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terça-feira, 15 de agosto de 2006

Al-Qaeda paulista


Quem viu a leitura da mensagem do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas telas da mais importante rede de televisão brasileira obrigou-se a fazer associações inevitáveis. Pelas circunstâncias de ter um repórter seqüestrado sob o risco de perder a vida, a TV Globo pôs no ar vídeo do PCC no qual um homem encapuzado lê um texto em nome da facção criminosa.

Denuncia as condições subumanas das prisões e reivindica mudanças no sistema carcerário. O documento constitui plágio de parecer preparado pelo Centro Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que considera inconstitucional o Regime Disciplinar Diferenciado. O RDD impõe condições duras a bandidos julgados perigosos, capazes de contaminar o contingente de encarcerados.

O episódio imita estratégia da Al-Qaeda popularizada depois dos atentados de 2001 a Nova York e Washington. Envia fitas e exige sejam divulgadas. Mas o PCC não deve ser visto como grupo terrorista. Seus líderes copiam métodos do terror para desmoralizar o Estado e as instituições. As cabeças do PCC se encontram dentro dos presídios. O governo não conseguiu isolá-las nem teve coragem de mandá-las para Catanduvas.

Com o gesto ousado, os atos da facção atingem novo patamar. Os bandidos tentam mudar a imagem do grupo e, com isso, ter a liderança dos presídios. Não hesitaram em eliminar o rival, Cesar Augusto Roriz de Camargo, fundador do PCC expulso em novembro de 2002 e jurado de morte. A sentença se concretizou na manhã de domingo na penitenciária de segurança máxima de Avaré.

A ação do fim de semana dá provas de que o Estado de São Paulo faliu. Falta-lhe competência para combater o crime. Há 13 anos, o governo PSDB e PFL não consegue retomar o comando das prisões. De lá os tentáculos da delinqüência ampliam o alcance. Matam policiais e carcereiros. Atacam bancos e incendeiam ônibus. Antes, assassinaram um juiz corregedor para mostrar um cadáver excelente.

Em todas as ocasiões, puseram o as instituições de joelhos. As ordens partem de dentro dos presídios paulista. Autoridades e advogados aliam-se a bandidos e com eles se confundem. Dia após dia, dão demonstrações de organização eficaz e amplo poder. Mantido o quadro, conquistar assentos no Congresso e na Esplanada será questão de tempo. É assustador.

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