Não sei se está sendo veiculado em todo o território nacional, mas aqui em Porto Alegre um filmete de 1 minuto da propaganda eleitoral do PFL apresenta uma série de depoimentos de cidadãos e cidadãs negras, exaltando as precauções necessárias na hora de escolher um candidato, que deve ser probo, ético e mostrar e interesse pela sorte dos menos favorecidos. A idéia, claro, é que os quadros do PFL preenchem esses requisitos.
Só um extraterrestre recém chegado ao nosso planeta, desconhecendo por completo a trajetória do PFL – um partido de pseudo-aristocratas e coronéis -, seria capaz de acreditar numa baboseira desse quilate.
A presença de negros na propaganda igualmente busca mascarar o caráter elitista do partido, tradicionalmente avesso à participação das camadas populares na vida política do país (não nos esqueçamos que os pefelistas são netos da UDN e filhos da Arena). A preocupação do PFL (e do PSDB, faça-se justiça) com os negros pode ser medida pela tentativa do partido de acabar com o regime de cotas para o ingresso de negros na universidade.
Nesse aspecto em particular o PFL me fez lembrar um personagem de Incidente em Antares, romance de Érico Veríssimo. O coronel Vacariano, estancieiro gaúcho oportunista e reacionário, em meio às discussões sobre a abolição da escravatura, assim define sua relação a raça negra: "Nada tenho contra os negros. Gosto muito deles. Desde, é claro, que fiquem no seu lugar".
Certamente, inúmeros próceres pefelistas assinariam embaixo.
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Jens
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