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quarta-feira, 26 de julho de 2006

Deputado de aluguel


Ronivon Santiago foi eleito pelo Acre, mas preferia apresentar emendas sugeridas pela Planam para licitação de ambulâncias em outros estados. "Ronivon não tinha interesse no Acre, lá a maioria dos prefeitos era ligada ao PT, do governador Jorge Viana, não tinha como por o plano em ação no Acre", disse Luiz Antônio Vedoin ontem em mais um depoimento.

O escândalo dos políticos sanguessugas não esgota sua capacidade de surpreender o país. A última novidade é o “deputado de aluguel”. Em seu depoimento à Justiça, o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam e chefe do esquema, contou como o ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC), na prática, colocou o seu mandato a serviço da máfia das ambulâncias. Isolado politicamente e ameaçado de perder o mandato desde 2002, por ter comprado votos por R$ 100, o então parlamentar “esqueceu” sua base eleitoral e apresentou emendas para municípios de outros estados indicados pelos líderes do grupo Planam. As emendas que apresentou para Pernambuco, Mato Grosso e Minas foram bem executadas, enquanto nenhum município do Acre foi beneficiado. Só o Hospital Bom Samaritano, de Governador Valadares (MG), foi beneficiado com cinco emendas no valor de R$ 2 milhões.

No depoimento à Justiça Federal, Luiz Antônio afirmou ter acertado o pagamento de uma comissão de 10% sobre o valor das emendas de Ronivon para a área de saúde. Mas o então deputado não tinha interesses políticos no Acre. Segundo afirmou o empresário, a grande maioria dos prefeitos era ligada ao PT, do governador Jorge Viana e por esse motivo não dava para Ronivon por em pratica o esquema no Acre. O parlamentar optou, então, por apresentar emendas para outros estados. Em 2004, relatou o dono da Planam, ele apresentou emendas para aquisição de equipamentos médicos em três cidades do Mato Grosso: Pontes e Lacerda, Nova Marilândia e Jaciara, no valor total de R$ 800 mil. Os prefeitos das duas últimas “receberam comissão”, pagas pelo empresário Ronildo Medeiros, afirmou o líder da máfia.

Chama a atenção outra emenda do deputado acreano no ano de 2001, no valor de R$ 200 mil, para a construção de garagem do edifício-sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.É bom lembrar que no ano o Miguel Reale Júnior, era ministro da Justiça do governo FHC e comandava a PF. A obra foi executada, a um custo de R$ 229 mil. Depois de ser preso no Acre, quando foi deflagrada a Operação Sanguessuga, o ex-deputado teve uma rápida passagem pelas celas da superintendência, no Setor Policial Sul, mas logo foi transferido para a superintendência do Mato Grosso, junto com os demais integrantes da quadrilha. Na garagem construída com recursos da sua emenda ficam estacionados os carros utilizados para o transporte dos acusados de fraudar licitações.

O número
R$ 2 milhões
Foi o valor de cinco emendas do parlamentar para o Hospital Bom Samaritano, em Governador Valadares (MG)

O número
R$ 200 mil
Foram destinados por Ronivon para a construção de garagem do edifício-sede da Superintendência da PF em Brasília, onde esteve preso

Cassado por comprar votos

O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) teve sua candidatura cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre em julho de 2004, um ano e meio após ser acusado pelo Ministério Público de comprar votos na eleição de outubro de 2002. Mas ele continuou exercendo o mandato por mais um ano, garantido por seguidos recursos à Justiça. Eleito com 15,6 mil votos, Ronivon foi denunciado por praticar crime eleitoral e foi ouvido pela Polícia Federal no Acre. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque ele estava no exercício do mandato. A acusação apontava o nome de mais três suspeitos, entre eles o também deputado estadual Elson Santiago (PMN-AC), eleito no mesmo ano.

Em 1997, o jornal Folha de S. Paulo publicou que ele havia recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que permitiria a reeleição do presidente da República, na época, Fernando Henrique Cardoso. O deputado renunciou diante da possibilidade de cassação do mandato. Ele apontou o então governador do Acre Orleir Cameli como sendo o comprador de seu favor. Essa conversa foi relatada a um amigo e gravada em fita cassete. (leia aqui )


Helena

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