Foi preciso que o PFL assumisse o comando do governo paulista para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornasse ao Palácio dos Bandeirantes, sede de governo de São Paulo ocupada pelos tucanos entre 1995 e 2006. Do início ao fim, o evento - oficialmente uma cerimônia para a a assinatura de convênios entre a União e dezoito municípios paulistas - foi marcado pela troca de afagos entre Lula e o governador Cláudio Lembo.
Lula para Lembo: "Seria muito ruim terminar o mandato sem que pudesse fazer uma visita ao Bandeirantes"
Ambos subiram as escadarias do Palácio aos abraços para cinegrafistas e fotógrafos, com direito a uma parada estratégica para aperto de mãos sob os flashes. Diferentemente dos 11 sob a égide tucana, o salão da cerimônia estava repleto de autoridades petistas: os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante - candidato à sucessão paulista -, e os deputados federais João Paulo Cunha, Telma de Souza, Luiz Eduardo Greenhalgh e Mariângela Duarte. Do PFL, o prefeito Gilberto Kassab e o presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia. Diferente também era condição do retorno de Lula ao Palácio. Nas duas últimas vezes, o então líder maior petista esteve presente ao velório de Mário Covas, em 2001, e para discutir o seqüestro de Celso Daniel, em 2002.
Iniciados os discursos, vieram as menções mútuas ao simbolismo e à importância histórica do encontro amigável entre situação e oposição na casa do adversário. Lembo falou primeiro. Começou o discurso mas a caixa de som falhou. O governador alertou sob eventuais maus-olhados de quem pode desaprovar o evento: "Presidente, isso deve ser alguma coisa contra nós dois". E começou a falar sobre o grande dia. "Fico feliz em ser o primeiro governador de São Paulo nos últimos anos a receber o presidente no Palácio. Hoje esse dia tem um simbolismo todo especial. Guardem o dia de hoje. Somos pessoas com visões de mundo diferentes mas que acreditam na sociedade brasileira. Podem estar certos: hoje é um momento muito importante da história brasileira. Muito obrigado presidente por estar aqui na sede dos paulistas." Bem menos empolgado com a presença presidencial, Kassab tomou a palavra em seguida para reconhecer a importância que o governo federal dá ao saneamento básico e falar sobre a importância das parcerias entre os governos federal, estadual e municipal.
E veio Lula.
No mesmo tom de Lembo, afirmou considerar muito importante a data, ressaltando que ele e o governador paulista são a prova de que pode haver amizade entre pessoas diferentes. E o convidou para uma visita em Brasília, ainda que não haja convênios para assinar. "Seria muito ruim se terminasse o mandato e eu não pudesse fazer uma visita aqui no Palácio dos Bandeirantes. Da mesma forma que será muito ruim que você não vá a Brasília para que a gente possa discutir nada mesmo. Não precisa ter nenhum grande convênio, apenas para passar à sociedade a idéia de que tem seres de berços diferentes, de formação diferente e concepções ideológicas diferentes, que podem ser amigos, podem conviver democraticamente, na adversidade."
Na primeira semana na condição de presidente-candidato, Lula voltou a criticar as limitações da legislação eleitoral, que o impede de liberar recursos para as prefeituras. "No Brasil, tem um problema. Tem as eleições, que fica proibido de fazer convênios a partir de amanhã. Depois, só após o processo eleitoral."
O presidente em seguida foi à Faculdade de Medicina da USP. Esteve ainda no Incor, onde visitou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que se recupera de um acidente de carro.
Helena
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