A Operação Sanguessuga da Polícia Federal poderá complicar a situação de vários parlamentares da bancada da Igreja Universal do Reino de Deus no Congresso. Ao longo das investigações, a polícia se deparou com os nomes da deputada Edna Macedo (PTB-SP), irmã do bispo Edir Macedo, chefe da Igreja Universal; e dos deputados Reginaldo Germano (PP-BA), pastor José Divino (PMDB-RJ), pastor João Mendes de Jesus (PSB-RJ) e pastor Vieira Reis (PRB-RJ), todos da bancada evangélica.
O caso mais complicado é o da deputada Edna Macedo. Entre os 46 presos ontem, primeiro dia da operação, está Octávio José Bezerra Sampaio, o Tavinho, filho da deputada. Segundo relatório reservado da Polícia Federal, no dia 15 de dezembro do ano passado, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin telefonou para o gabinete da deputada e pediu o número da conta bancária de Tavinho. No dia seguinte, R$ 10 mil foram depositados na conta de Tavinho, conforme indica cópia de extrato bancário anexado pela polícia no relatório.
A situação do deputado José Divino não é nada confortável. Segundo o relatório da PF, Divino foi um dos responsáveis pela indicação da lobista Maria da Penha Lino, ex-funcionária da empresa Planam, para a assessoria especial do ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG) em agosto do ano passado. Maria da Penha, que permaneceu no ministério mesmo depois da saída de Saraiva, é apontada pela polícia como uma das peças-chaves do esquema de corrupção na compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares.
Superfaturamento chegava a 110%
Em conversas gravadas com a autorização judicial, a polícia flagrou integrantes da organização acertando vários pagamentos a Maria da Penha. Segundo a PF, Penha tinha como função apressar a tramitação e aprovação de convênios de interesse do grupo de Vedoin. O empresário é acusado de fraudar licitações para vender, a preços superfaturados, ambulâncias, odontomóveis e equipamentos hospitalares para prefeituras pobres do interior do país. Em alguns casos, já periciados pelo Instituto Nacional de Criminalística, o superfaturamento chegava a 110%.
De 2000 a 2005, a quadrilha teria movimentado mais de R$ 110 milhões de recursos federais com a venda de mais de mil ambulâncias. A partir desses números, a polícia estima que a quadrilha tenha desviado mais de R$ 50 milhões dos cofres públicos. A polícia acusa a organização de montar um kit de fraude. Além de simular licitações com empresas fantasmas, o grupo também subornava assessores parlamentares, parlamentares e servidores federais para acelerar a liberação de recursos da União.
Os suspeitos foram indiciados por formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Até o início da noite, a polícia prendera 46 dos 54 supostos integrantes da organização.
Helena
Com informação do Jornal O Globo
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