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sexta-feira, 31 de março de 2006

Cotas: Diferenças entre iguais


Dentro de suas semanas, contra a vontade do PSDB e do PFL, o Congresso Nacional vai apreciar a proposta do governo que institui o sistema de cotas nas
universidades públicas federais. De acordo com o projeto, serão estabelecidas cotas para os estudantes oriundos de escolas públicas e, entre esses, percentuais para o ingresso de alunos negros e índios, segundo a presença dessas etnias nas diversas regiões do país.

Com a aproximação da votação, a grande imprensa voltou a conceder espaço para que a elite branca manifeste-se sobre o assunto.
Os críticos contrários ao projeto argumentam que ele é antidemocrático, porque estabelece diferenças entre cidadãos brasileiros no acesso à universidade. Negam ainda a urgência da matéria. Avaliam que poderia dispor de mais tempo para ser discutida no Congresso.

É sintomático, para identificar os interesses em jogo, que os críticos não vejam nenhum sinal de injustiça e desrespeito aos direitos constitucionais na exclusão social a que estão sujeitos milhares de estudantes, que não têm acesso aos

bancos universitários por serem pobres negros ou índios. Num país de diferenças abissais como o nosso, o tratamento diferenciado entre cidadãos iguais apenas na letra fria do texto constitucional é fundamental para reparar-se injustiças seculares, como no presente caso – questão que foi encarada com coragem e seriedade pelo governo Lula.

Quanto a idéia marota de discutir o assunto por mais tempo, trata-se de mais uma manifestação do célebre jeitinho brasileiro. Joga-se a discussão para um futuro remoto e tudo permanece do jeito que está.
A universidades públicas são financiadas pelo meu, o seu, o nosso dinheiro recolhido por meio de impostos. Quem têm acesso a ela atualmente são os filhos da burguesia que se preparam em escolas particulares onde o ensino custa mais de um salário mínimo por mês.

Os pobres financiando a educação dos ricos – é desse jeito que está. E é assim que os sábios tucano-pefelistas querem que fique.

Inveja, inveja, inveja

Entre os inúmeros fatos positivos a serem registrados pelos historiadores sobre o governo Lula, três são inéditos:
- Pela primeira vez na história do país, um negro assumiu o cargo de juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte da Justiça brasileira.
- Pela primeira vez uma mulher ascendeu à presidência do STF, poderá, também, tornar-se a primeira a assumir interinamente a Presidência da República
- Pela primeira vez um astronauta brasileiro viajou para o espaço.
Chora, FHC!

Jens

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