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domingo, 26 de dezembro de 2010

A oposição e o quarto mandato

A oposição começou mal a enfrentar o governo Dilma Rousseff — que sequer tomou posse, aliás.

A atual idéia fixa da oposição é o retorno de Lula em 2014. O presidente admitiu essa hipótese de forma bastante vaga numa entrevista mas foi o suficiente para que comentaristas e porta-vozes da oposição acendessem uma luz vermelha, assumindo o tom de quem faz uma denúncia grave.

Essa postura é preocupante — do ponto de vista dos brasileiros que não gostam do PT, não votaram em Dilma nem querem a volta de Lula ao Planalto. É mais reveladora das fraquezas da oposição do que de excessivos apetites da situação.

Considerando que a lei autoriza que um presidente só dispute uma reeleição, mas nada diz sobre uma nova tentativa quatro anos mais tarde, não se compreende tamanho alvoroço em torno dessa possibilidade. Estamos falando de uma hipótese legal, que não pode ser encarada como uma espécie de ameaça a democracia.

O simples fato de Lula cogitar um eventual retorno à presidencia — coisa que nenhum outro presidente vivo poderia sequer sonhar em fazer — já é uma advertência para as dificuldades futuras dos oposicionistas. Ao lembrar essa hipótese de forma tão veemente, eles já demonstram o pouco apreço por seus possíveis candidatos, concorda?

A questão é política, porém.

Todos consideram a alternancia de partidos no poder como uma prática saudável das democracias mas ela não pode, obviamente, sobrepor-se a vontade popular. Quando o eleitorado manifesta, com toda clareza, sua vontade de manter um determinado partido no governo — ou enxotá-lo para casa na primeira oportunidade — a única atitute aceitável é respeitar essa decisão. Quem não foi vitorioso, tem a chance de preparar-se melhor para uma nova oportunidade no pleito seguinte.

A democracia americana é bastante rica neste aspecto. Entre 1933 e 1969, isto é, durante 36 anos, o Partido Democrática emplacou todos os presidentes dos Estados Unidos, com uma única excessão, Dwight Eisenhower, que governou o país por dois mandatos, entre 1953 e 1961. A conta é simples: entre 9 mandatos possíveis, os democratas ficaram com sete.

Como isso foi possível? A partir do New Deal de Franklin Roosevelt, que tirou o país da depressão e lançou as bases do Estado do bem-estar social nos Estados Unidos, formou-se uma maioria que unia trabalhadores e a classe média que os adversários republicanos tinham uma imensa dificuldade para combater. Os conservadores fizeram burradas memoráveis — como denunciar o New Deal como uma ponta-de-lança do comunismo — mas enfrentavam uma situação dificil, de qualquer modo, pois a população não parava de dar sinais de que estava satisfeita com os governantes. Os democratas ficaram com a Casa Branca por cinco eleições consecutivas.

Mesmo quando perdiam eleições presidenciais, venciam a disputa pelo Congresso, conservando boa parte de seu poder de influir nas decisões do país.

Ninguém deve nem precisa comparar o Brasil de Dilma Rousseff com os Estados Unidos daquele tempo. É outro país e outra conjuntura e muitas outras coisas.

Mas a oposição deveria acautelar-se. O simples gesto de levantar o fantasma do retorno de Lula lembra uma nova versão da estratégia adotada em 2007, quando o presidente iniciou o segundo mandato e a oposição começou o coro de que ele pretendia disputar um terceiro.

Pelo bem do país, e dela própria, a oposição faria um serviço melhor se procurasse encontrar razões para convencer o eleitorado a mudar de voto na próxima eleição. Concorda? Paulo Moreira Leite - Revista época

11 Comentários:

Francisco Xarão disse...

Por outro lado isso mostra também que a situação precisa mostrar ao pais que não se trata de um nome, mas um projeto de pais. Evidente que quem melhor representou esse projeto até agora foi Lula e que ele pelo que fez tem toda a legitimidade de, se quiser, pleitear mais um mandato no atual arcabouço juridico-eleitoral. Mas a Dilma ainda nem começou o governo e sabe-se lá se não estamos diante de outro fenômeno do projeto desenvolvimentista. O fato é que a oposição está naquela situação em que se correr o Lula pega se ficar a Dilma estraçalha kkkkkkkkkk

Tovar disse...

O PSDB podia dar exemplo largando o osso em São Paulo, rsrsrsrsr

Celso disse...

O post é interessante, mas carece de uma revisão gramatical. Parei de ler no "excessão".

Scarlett disse...

Por temor desta ascensão petista é que hj o PSDB fala em "refundar" o partido (ou seja trocar o lixo, conservando as moscas) e promover medidas sociais que se oponham às medidas petistas, nos estados que serão governados por tucanos.Com toda esta situação quem ganha é a própria Democracia, mas sem esquecer que quando os tucanos estavam no poder aumentaram o fosso social sem falar das perseguições aos governos petistas. Quanto à revisão gramatical acho que todo mundo se confunde depois de ficar muito tempo em frente ao monitor. Helena obrigada pelas postagens e um excelente 2011.

Malú disse...

Não adianta, a oposição tem idéia fixa e vai falar da volta do Lula como falou do terceiro mandato, só parando quando se esgotaram todas as possibilidades. Fazer o que se a oposição curte essa paixão louca pelo Lula que ela confunde com ódio?

luiz disse...

chora direitarada...

ARLINDO disse...

Bom dia! Eu acho que vcs deveriam dar uma olhada neste video e prestem atenção a cutucada que o Ricardo noblat deu no Roberto Freire em entrevista ao Roda Viva; E olha que o Ricardo Noblat é do jornalão O GLOBO; Se quiserem pode postar aqui.
http://www.youtube.com/watch?v=MWfI5eTjn8U

MARCOS BICALHO disse...

Tem jente que tem medo do conteúdo e, portantu, se prelcupa muinto com a forma. Ou, o contrario: as pessoa se prelcupam muito com as aparência que perderam a capassidade de enchergar o conteldo. O conteúdo é perigoso, a verdade maltrata. A imprensa fica raivosa em cima do governo federal, no justo dever de fiscalizar e denunciar, abafa os erros de seus aliados nos estados e municípios e carrega uma oposição fraca nas costas. Um país sem oposição com qualidade é um país sem rumo nas horas de perigo. Os jornalistas no papel de oposição desgasta a credibilidade da imprensa. A oposição equilibra as decisões do governo. O Brasil está perigosamente abandonado sem esse auxílio.

Haroldo Cantanhede disse...

Só nas mentes distorcidas da nossa direita egoísta a "idéia" da "alternância" no poder tem algum sentido; elitistas, privatistas e entreguistas, submissos ao capital estrangeiro, donos de um profundo desprezo em relação ao povo e ao país, eles crêem (por incrível que pareça) que o povo é bobo, como gostaria a rede globo. Primeiro, as pessoas já não dão todo este crédito à mídia, que sustentaria o retorno da direita ao poder para acabar de vez com o Brasil e o povo. Segundo, porque este mesmo povo, que vota, entendeu que o governo do PT e de seus partidos coligados, com o presidente Lula, José Alencar e seus ministros fez o país avançar em áreas onde, há décadas, não se via qualquer avanço, porque nossas elites só sen sentem bem se estiverem cercadas de miseráveis. E nosso povo não quer isso. Esta cegueira, misturada à clássica arrogância e prepotência dos "expoentes" da nossa direita virulenta e golpista é que será o seu fim. Fim, por sinal, que aguardo com ansiedade. Seus sonhos de ver o pobre gemendo, rastejando, sem esperança, para sempre, estão no fim. E que Dilma Rousseff seja muito bem-sucedida no seu governo que começa agora em Janeiro.

Ary disse...

O planejado não era o Baixaria ir para os EUA organizar a oposição e voltar nos braços do povo? Pelo que soube (está filmado e gravado)Serra voltaria e seria recebido por Lula (arrependido) e por FHC no aeroporto.

Dirckdisse disse...

Oposição vive um dilema milkshakespiriano: não pode torcer nem armar contra o governo Dilma, porque se ela for bem se reelege, se for mal Lula volta.

Sinuca de bico.

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