A temperatura da campanha para o governo do Estado no Rio Grande do Norte esquenta a cada pesquisa. O instituto Consult mostrou, no sábado 5, pela rádio 96FM que a diferença entre os dois principais candidatos, o senador Garibaldi Alves (PMDB) e a governadora Vilma Faria (PSB), caiu e muito. A vantagem de 23,66% de Garibaldi (apuradas pela Certus/Tribuna do Norte no fim de maio) minguaram para 6,77% no início de agosto. Mas não são só os números que preocupam Garibaldi. O desvio de R$ 9,3 milhões do programa do leite, um escândalo que marcou seu segundo governo (1999 a 2003), volta às manchetes dos jornais locais depois que a Justiça bloqueou os bens de ex-secretários e colaboradores envolvidos na maracutaia.
O poderoso relator da CPI dos Bingos vive, no auge da campanha, o triste dilema de passar de pedra à vidraça. Ele garante que nada tem a ver com as irregularidades apuradas por uma CPI e pelo Ministério Público. Que não figura na ação que corre na 5ª Vara Criminal em Natal contra seus ex-secretários e tampouco figura na ação civil pública que também corre na Justiça potiguar.
De fato. Por ter foro criminal privilegiado é que o relatório final dos promotores estaduais seguiu para a Procuradoria Geral da República. O documento registra, com autorização judicial, conversas telefônicas que colocaram na berlinda Garibaldi e o irmão Paulo Roberto Alves, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Em um dos diálogos interceptados, o senador diz ao ex-secretário da Ação Social Tertuliano Pinheiro que os “promotores precisam de uma lição”.
Foram interceptadas ainda inúmeras ligações de Paulo Roberto para José Mariano, presidente da cooperativa que distribuía o leite. Em uma delas, Mariano advertiu: “Todos estão comprometidos, eu não vou só.” Os promotores Rinaldo Reis, Afonso de Ligório, Giovanni Diógenes e Jean Polaeck, no relatório final da “escuta do leite” lançaram dúvidas quanto ao comportamento de Garibaldi e do irmão conselheiro: “É realmente intrigante constatar, pelas gravações telefônicas, a quantidade de reuniões que o senador e o conselheiro participam com os denunciados, em especial José Mariano Neto, para tratar da contratação de advogado e de estratégia de defesa.”
E são mais duros ao atestarem: “As interceptações telefônicas revelaram um inusitado interesse por parte das pessoas do senador Garibaldi Alves Filho e do Conselheiro Paulo Roberto no acompanhamento da defesa dos denunciados, em especial de José Mariano. Não custa lembrar que este foi denunciado como beneficiário do desvio de mais de R$ 9 milhões do dinheiro público na época em que o senador e o conselheiro, na qualidade de servidores públicos que são, ao invés de perseguirem o desvendamento do caso e a devolução dos recursos aos cofres públicos, na realidade demonstrem imenso interesse em bem aparelhar a defesa de um dos denunciados (José Mariano) chegando ao ponto de se dispor a custear uma parcela dos honorários advocatícios cobrados pelo advogado do réu”. O relatório está nas mãos do Ministério Público Federal em Brasília desde 2004. Enquanto isso, o senador continua sua campanha sob a sombra do escândalo do leite.
Helena
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