O aposentado Jurandir Soares é um cidadão pobre que conseguiu melhorar na vida com o próprio trabalho, consertando geladeiras. E assim formou seus filhos.
“Eles tiveram estudo, dei estudo para eles”, diz ele.
Hoje, a filha Carla Soares faz trabalho voluntário e dá aulas para jovens mais pobres que ela.
“Dá pra resgatar vidas, aos pouquinhos, mas dá”, fala Carla.
Pai e filha fazem parte de uma estatística que mede a desigualdade social, realizada pelo Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
A desigualdade começou a ser medida no Brasil em 1976, calculada por um índice internacional. De acordo com esse padrão, a Holanda tem uma taxa considerada ideal, em torno de 0,3. No Brasil, a melhor taxa foi alcançada em 2004: ficou pouco abaixo de 0,6. Os especialistas usam o número um como referência. Quanto mais perto dele, maior a desigualdade.
O mercado de trabalho ficou menos desigual no período entre 1995 e 2004, de acordo com a pesquisa do Ipea. E esse dado sozinho representa 68% no registro da queda dessa desigualdade.
A queda tem a ver também com os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, implantando em 2003, e com os programas ligados ao salário mínimo, como a Aposentadoria Rural e o Piso do Regime Geral de Previdência, criados com a constituição de 1988.
“A desigualdade, finalmente, depois de 30 anos de estabilidade, está caindo no Brasil. A desigualdade cair um ano é uma flutuação, cair dois anos é uma coincidência, agora quando cai três anos fortemente, a gente tem que dizer que tem uma tendência aí ou, pelo menos, pode existir uma tendência”, avalia Sergei Soares, economista do Ipea.
Fonte: Jornal Nacional 03.03.2006 - Rede Globo
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