Depois de quase um ano em liberdade provisória, Norberto Mânica, 48 anos, um dos maiores produtores de feijão do país, voltou a ser preso. O fazendeiro, que é irmão do prefeito de Unaí, Antério Mânica (PSDB), foi detido, na manhã de ontem, no prédio da Superintendência da Polícia Federal de Brasília quando prestava esclarecimentos à polícia. A prisão preventiva foi pedida pelo juiz da 9ª Vara Federal de Minas Gerais, Francisco de Assis Betti, no dia 13 de julho, sob o argumento de que o fazendeiro estaria atrapalhando as investigações do assassinato de fiscais do trabalho em Unaí (MG), ocorrido em janeiro de 2004.
No pedido de prisão, o MPF alegou também que, nos últimos 15 dias, foram investigados indícios de que o fazendeiro estava preparando uma fuga. A viúva de um dos fiscais ainda procurou o órgão para avisar que foi ameaçada recentemente. “Comprovamos que o Norberto Mânica está transferindo amplos e ilimitados poderes para um terceiro gerenciar e administrar todos os seus bens por meio de procuração de cartório. Isso acontece quando alguém pretende se matar ou fugir. A nossa conclusão é que ele planejava fugir. A presunção é de que iria para o exterior”, afirmou ontem a procuradora federal Miriam Moreira Lima. Com esta prisão, agora apenas um dos acusados de envolvimento no crime está solto, o prefeito Antério Mânica. O processo contra ele tramita separado devido ao foro privilegiado.
Ontem, logo depois de receber voz de prisão, Mânica foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito e já no início da tarde estava de volta à Superintendência da PF, onde passou a noite. Mânica, que foi preso meses depois do crime e solto em agosto do ano passado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é acusado de obstruir a Justiça e atrapalhar a instrução criminal. O Ministério Público levantou provas de que o fazendeiro vinha pressionando e tentando subornar testemunhas do processo.
Memória
Repercussão nacional
O assassinato de quatro funcionários do Ministério do Trabalho em Unaí, cidade a 200km do Distrito Federal, em 28 de janeiro de 2004, chocou o país. Os auditores-fiscais Nelson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida foram mortos a tiros por pistoleiros contratados em Formosa (GO). O crime teve repercussão nacional e causou reações indignadas de ministros e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou empenho na solução do caso. As polícias Federal e Civil de Minas Gerais levaram seis meses para prender os primeiros envolvidos. Nove homens foram detidos. Quatro são pistoleiros. Outros dois seriam responsáveis pela contratação dos matadores. As características do assassinato levaram a polícia a suspeitar que os auditores foram executados por causa do trabalho que vinham realizando. Eles investigavam denúncias de irregularidades trabalhistas no município mineiro.
Helena
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