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domingo, 18 de junho de 2006

BOB F. KENNEDY, BOB FIELDS E BOB FREIRE.


Quanto tomei posse no Banco do Brasil em 1983, fui trabalhar na cidade de São Miguel dos Campos (AL). Do lado direito da agência, existia um “boteco”, cujo dono costumava utilizar-se da seguinte expressão sempre que se postava criticamente a qualquer coisa: “com licença da má palavra”. Pois agora vou copiar o Régis, já apresentando as minhas humildes escusas pelo não pagamento, devido, de seus direitos autorais. Mas, com licença da má palavra, parece o nome – ou apelido, ou até alcunha – Bob, como carinhosamente se chama Robert nos Estados Unidos, ser perseguido pela síndrome do esquecimento, do ostracismo, sempre que após o primeiro nome vem algum outro com a letra F. Vejamos: Bob F. Kennedy, irmão do lendário John, o mais badalado presidente americano da história recente, foi-se. Foi aos píncaros da glória após o assassinato do irmão. Depois, caiu num sumidouro histórico. Por mais boa vontade que se queira ter, ninguém, ninguém mesmo se lembra dele. Fala-se de todos, até do Onassis, que foi casado com a ex-esposa do John, mas do Bob, nada!

Bob Fields. Sim, o Roberto Campos, aquele que em 1966 criou o FGTS. Um dos maiores ideólogos que a direita já teve neste país! Brilhante na defesa da sua visão de mundo! Reencarnava Milton Friedman e Hayek com uma perfeição irretocável! Mas, e aí? Alguém se lembra dele? Morreu no anonimato, embotado em uma cadeira de rodas, esquecido. Bem, apesar de respeitar sua firmeza ideológica, com licença da má palavra, já estava com uma taxa de cemitério bastante atrasada, e se foi tarde!

Bob Freire. O Roberto Freire de passado substancioso. Uma das vozes mais firmes em favor da democracia e da liberdade em tempos que insistimos em não esquecer! Contribuiu com galhardia para o restabelecimento da ordem democrática neste país. Foi um dos meus ídolos quando adolescente! Chequei a votar nele em 1989, no primeiro turno, em face das minhas ligações formais e emocionais com o velho PCB. Mas, abrindo um parêntese, dizem alguns que a madureza vem acompanhada da sobriedade, da ponderação, passa-se ao atingi-la, e, por conseguinte a maturidade, a ter uma idéia mais clara da realidade objetiva, abandonando-se assim os rompantes varonis, o sectarismo e muitas vezes o maniqueísmo. Voltando ao Bob Freire, primeiro abandonou a tese comunista, até aí tudo bem, lá na Itália eles também abandonaram! Foi um dos responsáveis pela transformação do PCB em PPS. Bob envelheceu, chegou-lhe a madureza! E aí começou a pensar, lá com seus botões: será que vou ter o mesmo fim de Fields e Fitzgerald? Não! Então Bob começou a se tornar um sujeito ranzinza, calvinista, amargo! Beijou a mão de ACM em 2002, o mesmo que ajudou e eletrocutar comunistas aos borbotões num passado próximo. Mas e daí, eles já estavam mortos mesmo! Passou a fazer coro com a dupla esquizofrênica PSDB/PFL, e resolveu apoiá-la agora, segundo ele próprio: “por não conseguir fazer aliança com ladrões”. Ora Bob, meu caro, de que ladrões você está falando? Dos que roubam o direito à vida, dos que roubam dinheiro, dos que roubam almas, dos que roubam liberdade, dos que roubam democracia, ou dos que roubam tudo isso junto? É Bob, meu velho, se você tivesse dado outra desculpa, eu até aceitaria em nome dos bons e velhos tempos, mas essa foi de matar! Vá dormir com seus ladrões, e prepare-se para um soturno esquecimento ao lado de Fields e Fitzgerald.

Ah! Qualquer dia desses vou passar no Régis, lá em São Miguel, para sorver uma velha cerveja gelada em homenagem ao começo do seu fim, com licença da má palavra!



Sérgio Braga Vilas Boas

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