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quinta-feira, 29 de junho de 2006

Governar pobres é mais fácil, diz Lula


Seria mais fácil governar o país se tivesse de cuidar só dos pobres. O desabafo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou a comemoração do cumprimento da meta do programa Bolsa Família, que já beneficia 11,1 mil famílias. "Os pobres não têm dinheiro para ir protestar em Brasília, não têm dinheiro para alugar ônibus", disse o presidente da República, num discurso de improviso para cerca de 2,6 mil pessoas que participaram da solenidade no ginásio do Sesi, em Contagem.

Lula: "Os pobres não têm dinheiro para ir protestar em Brasília, não têm dinheiro para alugar ônibus"

"Os pobres muitas vezes não estão nos partidos políticos, muitas vezes não entram nas universidades, não vão sequer até os sindicatos, eles só vão à igreja rezar e pedir ajuda a Deus", completou. "O rico, cada vez que encosta perto, quer um milhão."

Segundo Lula, como não estão nas ruas fazendo passeatas, os pobres costumam ser esquecidos pelos governantes. Ele, no entanto, tem prazer em fazer política para os pobres, porque vê os resultados, a comida chegando às mesas.

Lula criticou as pessoas que têm bons salários, gastam R$ 95 tomando cerveja no fim de semana e acham que é proselitismo e assistencialismo dar R$ 95 para uma família, no programa de transferência de renda. Para quem não tem nenhuma renda no mês, ressaltou, R$ 50 já fariam uma diferença substancial.

O presidente disse que vai reforçar o programa, procurando aqueles que têm direito ao benefício e, por algum motivo, ainda não foram incluídos no cadastro único do programa. O que vai para os pobres não é gasto, argumentou, é investimento.

De acordo com Lula, se o governo não investir nas crianças pobres agora, no futuro terá de investir na construção de cadeias. "Os bandidos de 20, 25 anos que estão presos, na década de 80 eram crianças tão bonitinhas e meigas quanto essas que estão aqui."

O programa federal de transferência de renda, criado em 2003, beneficia famílias pobres com renda per capita até R$ 120. Os valores pagos variam de R$ 15 a R$ 95, dependendo da renda mensal e do número de filhos. O Bolsa Escola passou por um processo de recadastramento no último ano que resultou, conforme dados do governo, na exclusão de cerca de 2 milhões de cadastrados que não se encaixavam no perfil de beneficiários ou recebiam em duplicidade.

O recadastramento, por outro lado, permitiu que outras famílias realmente pobres fossem incluídas. A meta de 11,1 mil famílias, que foi estabelecida para 2006 com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), representa a distribuição de R$ 8,3 bilhões neste ano. "Essa rede de proteção é a segunda CLT na história do país", afirmou o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. O ministro aproveitou a solenidade para fazer campanha pelo segundo mandato. Segundo ele, o país vai registrar o sucesso do programa de transferência de renda dando ao atual governo mais quatro anos para consolidar e aperfeiçoar as políticas sociais, abrindo "portas de saída" para as famílias que possam, no futuro, nào depender de benefícios como o Bolsa Família.

Em Contagem, o presidente criticou também os parlamentares que ainda não aprovaram a criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) só para evitar que isso, de alguma forma, beneficie seu governo.


Helena

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