O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao jornal Le Monde, que considera superados certos conceitos de esquerda, como “antiamericanismo” e “revolução”. Ao ser diretamente indagado pelos enviados especiais do vespertino francês se admitia tais idéias como arcaicas, ele foi direto: “Na minha opinião, sim. Como sou um partidário da defesa da liberdade de expressão, cada um utiliza esses termos como melhor lhe convém. Sobretudo porque essas mesmas palavras têm um sentido diferente em cada país.”
Segundo Lula, um tipo de discurso de esquerda no Brasil não tem o mesmo peso no México. Ele ressaltou que jamais manteve a etiqueta de esquerda. “Sou torneiro mecânico de profissão, militante político de um partido, o PT, cujo compromisso fundamental é construção de sociedade mais justa.”
A entrevista foi concedida no contexto da visita do presidente Jacques Chirac ao Brasil e ao Chile, cujo objetivo principal é renovar sua parceria estratégica com os dois países. O presidente francês deixou a França por quatro dias, desgastado por uma série de denúncias de corrupção, complôs e rivalidades políticas, além de forte divisão interna do governo, envolvendo alguns de seus principais membros – inclusive o primeiro-ministro Dominique de Villepin e seu ministro do Interior, Nicolas Sarkozy.
Nesse giro pela América do Sul, Chirac poderá respirar mais aliviado por uma boa recepção que lhe será garantida, pelo menos em Brasília, por seu amigo Lula. O presidente brasileiro mantém relações pessoais excelentes com Chirac, embora insuficientes para solucionar o contencioso agrícola entre os dois países.
Auto-suficiência – Ao Le Monde, Lula reafirmou sua tese de que nos próximos 20 ou 30 anos o Brasil será a maior potência energética do planeta. Segundo ele, após a auto-suficiência em petróleo, nos próximos dois anos o Brasil vai produzir a maior parte do gás que consome, além de já ser o país mais competitivo na produção de etanol e biodiesel. A seu ver, o Brasil lançou uma revolução energética e por isso não deve se preocupar com eventuais pressões de países produtores. “Nós optamos por apostar nas energias alternativas e poucos países poderão concorrer com o Brasil na hora de extrair da terra o combustível do futuro, em razão de sua extensão territorial.”
Quanto às tensões com a Bolívia após a nacionalização do gás pelo presidente Evo Morales, Lula disse que existe lugar para a negociação. E criticou a imprensa por pretender que ele fosse duro com os bolivianos. “Se não fui com os Estados Unidos e a Europa, porque deveria ser duro com a Bolívia, um país mais pobre do que o Brasil? Prefiro apostar na negociação”, disse.
Helena
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração