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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Fala de Temer sobre Lula expõe iminência de caos no país



O mais importante da entrevista do presidente Michel Temer no programa Roda Viva, desta segunda-feira (14), foi o sentido de preocupação em termos de insegurança pública frente a uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente receia pelo surgimento de grandes manifestações de movimentos sociais contra uma decisão do Judiciário sobre o petista. "Se Lula for preso, isso causa instabilidade para o país, porque haverá movimentos sociais de contestação à decisão do Judiciário. Isso pode, sim, criar problemas. Eu não tenho dúvidas", disse Temer.

A frase do presidente da República reverbera, também, o discurso da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) no mesmo dia. Ao criticar a proposta de emenda constitucional (PEC) 55 que visa implantar um limite no teto dos gastos públicos do governo federal, a parlamentar disse que o povo tem que se manifestar. “O governo têm plena consciência de que está cada vez mais difícil convencer a população sobre tamanha falácia, e por isso tem muita pressa em aprovar a medida e não querem ouvir a opinião do povo”.

Com precisão, a senadora concluiu que “para o andar de cima, a PEC 55 não existe” e que “vai sobrar para o dependente do SUS, para o pai que tem filho em escola pública e para os extremamente pobres que dependem do amparo do Estado. É por isso que eles têm medo do referendo, medo de enfrentar o debate popular”, disse Gleisi.

Em entrevista à Folha de S.Paulo desta terça-feira (15), um novo alerta: Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência durante o governo Lula, reclamou do estardalhaço criado pela Polícia Federal em torno de obras na piscina do Palácio da Alvorada, alvo de investigação por ter sido reformada pela Odebrecht, mas que, defende Carvalho, estava num consórcio com mais outras 21 empresas contratadas.

"É irresponsabilidade e, dessa forma, a PF desmerece o trabalho sério que acreditamos que ela sempre praticou (...) É um guerra jurídica na qual a acusação não é mais importante, mas fazer a desconstrução da pessoa [Lula]", concluiu Gilberto Carvalho.

A situação pré-falimentar de todos os municípios e estados do país ganha contornos assustadores no Rio de Janeiro, às vésperas da votação na Alerj do pacote de medidas do governador Luiz Fernando Pezão. Os áudios que estão circulando no Rio com referência à votação são de uma violência que deve estar preocupando todos os órgãos de segurança do país.

quando Temer externa preocupação com uma possível prisão de Lula, o pano de fundo é um caos bem mais generalizado, já que o país vive um dos momentos mais difíceis em toda a sua história republicana.

Ao ser proclamada em 1889, num Brasil cuja população não ultrapassava 15 milhões de pessoas, a República buscava, além do sentido de liberdade, o encontro estrito com o próprio significado do termo, a Res publica, a “coisa do povo, coisa pública”. Essa população nacional de outro momento é hoje inferior à do Rio de Janeiro, estado na mais crítica situação com o funcionalismo público de meio milhão de pessoas, numa crise conjugada com o alto desemprego e a explosão da Petrobras.

Os municípios fluminenses, por tabela, refletem essa crise e enfrentam dificuldades das mais sérias em termos de segurança pública. As cidades serranas, vítimas de catástrofes nos últimos anos, obrigaram o estado a promover auxílio. Agora, este mesmo estado se vê obrigado a interromper, por falta de dinheiro, a ajuda. As consequências vêm e começam a ser sentidas pela população, a ponto de se comentar que o recente arrastão na Ponte Rio-Niterói pode ter vindo de uma das comunidades desassistidas.

A entrevista do presidente Michel Temer deveria ser muito considerada e vista com atenção, porque o que foi dito não foram palavras soltas. São palavras de um chefe de Estado que detém informações e que sabe muito mais daquelas simples frases ditas aos jornalistas do que a interpretação que outros podem dar a elas.Do jornal do Brasil  Leia também: MPF quer explicações da farra das viagens dos ministros nos aviões da FAB

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