facção criminosa e afirma: "trata-se de uma manobra eleitoreira, com objetivo claro de impor desgaste ao PT".O dirigente do partido no Estado falou que é uma "arapuca" e disse que a Folha, "preferiu tomar parte do plano arquitetado por Saulo".
Em telefonema ao jornal, Frateschi disse que tudo não passa de picaretagem, disse ainda que vai processar o jornal folha e afirmou que a reportagem saiu apenas em razão da subida de Lula nas pesquisas para a Presidência.
A Secretaria da Segurança Pública enviou carta à Folha dizendo que é falsa a informação da Folha de SP, de que investiga se há ligação entre presidiários do PCC e petistas. Na nota, a assessoria diz ainda que Saulo não recebeu gravações nenhuma
A nota é assinada pelo assessor de imprensa Enio Lucciola, o mesmo que anteontem, segundo a folha, disse ao jornal, que o Deic [delegacia que investiga o crime organizado] aguarda autorização judicial para usar a gravação em inquérito policial já em andamento.
O PT deve pedir cópia da fita e perícia. "Fita como essa pode ser produzida por qualquer pessoa mal intencionada. O simples fato de o inquérito ser instaurado agora demonstra interesse eleitoral", disse Berzoini. Lula não comentou o assunto publicamente ontem. O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, disse que o caso " é assunto da polícia". "Cabe à polícia investigar e ver o que está por trás disso." Já o tucano José Serra, candidato ao governo, disse que a "reportagem é auto-explicativa". "É só ler. São os petistas que precisam se explicar. Não tenho nada para dizer."
O senador Aloizio Mercadante (PT), que disputa o governo, chamou ontem de "factóide" o inquérito policial. "Eu estranho. Se é um episódio de maio, por que só agora? Pelo que li, um episódio de maio, por que não foi investigado com rigor? Por que deixar para um mês [antes] da eleição, o que me parece um factóide?
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