O governo de São Paulo privatizou ontem a Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). O controle foi arrematado pela colombiana ISA1 (Interconexión Eléctrica S.A.), que ofertou R$ 1,193 bilhão pela empresa durante leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo.O lance equivale a ágio de 57,89% sobre o preço mínimo estabelecido para a venda da Cteep, de R$ 755,6 milhões.
O objetivo do governo é usar os recursos para diminuir o rombo de caixa da Cesp (Companhia de Energética de São Paulo), cujas dívidas somam mais de R$ 10 bilhões.
Em abril do ano passado, a Folha revelou que o governo de São Paulo tinha planos de vender a Cteep e, dessa forma, injetar até R$ 1 bilhão na Cesp. À ocasião, o então secretário de Fazenda estadual, Eduardo Guardia, contestou a informação. "O Estado não pretende vender as ações da Cteep.
No leilão de ontem, foram vendidas 31.341.890.064 ações ordinárias da Cteep em poder do governo de São Paulo, por meio de um bloco único. O número corresponde a 50,1% dos papéis com direito a voto pertencentes ao Estado, ou a 21% do capital total da empresa.Mauro Arce confirmou que a Cesp será colocada à venda depois de saneada. "Ela nunca deixou de estar no programa de desestatização", disse o secretário. No início deste mês, a Cesp anunciou um plano para conseguir cerca de R$ 5 bilhões em operações de mercado.
Seis participantes, inclusive a Interconexión, estavam habilitadas para o leilão. Mas houve só dois lances: o do vencedor, coordenado pelo Bradesco, e o do grupo Terna, sediado na Itália, no valor de R$ 1,06 bilhão. Os demais credenciados -Alusa Engenharia, Brascan Brasil, Makelle Participações, Pactual Transmissão e Investimentos- não disputaram.O diretor de estratégia corporativa internacional da Interconexión, Cesar Ramirez, informou que pretende pagar pela Cteep usando recursos próprios e oriundos do sistema financeiro. O executivo, porém, não detalhou quais seriam as possíveis fontes de financiamento nem o tamanho da fatia do aporte que virá efetivamente do caixa da Interconexión.
Especialistas do setor de energia ouvidos pela trabalham com a possibilidade de os colombianos se associarem a um grupo local em uma SPE (sociedade de propósito específico). Poderiam, assim, pedir dinheiro emprestado ao governo brasileiro para quitar o negócio, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A liquidação financeira está prevista para 19 de julho. Ramirez disse ainda que a Interconexión fará novos investimentos em linhas de transmissão no país. No futuro, complementou ele, a companhia tende a investir em transporte de gás.
De acordo com executivos do setor de energia, os brasileiros não participaram do leilão porque estão de olho na geração de energia, ou seja, na Cesp. Para eles, se o governo de São Paulo limpar o balanço da empresa, ela se torna atraente o bastante para trazer investidores pesos-pesados ao jogo -principalmente grandes empreiteiras.
Helena
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