O presidente da Bolívia, Evo Morales, atiçou os sentimentos mais raivosos da direita ao anunciar a nacionalização da exploração de petróleo e gás, atingindo em cheio a Petrobrás. Para as aves de rapina reacionárias, é inadmissível que um índio pobre tenha a audácia de promover a autonomia do povo boliviano sobre o seu próprio território. No entanto, o ato do presidente Morales não deveria surpreender quem acompanhou com um mínimo de atenção a campanha eleitoral boliviana, quando ele prometeu que, eleito, promoveria a nacionalização agora anunciada. O fato é que a Bolívia é um dos países mais pobres da América Latina e a sua maior riqueza provém dos hidrocarbonetos no seu solo. Outro fato é que este tesouro não produz bem-estar para a maioria da população, que vive na extrema miséria, mas beneficia um grupo reduzido de empresas petrolíferas estrangeiras, entre as quais a nossa Petrobrás. Também é fato, atestado por especialistas no assunto, que o comportamento da Petrobrás em terras bolivianas tem como característica principal a arrogância predatória das empresas multinacionais que atuam em países pobres, que o povo brasileiro conhece muito bem e por diversas vezes execrou.
Diante disso, é compreensível e justificável a atitude de Evo Morales. O que se impõe, agora, é a realização de negociações através dos canais diplomáticos, para que daí surja uma solução que contemple as necessidades dos bolivianos, que usufruem apenas de 18% dos recursos gerados por suas riquezas naturais, e preserve os interesses da Petrobrás e do Brasil, que investiu cerca de 1 bilhão de dólares no país e é o principal consumidor do gás boliviano. É uma situação complicada, mas é justamente para resolver conflitos dessa natureza que existe a diplomacia.
Nos primeiros 100 dias de governo, Evo Morales afirmou por diversas vezes que a Bolívia não quer mais patrões, e sim sócios. Este parece ser um bom caminho para dar início às negociações.
Jens
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