Ronivon Santiago foi eleito pelo Acre, mas preferia apresentar emendas sugeridas pela Planam para licitação de ambulâncias em outros estados. "Ronivon não tinha interesse no Acre, lá a maioria dos prefeitos era ligada ao PT, do governador Jorge Viana, não tinha como por o plano em ação no Acre", disse Luiz Antônio Vedoin ontem em mais um depoimento.
O escândalo dos políticos sanguessugas não esgota sua capacidade de surpreender o país. A última novidade é o “deputado de aluguel”. Em seu depoimento à Justiça, o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam e chefe do esquema, contou como o ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC), na prática, colocou o seu mandato a serviço da máfia das ambulâncias. Isolado politicamente e ameaçado de perder o mandato desde 2002, por ter comprado votos por R$ 100, o então parlamentar “esqueceu” sua base eleitoral e apresentou emendas para municípios de outros estados indicados pelos líderes do grupo Planam. As emendas que apresentou para Pernambuco, Mato Grosso e Minas foram bem executadas, enquanto nenhum município do Acre foi beneficiado. Só o Hospital Bom Samaritano, de Governador Valadares (MG), foi beneficiado com cinco emendas no valor de R$ 2 milhões.
No depoimento à Justiça Federal, Luiz Antônio afirmou ter acertado o pagamento de uma comissão de 10% sobre o valor das emendas de Ronivon para a área de saúde. Mas o então deputado não tinha interesses políticos no Acre. Segundo afirmou o empresário, a grande maioria dos prefeitos era ligada ao PT, do governador Jorge Viana e por esse motivo não dava para Ronivon por em pratica o esquema no Acre. O parlamentar optou, então, por apresentar emendas para outros estados. Em 2004, relatou o dono da Planam, ele apresentou emendas para aquisição de equipamentos médicos em três cidades do Mato Grosso: Pontes e Lacerda, Nova Marilândia e Jaciara, no valor total de R$ 800 mil. Os prefeitos das duas últimas “receberam comissão”, pagas pelo empresário Ronildo Medeiros, afirmou o líder da máfia.
Chama a atenção outra emenda do deputado acreano no ano de 2001, no valor de R$ 200 mil, para a construção de garagem do edifício-sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.É bom lembrar que no ano o Miguel Reale Júnior, era ministro da Justiça do governo FHC e comandava a PF. A obra foi executada, a um custo de R$ 229 mil. Depois de ser preso no Acre, quando foi deflagrada a Operação Sanguessuga, o ex-deputado teve uma rápida passagem pelas celas da superintendência, no Setor Policial Sul, mas logo foi transferido para a superintendência do Mato Grosso, junto com os demais integrantes da quadrilha. Na garagem construída com recursos da sua emenda ficam estacionados os carros utilizados para o transporte dos acusados de fraudar licitações.
O número
R$ 2 milhões
Foi o valor de cinco emendas do parlamentar para o Hospital Bom Samaritano, em Governador Valadares (MG)
O número
R$ 200 mil
Foram destinados por Ronivon para a construção de garagem do edifício-sede da Superintendência da PF em Brasília, onde esteve preso
Cassado por comprar votos
O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) teve sua candidatura cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre em julho de 2004, um ano e meio após ser acusado pelo Ministério Público de comprar votos na eleição de outubro de 2002. Mas ele continuou exercendo o mandato por mais um ano, garantido por seguidos recursos à Justiça. Eleito com 15,6 mil votos, Ronivon foi denunciado por praticar crime eleitoral e foi ouvido pela Polícia Federal no Acre. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque ele estava no exercício do mandato. A acusação apontava o nome de mais três suspeitos, entre eles o também deputado estadual Elson Santiago (PMN-AC), eleito no mesmo ano.
Em 1997, o jornal Folha de S. Paulo publicou que ele havia recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que permitiria a reeleição do presidente da República, na época, Fernando Henrique Cardoso. O deputado renunciou diante da possibilidade de cassação do mandato. Ele apontou o então governador do Acre Orleir Cameli como sendo o comprador de seu favor. Essa conversa foi relatada a um amigo e gravada em fita cassete. (leia aqui )
Helena
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