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domingo, 4 de junho de 2006

Os Arquicanalhas


O tucanato está em festa: conseguiram, com a patacoada de um desclassificado histórico, empastelar a percepção de grande parte do eleitorado acerca do governo Lula. Patacoada essa até hoje sem uma única prova que a sustente. Mas a imprensa arquicanalha e antinacional, comandada pela quadrilha que já desgovernou essa nação, tratou de vender, desde o primeiro minuto, a "estória" do paspalhão desclassificado como verdade inconteste.

Após, sem perda de tempo, outras denúncias sem comprovação alguma pulularam a torto e à direita, uma após a outra, sem chance para defesa, esclarecimento ou compreensão por parte do eleitorado. Assim, a mixórdia transformada em prova e a desinformação em notícia ensejaram a barafunda graças a qual se deu a absurda multiplicação do real tamanho da presente crise.

Tal esforço difamatório, bem como o alinhamento tucano da grande imprensa, já está escancarado desde a plácida cobertura que foi concedida ao valerioduto nas Minas Gerais do então governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), atual senador da República e presidente nacional do PSDB até o dia 25 de outubro de 2005. Isso mesmo, já em 1998, 11 milhões de reais de Marcos Valério financiaram campanhas tucanas mineiras via caixa dois. Mas esse fato comprovado rapidamente os jornalões arquicanalhas e antinacionais transformaram em mera tentativa do PT de desviar a atenção das denúncias do pilantra collorido.

Esses jornalões, já fartamente enriquecidos por bilhões de reais em financiamentos do BNDES e anúncios oficiais durante o desgoverno de FHC, agora sem o mensalão dentro da lei, espancam Lula desde a posse pretendendo o retorno de seus financiadores ao poder ou a reabertura imediata da fonte a qualquer custo.

Quando o maior pasquim deste país entrou no negócio sujo, outros órgãos de imprensa já se enchiam de lama há muitos anos. Contudo coube ao novato plantar a atual patacoada. Depois que dois graduados funcionários se negaram a fazer o serviço fétido, uma jornalista foi enviada ao apartamento do paspalhão desclassificado com a missão de colher as palavras certas. No dia seguinte ao da divulgação da entrevista os outros parceiros de quadrilha se encarregariam de espernear para tornar verdade a versão do fanfarrão arquicorrupto. E assim foi feito, e tudo com o apoio logístico e ideológico tanto da eterna ojeriza arquicanalha aos compromissos social e popular daqueles que hoje estão no poder quanto do insuportável asco sem fim a governos que se proponham a colocar o dedo nos reais problemas da nação.

Nada de novo, os arquicanalhas protegem com voracidade seu bolo arquiconcentrado desde sempre, mas, devido aos bons resultados do governo Lula, atualmente essa preocupação beira a psicose. Carregam nas tintas de suas armas de papel impresso para esculhambar com o governo, e para isso fazem uso até da mentira, e dão nó em pingo d'água para minimizar, distorcer e até boicotar os sucessos da atual administração. E às vezes o nó é de marinheiro.

Mentem, minimizam, distorcem e boicotam. E os exemplos são fartos: o governo Lula promoveu, em 2004, o maior crescimento do PIB que esta nação viu em dez anos, atingiu em junho deste ano o maior saldo na balança comercial da história, reduziu a dívida externa, recuperou as reservas internacionais, reduziu a variação cambial, com o Microcrédito e o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) deu financiamento para milhões de brasileiros, gerou em média 104 mil empregos com carteira assinada por mês desde a posse, resultado esse 12 vezes maior que a média mensal da década de 90, deu para o salário mínimo 9,6% de aumento acima da inflação em 2005, reduziu, entre 2003 e 2004, a desigualdade pela primeira vez desde 1993 (Pnad 2004), livrou o país do monitoramento do FMI fato da maior importância histórica, e os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados têm a cara-de-pau de dizer que essa excelência é devida ao aprofundamento dos mesmíssimos mecanismos que quase fizeram o país vender as calças e hipotecar as cuecas durante o desgoverno tucano.

Em 31 de dezembro de 2002 existiam 18.493 cargos de livre provimento na administração federal, número apenas 3,6% menor que o total de cargos existentes hoje, dos quais somente 24% tiveram seus ocupantes legitimamente modificados pelo atual governo, mas os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados, aqueles que jamais gastaram uma gota de tinta para fazer esse questionamento ao desgoverno passado, agora acusam o elevado número de cargos comissionados de responsável pela corrupção e repetem como um mantra a tão martelada mentira descarada de aparelhamento do Estado pelo PT.

O ProUni, programa que já no ano passado colocou 112.275 jovens filhos de famílias carentes em universidades particulares, aplaudido programa de inclusão social, para os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados é privatização da universidade pública maquinada pelo PT. E essa mentira é vendida pelos mesmos que nunca noticiaram os bilhões de reais de dinheiro público que FHC deu de mão beijada para o ensino privado construir campus que mais parecem Shoppings Centers. Mas o pior de tudo é que há associações docentes e discentes que só lêem esses jornais e até hoje não ficaram sabendo que as vagas do ProUni foram criadas graças à isenção de impostos cujo pagamento sempre fora sonegado pelas mantenedoras do ensino privado.

O Fome Zero, programa que já atende doze milhões de famílias, maior programa de distribuição de renda e inclusão social do mundo, programa que aquece a economia e, portanto, contribui na geração de empregos, para os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados, além de ser fracassada esmola assistencialista, não merece divulgação, sob pena do eleitor ser informado de que Lula cumpre suas promessas. Mas, como a ordem é espancar até a última gota de sangue, quando um prefeito de uma cidadezinha inscreve indevidamente um familiar no Bolsa Família o céu desaba, mais parecendo que o dinheiro serviu para a Marisa comprar batom.

E o contubérnio arquicanalha e arquifinanciado também transformou em nada as Reformas da Previdência, do Judiciário e Tributária, as Leis de Falências, de Inovação, da Informática, de Patentes, dos Consórcios Públicos e sobre Crédito Imobiliário, o Estatuto do Desarmamento, os novos modelos do setor elétrico e de gestão de florestas públicas, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), as Parcerias Público-Privadas (PPPs), o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), as agências regulatórias e a Inclusão Bancária. Esses avanços, que os jornalões ou já fizeram cair em descrédito ou até hoje fingem desconhecer, naufragaram por diversas administrações e hoje são realidade.

A CPMI dos Correios, comissão parlamentar que tem o senador Delcídio Amaral (PT-MS) na presidência e o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) na relatoria, apuração limpa, que convoca todos os envolvidos nas acusações, que defere a quebra de todos os sigilos solicitados pela oposição, que expõe e investiga o governo como jamais um inquérito parlamentar liderado por governistas fez, para os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados é a mais pura balela chapa branca.

E quando o Datafolha, a CNT/Sensus e o Ibope indicam que a aprovação do atual governo continua alta, que o PT ainda é o partido predileto dos brasileiros e que Lula permanece forte para a reeleição, os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados, fantasiando-se de autistas perante as realizações do governo Lula, atribuem o insucesso do esforço difamatório à ignorância nacional.

E é claro que os nós de marinheiro em pingos d'água supracitados, e outros mais, todos já repetidos pelos arquicanalhas até a exaustão, já passaram a ser aceitos como verdade, tornado-se, além de regozijo, munição para aqueles que, por jamais engolirem o Lula lá, se comportam como verdadeiros papagaios dos jornais arquifinanciados, como se jornal fosse livro santo.

Mas os jornalões que agora fazem o céu desabar por tão pouco já aliviaram muita maracutaia grossa. Aliás, se a imprensa arquicanalha tivesse apresentado durante os dois mandatos de FHC, o vendilhão do patrimônio público, o mais antinacional presidente da história republicana brasileira, o sapo dos sociólogos que se diz príncipe, um milésimo do rigor que agora possui com o governo Lula, todo desgoverno passado estaria hoje nas celas de segurança máxima do presídio de Presidente Bernardes. Pois não foram poucos os escândalos e assaltos à mão armada e à luz do dia: gatunagem no Sivan, desvios na Sudene, rombo transamazônico na Sudam, a farra do Proer, os ralos do DNER, o caso Marka/Fontecindam, o calote no Fundef, multiplicação da dívida externa, carga tributária aumentada em quarenta por cento, cem bilhões de dólares em privatizações entupidas de irregularidades, eleitoreira valorização do real, crescimento pífio do PIB, multiplicação do desemprego, queda da renda do trabalhador, explosão da violência, sucateamento da universidade pública, condecoração de Fujimori com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, financiamentos espúrios do BNDES, a barbeiragem do apagão, elevação astronômica das tarifas públicas, intervenção na Previ, o escândalo da pasta rosa, o esquema do FAT, e, só para ficarmos com as delinqüências, barbeiragens, cambalachos, falcatruas e maracutaias mais famosas, duzentos mil reais para um punhado de deputados votar a favor da emenda constitucional que possibilitou a reeleição de FHC.

Isso é parte da herança, aliviada pelos jornalões, é claro, que Lula recebeu da escumalha PSDB e PFL, esses agora travestidos de honestos e patriotas vestais da moralidade. Mas ainda havia o abacaxi da política externa, mas essa herança felizmente a atual administração já superou. O Itamaraty do governo Lula, sob o comando do chanceler Celso Amorim e do secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães, diplomata da mais alta qualidade que foi demitido do Instituto de Políticas de Relações Internacionais durante o desgoverno anterior por ter tido a coragem de denunciar o subserviente alinhamento do tucanato aos norte-americanos, em pouco mais de três anos, desmontou a Alca, ocupou papel de liderança na OEA, rasgou o acordo secreto de FHC e Clinton que previa a construção da base norte-americana de Alcântara, no Maranhão, esvaziou, com a criação do Grupo de Amigos da Venezuela, toda a articulação norte-americana para derrubar Hugo Cháves, não votou com os EUA na ONU, ganhou na OMC, fortaleceu as relações do Brasil tanto com a América Latina como com a Europa, Ásia e África, propôs, para desespero dos norte-americanos, a unidade latino-americana, anseio hoje fortalecido pela vitória já consolidada da esquerda no Uruguai, Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile, e nomeou embaixador do Brasil em Londres, contrariando fortes pressões de Washington, o diplomata José Maurício Bustani, retirado em 2002 pelos norte-americanos do cargo de diretor-geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), numa manobra de preparação para a invasão do Iraque. E isso sem um piu do então desgoverno brasileiro.

A insatisfação dos EUA com a política externa do governo Lula é tamanha que em 2004 a então embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak, teve que ser substituída por John Danilovich por engrossar publicamente com o governo brasileiro em declarações feitas para a imprensa de seu país. Em visita ao Brasil, no final de março de 2005, o secretário da Defesa Donald Runsfeld cobrou publicamente de Lula, dentro do Planalto, um posicionamento mais duro contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o congelamento das relações com Caracas devido à aquisição, pela Venezuela, de 100.000 fuzis AK-47 russos. Lula manteve a tradição diplomática brasileira de respeito à soberania nacional, isto é, não ingerência em assuntos de outros países. Não o atendeu. No início de maio de 2005, Condoleezza Rice visitou nossa nação trazendo uma exigência de George Bush: uma cadeira cativa de observador na Cúpula América do Sul-Países Árabes. Recebeu um não redondo de Lula. Os bons contatos de FHC têm motivos mais do que suficientes para preferirem no poder a quadrilha entreguista e antinacional que já desgovernou esta nação à vigência da administração Lulista. Os norte-americanos também não engoliram o Lula lá.

Mas o que anda fazendo FHC? Os jornalões arquicanalhas e arquifinanciados apenas noticiam que o vendilhão está por aí fazendo conferências e sendo ovacionado pelo belo trabalho que realizou quando presidente, pois as reais atuações do sapo dos sociólogos são impublicáveis. No dia 23 de fevereiro de 2005, FHC discursou no Centro John W. Kluge da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e pronunciou a sórdida pérola: "Sempre admirei pessoas que combinam teoria e prática. Henry Kissinger é um homem de elevado intelecto. E, inegavelmente, é um homem de ação. É um raro tipo de homem que pode, com sucesso, traduzir o pensamento estratégico em políticas públicas e medidas concretas. Sua grandiosa e importante produção acadêmica só encontra paralelo em sua contribuição para a formulação da política externa dos Estados Unidos, assim ajudando a mudar o mundo em que vivemos, especialmente nos anos 70. É, portanto, um grande prazer para mim ser um conferencista, nesta noite, no programa Henry Kissinger de palestras sobre política externa e relações internacionais". No site do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC) a palestra pode ser lida, em inglês, na íntegra ( www.ifhc.org.br/theneed.htm ). Ao assumir o microfone, FHC agradeceu a presença de Kissinger qualificando-o como "um velho amigo meu e de todos vocês". Tais palavras não estão disponíveis no site do IFHC, mas podem ser lidas e escutadas no endereço do Centro John W. Kluge ( www.loc.gov/loc/kluge/kluge-cardoso.html). O "velho amigo" foi o responsável pelas matanças no Vietnã, Laos e Camboja nos anos da Guerra Fria e teme sair dos Estados Unidos, tantas são as acusações e pedidos de extradição para ser julgado como criminoso de guerra. Só isso já seria o bastante para qualquer brasileiro se sentir envergonhado de seu ex-presidente. Mas a coisa fica ainda mais fétida quando se recorda que, durante a ditadura militar, FHC recorreu ao Chile de Salvador Allende em busca de asilo. Sabe-se que foi bem recebido. E quem foi o mentor do golpe desferido em 1973 por Augusto Pinochet que resultou no assassinato de Allende? Ora, ninguém menos que o "velho amigo" Kissinger hoje adulado. São de conhecimento público as estreitas e antigas relações de FHC com o governo norte-americano, mas esse episódio apenas abre a tampa do bueiro onde o tucanato se banha. No Financial Times de 25 de fevereiro de 2005 foi noticiado que FHC participa de um grupo de monitoramento da situação política da América Latina ( http://news.ft.com/cms/s/fc4e1daa-86d1-11d9-8075-00000e2511c8.html), com Carla Hils, mulher de confiança da família Bush e uma das principais negociadoras do Nafta. O grupo do qual nosso ex-presidente participou, com sede em Washington, encaminhou um relatório à Casa Branca pedindo uma "presença maior dos EUA no hemisfério".

Tudo bem, toda a torcida do Corinthians já sabia da histórica promiscuidade existente entre o US State Department e os grupos oposicionistas arquicanalhas de países não alinhados. Mas o que impressiona é a cara-de-pau deslavada com que a grande imprensa dá nó de marinheiro russo em pingo d'água tanto para esconder os acontecimentos acima apresentados como para descer o cacete até quando "Lula come bombom de cupuaçu e joga o papel no chão" (chamada na primeira página do jornal Folha de São Paulo em 26/11/2004).

A articulada pornéia é a seguinte: o US State Department não engole o Lula lá, Fernando Henrique Cardoso integra um grupo de monitoramento da América Latina e os psicóticos arquiconcentrados esperneiam para que o bolo da iniqüidade nacional permaneça intocado, e tudo isso enquanto os pasquins arquifinanciados, agora sem o mensalão dentro da lei, fazem o meio de campo com o eleitor aliviando para seus comparsas financiadores e descendo o sarrafo no governo a cada espirro de Lula, principalmente quando o espirro é para a esquerda.

É pacífico que o atual governo deve ser cobrado com rigor, afinal nele foram depositadas fortes esperanças, porém o combinado esforço difamatório em voga é sórdido e inaceitável. E é claro que a patacoada do paspalhão deve ser esclarecida e a camarilha que roubou a nação e envergonhou o PT deve ser colocada para ver o sol nascer quadrado. Mas também é verdade que tanto os interesses envolvidos no enxovalho do governo Lula como as motivações da atual crise têm o buraco muito mais embaixo do que os cínicos arquicanalhas, hoje travestidos de vestais da moralidade, querem fazer crer.


Luiz Farias é aluno do sexto ano do curso de graduação em medicina da Unifesp e não possui qualquer relação de cunho político ou partidário com pessoa ou organização alguma. E-mail: luizfariasdelima@gmail.com

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