Falta confiança na mídia

O comportamento agressivo e sectário na crise política não está fazendo bem para a credibilidade da grande imprensa, como atesta a pesquisa Trust in the Media realizada pelo Instituto GlobeScan para a BBC, a Reuters e o The Media Center, que entrevistou 10.230 adultos em 10 países – Inglaterra, Estados Unidos, Brasil, Egito, Alemanha, Índia, Indonésia, Nigéria, Rússia e Coréia do Sul – nos meses de março e abril deste ano. No Brasil, o trabalho foi realizado pela GfK Indicator e foram ouvidos, por telefone, mil adultos de nove regiões metropolitanas – Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – no período de 16 a 22 de março (ou seja, 11 meses depois do início do "escândalo político midiático" e das revelações diárias, na grande mídia, de denúncias de corrupção envolvendo genericamente "o governo").

Os resultados obtidos no Brasil deveriam envergonhar jornalistas e donos de empresas de comunicação, se eles tivessem vergonha na cara, o que parece não ser o caso. Os números:

** 55% dos entrevistados disseram que não confiam nas informações obtidas através da mídia. Entre todos os países pesquisados, esse percentual é igual ao da Coréia do Sul e só não é maior do que o obtido na Alemanha (57%);

** 80% disseram que a mídia exagera na cobertura das notícias ruins;

** 64% concordam que raramente encontram na grande mídia as informações que gostariam de obter;

** 45% não concordam que a cobertura da grande mídia seja acurada;

** 44% declaram ter trocado de fonte de informação nos últimos 12 meses por haver perdido a confiança.

No Dia da Imprensa, 3 de maio, o presidente Lula, em solenidade no Congresso, fez uma advertência que os números da pesquisa vieram a confirmar. Disse o presidente: "Se engana aquele que escreve alguma coisa sem imaginar ou sem acreditar que o povo tenha capacidade de discernimento para saber o que é exagero, o que é verdade, o que é mentira". No alvo. O povo não é bobo.

Jens