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terça-feira, 15 de março de 2011

A "embromation" imperialista de Obama em comício no Rio

Não há nada de errado na visita de Barack Obama ao Brasil. São dois países que disputam interesses contrários em muitos casos, mas também tem suas sinergias. São duas grandes nações que sempre precisam sentar na mesa de negociação para o próprio bem do planeta. Nada mais normal do que buscar cooperação naquilo que é possível, negociar meio-termo nas divergências, e dizer "não" nos pontos inaceitáveis, inclusive desgastando os pontos de vista adversários. É para isso que existem as relações diplomáticas e políticas.

O que oscila entre o inconveniente e o ridículo é um "comício ao povo brasileiro" do presidente dos Estados Unidos, em praça pública, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, palco de grandes manifestações políticas históricas.

Notem que não é um pronunciamento dirigido à colônia de cidadãos estadunidenses que vivem no Brasil (o que seria válido). A ofensiva midiática da Casa Branca fez merchandisig em programas populares de TV, com o próprio apresentador Faustão promovendo o evento em seu programa, além da divulgação no "Fantástico", na Globo, e no "Domingo Espetacular", da Record. A Globo arrumou depoimentos simpáticos de "populares" no Jornal Nacional. "Não conseguiu encontrar" ninguém crítico, numa praça que sempre tem barracas montadas de panfletagem de entidades de esquerda e nacionalistas.

Faria sentido Obama fazer um pronunciamento ao povo iraquiano ou afegão, anunciando a retirada de sua ocupação.

Faria sentido fazer um pronunciamento ao povo cubano anunciando o fim do bloqueio.

Mas ao povo brasileiro, o que tem para dizer que justifique um comício? Anunciará a retirada de suas bases militares na Amazônia colombiana? Anunciará alguma "doutrina Obama" de não intervenção e respeito incondicional à auto-determinação dos povos da Bolívia, do Equador, da Venezuela, da Nicarágua, de Honduras e de Cuba? Anunciará a adesão a algum "Plano Bolívar" ou "Plano Lula" para contribuir de verdade com a erradicação da pobreza na América Latina? Anunciará algum acordo comercial assimétrico, que garanta desenvolvimento aos países mais pobres, e deixe de apenas explorar suas riquezas? Reconhecerá as ilhas Malvinas como território argentino?

A resposta é NÃO para todas estas perguntas. Talvez anuncie a flexibilização dos vistos para brasileiros viajarem à Disney-World, no momento em que os EUA estão ávidos por dinheiro de estrangeiros para aquecer sua economia, e brasileiros estão voltando em vez de imigrar para lá. Nada importante para justificar um comício.

Os marqueteiros de Obama devem pensar que estão melhorando a imagem estadunidense, no velho conceito de política de boa vizinhança e de conquistar corações e mentes da diplomacia deles. Afinal o presidente estaria abrindo espaço e tempo em sua agenda, para dirigir-se ao povo. E olha que tempo é dinheiro para os estadunidenses, tanto é que nunca antes na história do Brasil, um cartaz de um comício em praça pública escreveu "entrada gratuita", como o cartaz de Obama faz:


Mantendo a natureza imperialista da política externa dos EUA em seu governo, tal discurso não passa de "embromation", o que, em vez de agradar, angaria antipatias entre os setores mais politizados da sociedade brasileira, por recorrer a um populismo típico de enganar desavisados.

Tanto é assim que entidades do movimento social brasileiro representadas na Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), entre elas Cebrapaz, CUT, MST, UNE, Ubes, CTB, Conam, Unegro e sindicatos estaduais e municipais de várias capitais estão organizando protestos contra as políticas estadunidenses mantidas por Obama, durante sua visita ao país.

O comício conta com apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB/RJ) e da prefeitura. Estes, pelo menos, de bobos não tem nada, porque seu objetivo é divulgar a imagem de melhoria na segurança na cidade, afinal não é qualquer lugar do mundo onde o aparato de segurança do presidente dos EUA aprova um ato público aberto como este.

23 Comentários:

Anônimo disse...

Entrada 'de grátis' só não resolve. Se não oferecer passagens do busão mais um lanchinho, não vou.

Pensando melhor, não vou de jeito nenhum.


Edemar Motta.

Anônimo disse...

Portugueses para ganhar o crédito dos índios e poder rezar a 1ª Missa no Brasil, distribuiram balangandãs aos índios. Em pouco tempo os brancos imperialistas passaram a levar nosso ouro, nossas riquezas, e nós levamos 500 e tantos anos pra eleger o 1º trabalhador presidente da Reública. Agora o Imperio decadente manda seu Chefe negro de "alma branca" pra rezar uma nova missa ao mercado "deles". Quer ampliar ou recuperar mercado. Uma vergonha.Agora que temos um pouco de ouro de novo, o império quer levar tudo de novo. Vai pra casa Obama.

Gessy disse...

Go home, Obama !!!

Ary disse...

O esquerdismo é uma doença. Infantil, mas é. Esse evento faz tanto sentido quanto a ida da Dilma ao evento da FSP.

Marco DaCosta disse...

Esse discurso sectário é o mesmo que a velha esquerda fez contra Lula. A decepção que dizem ser Obama é a mesma o que diziam que lula era aos dois anos do primeiro mandato. Essa velha esquerda bate palmas para ditadores que se autointitulam "anti-imperialistas", se calam diante das prisões de escritores, gays e intelectuais em Cuba, ao megalomaníaco e caricato Chavez e aos assassinos Khadafi e Ahmadinejad.
para Obama que representa a esquerda americana, os movimentos sociais e foi eleito apenas esse discurso sectário e infantil. Essa visão míope dessa esquerda festiva de zona sul, dos filhinhos de papai da gávea e bons burgueses está condenada ao isolamento.
O Rio continuará a dar a Obama o seu aplauso e para esses sectários do leblon uma grande vaia nas urnas.

MA_Jorge disse...

Quero saber se ele aceitaria fazer o papel de "o grande palhaço democrata" lá em Madison-Wisconsin.

Aqui e no Chile, longe de sua gente, serão apenas duas grandes oportunidades para a mídia vendida norte-americana fazer sua propaganda. Lógico que contará com o apoio dos vendidos do PIG e a corja tucana, liderados pelo Chirico Torquemada e Lamparina de Alexandria.

polaco disse...

Marco Fonseca aonde arrumo dessa cachaça, pelo seu discurso pra si mesmo, deve ser boa.

Baixando na Faixa disse...

Pô o Obama agora ta falando Português? rsrrsr


Documentário - A Decepção Obama
Doc. que destrói completamente o mito de Barack Obama
http://bit.ly/cBFqYo

Paulo - Floripa SC disse...

Só pelo último parágrafo, este comício já seria "justificado". Será uma excelente propaganda para o Brasil. O mundo inteiro verá o Brasil (antes da Copa e Olimpíadas). Já o que ele vai falar, é só esperar. O Obama representa a esquerda estadunidense e isto não é nada fácil. O pig deles não é fraco não.
Abraços

Hélio Pereira disse...

Pois é o Obama como visitante de um país amigo deve ser bem recebido.
A Obama deve ser dado o direito de dizer o que quizer,agora acreditar ai é outra história.

arymartini disse...

Obama foi mil vezes mancheteado quando disse que Lula era o cara. Portanto... Quanto a "Obama representar a esquerda americana", realmente o Fonseca bebeu. A esquerda nunca esteve representada no governo americano. lá, dois partidos, ambos de direita e que em nada se diferenciam, se alternam no governo há mais de 230 anos. Vendem o arremedo como se fosse democracia. Há quem compre. Acho que nãso custa ouvir "o cara deles".

Moisés Marinho disse...

By the way, where is the book?

Geysa Guimarães disse...

De tudo que Obama fez até agora, o mais acertado foi chamar Lula de "O Cara".
O imperador do Mundo podia aproveitar a visita para marcar uma aulinha com o SuperLula.

Bruno Almeida disse...

Bem, eu prefiro o Obama ao Bush 1.000 vezes, mas é uma situação desconfortável, pois um presidente de uma outra nação se arroga o direito de chegar a um país alheio, e num evento sem a presença do chefe da nação anfitriã fazer um discurso em uma língua estrangeira. Vejo isso como ato de desrrespeito. Duvido que ele fizesse isso numa grande potência, ou se nossa presidene podia falar assim lá. É como se alguém chegasse a sua casa sem sua presença lá para fazer a cabeça dos seus filhos.O que vc acha?

Anônimo disse...

Carlos / Americana

Num sei não mas acho ki Obama não deveria vir.Alguem poderia me dizer o que ele vai dizer e pra quem.Nem comicio dos TUCANOpatas num tem ouvinte imagine o Yankee falando em ingles num domingo no RIO."issu vai ser uma vergonha"
Abraços Fratenais.
P.S.: o Zé é o blogueiro sujo mais democrata....o ki tem gente estranha nesse ninho ..Da Licença.

Carlos Augusto Pereira disse...

Esse comício é desproposital e inaceitável. Bom será vermos os brasileiros protestanto contra o representante do império e suas maldades ao longo de séculos.

Heitor disse...

Obama não fará um comício, e sim um showmício. Promover gratuidade para evento em praça pública, eu nunca vi. Não sei se é para rir ou chorar.
Vamos deixar o cara andar pela rua e fazer discurso na praça. Acho que está difícil fazer isto em casa. Só tenho dúvidas se camelôs e moradores de rua, chapados de cola e crack, entenderão alguma coisa. Nem se êle falasse português.
O tal Fonseca deve ter ido catar cogumelos e comeu a espécie errada. Pior, pode não ter encontrado nenhum, e resolvido comer qualquer coisa... para não perder a viagem.
E que viagem!

Luana disse...

Deve ser porque lá, o comício é pago, por isso o cartaz lembrar que é gratuito.

Mas além de todas as coisas que estão sendo faladas, chama atenção a postura dos governo municipal e estadual do Rio e a mídia nativa.

Sergio disse...

Hahahahahhaah O que o PIG não faz para divulgar a presença de Obama, a última é que Cabral COBRA de Obama presença do Brasil no Conselho de Segurança.

Vixe e não que agora o Brasil entra com a cobrança de Cabral. Assim que Obama chegar aos States pedirá uma reunião e anunciará que o fato de o governador do Rio ter cedido a Cinelândia para falar os nativos do outro lado do Rio Grande, o Brasil terá o seu assento garantido., afinal as favelas estão pacificadas, Obama andou no Rio e não tinhja bala perdida, visitou o Cristo e banhou-se no mar fluminense.

Obama é a prova cabal de que o país deixou de ser primata e está preparado para entrar no CS.

Ora mídia nativa, me faça uma garapa, viu? Odeio quando me fazem de idiota.

Cristiana Castro disse...

Na Cinelândia????? Isso é falta de respeito. Além disso é o fim da linha, revistar as pessoas, pedir identificação, determinar o não uso de bolsas e mochilas, posicionar atiradores de elite nos prédios, espalhar agentes... Pô, pq não vai discursar num auditório? O cara tá pensando que tá em casa. Alguém aqui já foi revistado na Cinelândia???? Então o sujeito quer fazer um comício, no meu país, no meu Estado, na minha cidade e eu é que tenho que me submeter???? Quer dar ordem ou compra um cachorro ou fique em casa. Palhaçada!

Voidacarol disse...

Acho que seria um bom momento para nós brasileiros comparecermos carregando cartazes que chamem a atenção do mundo para a tortura que está sendo aplicada DENTRO DE TERRITORIO AMERICANO ao soldado Manning (aquele preso por suposto vazamento de segredos ao Wikileaks).

Bradley Manning é interrogado dia e noite, mantido nu em uma cela solitária, para confessar que forneceu documentos secretos e é um inimigo da pátria, para que possam condená-lo à morte. E Obama declarou que essas técnicas são normais, não existe tortura.

Lembremos que, graças a esses vazamentos, o you tube pode mostrar soldados americanos, a bordo de um helicóptero, fazendo tiro ao alvo em civis, inclusive jornalistas. E que os telegramas do Departamento de Estado nos abriram os olhos para o papelão que políticos e "jornalistas" brasileiros fazem, oferecendo opiniões e lambendo as botas de qualquer americano que aqui se apresente.

Freitas disse...

Pois é. Tomara que esse cara não venha objetivando reativar a ALCA, pois nada pode se esperar dos yanques que não seja reinvindicações pelas causas de seus interesses imperialistas. Vade retro Satanaz. O Brasil hoje está em outra era não subserviente graças ao Lula e agora à Presidenta Dilma em quem votei.

Luiz Sérgio disse...

Obama não é o presidente dos sonhos dos conservadores e imperialistas mais ferozes dos Estados Unidos.
Talvez por isso, é de se esperar algumas concessões para vencer as resistências e consiga levar seu governo até o final.
É possível que Dilma e Obama reconheçam que estão em posições semelhantes e sejam movidos pela solidariedade pessoal.
Mas, todavia, contudo, entretanto, as concessões que o Obama faz e fará ao establishment do poder ianque afetam os destinos de todos os países do mundo. E ainda assim não vencerá os preconceitos.
É um jogo duríssimo.
Ele sabe que se não rezar pela cartilha da dominação imperialista ele não termina o governo, e ainda perder a vida.
Quem vencerá? O Obama idealista ou o Obama imperialista.
Quem viver verá.

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