A revista Carta Capital publicou esta semana uma reportagem em que revela as ligações entre o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o ex-governador Dante de Oliveira (PSDB-MT) e o bicheiro João Arcanjo Ribeiro - conhecido como Comendador. Segundo a matéria, um inquérito aberto há pouco mais de dois anos pela Polícia Federal do Mato Grosso investiga as "estranhas e lucrativas ligações da cúpula do PSDB regional com o crime organizado local". João Arcanjo Ribeiro é acusado de ter ordenado o assassinato de mais de 30 pessoas em Mato Grosso e o espancamento e mutilação de pelo menos outras 50.
"Entre 1994 e 2002, diversas empresas ilegais de factoring (empresas que antecipam dinheiro de cheques pré-datados) montadas por ele teriam servido para irrigar dinheiro em campanhas eleitorais do PSDB. Apenas na campanha a governador de Antero Paes de Barros, em 2002, foram encontrados 84 cheques de uma factoring do bicheiro no valor total de 240 mil reais", informa a Carta Capital. Segundo o deputado Carlos Abicalil (PT-MT), o conteúdo da reportagem "transcreve rigorosamente" o que a Justiça Federal apurou até agora.
"Acredito que boa parte daquilo que está na matéria será confirmada pelo próprio Arcanjo, que chegou a Cuiabá no último sábado. Ele sabe dizer o destino do dinheiro para além da quebra de sigilo", afirmou. Comendador estava preso no Uruguai até a semana passada. Para o deputado petista, a Justiça Federal "já avançou muito" ao investigar a relação entre as empresas do Comendador e integrantes do PSDB no estado. "Foi um dos processos que mais avançou no combate à lavagem de dinheiro e ao crime organizado no país", disse.
A Polícia Federal descobriu que, a partir de 1994, a Assembléia Legislativa de Mato Grosso colocou R$ 81 milhões em factorings do Comendador. "Essa dinheirama foi transferida para as mãos de João Arcanjo Ribeiro, graças a uma ação direta do governo Dante de Oliveira. Ainda no governo do tucano, o Departamento de Viação e Obras Públicas de Mato Grosso depositou nas contas das empresas do bicheiro outros 9 milhões de reais", diz a revista. Os cheques da factoring colocados nas contas do PSDB foram descobertos a partir de um laudo preparado pela Polícia Federal. Segundo a Carta Capital, as informações estavam dentro de um computador apreendido pelos agentes na sede da empresa do Comendador, em Cuiabá.
"No disco rígido da máquina estavam todas as operações da empresa do bicheiro com o denominado 'comitê financeiro único estadual do PSDB'. Os cheques encontrados, 240 mil reais ao todo, eram de doadores da campanha do senador Antero Paes de Barros à sucessão de Dante de Oliveira, este candidato ao Senado", diz o texto. Procurado pela revista, o senador Antero Paes de Barros "disse que conhecia o Comendador 'como todos em Cuiabá', mas que jamais teve relações sociais e nem de negócios com ele".
Segundo Antero, as acusações contra ele são "uma grande farsa". Antero alega que os cheques, no total de R$ 240 mil, arrecadados pelo comitê financeiro do PSDB, foram trocados na Vip Factoring por meio de uma operação de fomento mercantil - operação esta feita, diz o senador, sem o conhecimento dele.
ITAIPU DESMENTE MATÉRIA DA VEJA
A hidrelétrica Itaipu Binacional rebateu neste fim de semana acusações publicadas pela revista Veja. Segundo a matéria "Aparece uma testemunha", o empresário Antônio Celso Garcia teria afirmado que o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, "pegara propina de US$ 6 milhões de uma fornecedora da hidrelétrica". Uma nota oficial da Itaipu desmente a publicação, classifica a "testemunha" como "aventureiro e caluniador contumaz" e anuncia uma ação judicial contra a revista. Leia a íntegra da nota na Agência Informes no endereço http://www.informes.org.br
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