Há algo de errado com os pauteiros dos grandes veículos nacionais de comunicação. A revista Isto É circula, desde o final da semana passada, com uma matéria que deveria ser repercutida com o mesmo alarde que cerca os mensalões, sanguessugas e outros escândalos. Ao contrário, porém, o escândalo levantado pela revista permanece circunscrito ao que ali está.
Novidade mesmo na denúncia da revista apenas os nomes das pessoas envolvidas e a sigla partidária: respectivamente Eduardo Jorge, ex-secretário da presidência da República na gestão Fernando Henrique Cardoso, e o PSDB. Ou seja, este caso não envolve petistas nem o PT. É apenas isto que o difere dos outros, porque, de resto, mais uma vez nos vemos diante de práticas aparentemente delituosas por um agente público para fechar equação relacionada a uma operação eleitoral.
Conto rapidamente a história: Eduardo Jorge, um dos coordenadores da campanha de Geraldo Alckmin, é acusado por uma força-tarefa da Receita Federal de criar empresas laranjas e emitir notas frias para arrecadar dinheiro junto a fornecedores do antigo DNER para campanha à reeleição do tucano Fernando Henrique Cardoso em 1998. O caso é um pouco mais complexo e está relatado na matéria, inclusive com a documentação anexada a processo que corre na Justiça Federal, em Brasília.
O que estranha é que a história não esteja contada e repercutida em nenhum grande jornal desde quando começou a circular através da revista, o que foge ao padrão da cobertura nacional em torno da interminável crise política iniciada com o mensalão. As agências noticiosas, idem, silenciam.
Neste último ano e meio, qualquer denúncia tem sido logo reproduzida, muitas vezes até ampliada, inclusive aquelas que já aparecem carimbadas pelo interesse partidário. Dois exemplos de que me lembro: As caixas com dinheiro de Cuba e as acusações do condenado Toninho da Barcelona contra o PT.
Situações que até poderiam ser investigadas, mas que acabaram publicadas pela Veja e ganharam destaque imediato em todos os grandes jornais e agências de notícias.
É errado, até, comparar estas situações com o caso que envolve Eduardo Jorge, resultado de uma longa investigação, com denúncia à justiça e tudo, mas funciona como demonstrativo de que algo está equivocado no funcionamento da pauta jornalística nacional.
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