O Datafolha deu uma alta de 7 pontos percentuais de Geraldo Alckmin nos últimos 30 dias. O que aconteceu? O tucano iniciou uma disparada? Lula está em queda livre? Não, nada disso.
Aconteceu o seguinte: Enéas (Prona) e Roberto Freire (PPS) desistiram de ser candidatos. Só isso. O quadro está à disposição na página do Datafolha.
Como se observa, Lula tinha 45% em 23-24/maio. Hoje, tem 46% (pesquisa de 28-29/junho). Os 7 pontos de Alckmin parecem ter origem na parte de baixo da tabela. Enéas saiu do páreo e seus 4 pontos podem ter desembocado no PSDB. Heloísa Helena (PSOL) oscilou de 7% para 6%. Outro que sumiu do mapa foi Roberto Freire e seus 2%.
Vamos somar: 4% de Enéas + 1% de Heloísa Helena + 2% de Roberto Freire. Resultado: 7 pontos percentuais.
Nos últimos 30 dias, como se viu na TV, PSDB (menos) e PFL (mais) atacaram fortemente Lula, o PT e administração federal petista. Basicamente, tucanos e pefelistas disseram ao eleitor que Lula e o PT são ruins de governo e que flertaram com a corrupção. Essa estratégia é defendida fortemente pelo PFL e pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.
Pode ser que mais adiante a tática tucano-pefelê dê resultado. Quem sabe. Até agora, o efeito foi nulo para minar as intenções de voto a favor do petista.
Pode-se argumentar que Lula tem a maior rejeição (31%) e isso só ocorre porque foi atacado nas últimas semanas. Alckmin continua com uma rejeição bem menor (19%). Por outro lado, é sempre assim em eleições polarizadas –o candidato que está na frente tende a ter um terço do eleitorado contra si.
O notável nesse cenário todo é que a soma de todos os adversários de Lula é de 38%, apenas 7 pontos acima da taxa de rejeição do petista. Para derrotar o PT federal, esse percentual precisa crescer muito mais.
Há um mês, a soma de todos os adversários do petista era de 37%. Como Lula tinha 45%, a diferença dele para os opositores era de 8 pontos percentuais.
Hoje, Lula tem 46% e os adversários têm 38%. Dá a exata mesma diferença de um mês atrás: 8 pontos.
A favor talvez da tática dos PSDB e do PFL pode-se dizer que o cenário poderia ser pior para eles se não tivessem atacado Lula. Por exemplo, os votos (ou parte deles) de Enéas e de Roberto Freire poderiam ter migrado para o petista.
Nunca é demais registrar, por óbvio, que nada está definido. Mas, por enquanto, dá para dizer com segurança: a estratégia arranca-toco de PSDB e PFL não surtiu o efeito desejado no que diz respeito a diminuir a intenção de voto em Lula.
Mauricio Andrade
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