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terça-feira, 11 de abril de 2006

DENÚNCIA GRAVE - documentos que complicam Alckmin desaparecem


Escritório de deputado é arrombado e documentos que complicam Alckmin desaparecem

O escritório político do deputado estadual Romeu Tuma Jr foi arrombado na madrugada desta segunda-feira. Segundo a assessoria do deputado, foram furtados documentos relativos ao escândalo da Nossa Caixa e da doação de 400 vestidos para ex-primeira-dama do Estado de São Paulo Lu Alckmin.

Segundo um assessor, a Polícia Civil do Estado já fez a perícia e deve se pronunciar sobre o arrombamento do escritório. Além dos documentos que, segundo a assessoria, comprovariam irregularidades ligadas ao ex-governador Geraldo Alckmin. Documentos obtidos pelo jornal “Folha de S. Paulo” mostram que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) interferiu para beneficiar aliados com anúncios ou patrocínios. Os recursos sairiam da Nossa Caixa e favoreciam jornais, revistas, programas de rádio e televisão indicados por deputados.

Uma auditoria na área de publicidade da Nossa Caixa mostraria que o banco foi pressionado para patrocinar eventos da Rede Vida e da Rede Aleluia de rádio. Além disso, autorizou a veiculação de anúncios mensais na revista “Primeira Leitura”, publicação criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso.

As ordens beneficiariam os deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo “Bispo Gê" Tenuta (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
Entre as provas das pressões, segundo o jornal, estão e-mails trocados entre Saint’Clair de Vasconcelos, presidente da Contexto – agência que detinha a conta da Casa Civil e, agora, atende à Nossa Caixa -, e o ex-gerente de marketing do banco, Jaime de Castro Júnior.

Em um deles, de agosto de 2004, Saint’Clair pede a Castro Júnior ajuda para “acalmar” o deputado Afanásio Jazadji. “Acertei com ele um montante que estou distribuindo entre os nossos parceiros. Você consegue programar uns 8 mil nos programas que ele tem no Canal SP-TVA?”, dizia o e-mail conseguido pelo jornal.

O assessor especial de comunicação do governo, Roger Ferreira, disse que os critérios para gastos de comunicação são “técnicos”. A Nossa Caixa informou que os veículos citados pelo jornal receberam apenas 1% do total de gastos do banco. Em outra denúncia, a Folha revela que uma empresa estatal do Estado pagou R$ 60 mil a titulo de “patrocínio institucional” à revista Ch’na Tao, da Associação de Medicina Tradicional Chinesa do Brasil.

A associação é presidida pelo médico Jou Eel Jia, acupunturista do pré-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin. No pedido de renovação do patrocínio, encaminhado em janeiro deste ano pela revista à Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), é informado que "em contrapartida, o patrocinador terá espaço para matéria de cunho editorial do assunto que achar interessante".

A capa deste mês da revista traz uma entrevista exclusiva de Alckmin. O ex-governador aparece, segundo o jornal, em nove páginas, das 48, além da resenha do livro “Seis Lições de Solidariedade”, da primeira-dama Lu Alckmin, escrito pelo ex-secretário de Educação Gabriel Chalita. Outra estatal paulista que aparece nas páginas da revista é a Sabesp, que, segundo a reportagem, não informou o valor do patrocínio.

O PT tentou aprovar a criação de uma CPI na Assembléia Legislativa do Estado, mas foi sufocado pela tropa de choque do ex-governador. Nos seis anos em que governou São Paulo, Alckmin governou com mão-de-ferro o Estado. Nada menos que 69 pedidos de CPIs, e pelo menos 974 contratos considerados irregulares pelo TCE já foram retirados do arquivo morto da Assembléia Legislativa, segundo o jornal carioca.

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