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domingo, 14 de novembro de 2010

As oposições depois da eleição

Os resultados das eleições foram ruins para as oposições. E a catástrofe só não foi maior porque uma de suas principais lideranças ficou preservada. Se não fosse a vitória de Aécio em Minas, o panorama seria pior.

As eleições para os governos estaduais não são um consolo. O fato de o PSDB ter mantido o controle do Executivo em São Paulo, em Minas, em Alagoas e em Roraima, tê-lo conseguido no Paraná e o recuperado em Goiás, no Pará e em Tocantins, é relevante, mas não muda o quadro. Assim como não o alteram as vitórias do DEM em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte.

Nenhum desses resultados tem projeção significativa fora das fronteiras de cada estado, a não ser, talvez, a mudança de status de Beto Richa, que passou de ator municipal a estadual. Em São Paulo e em Minas, a troca de guarda nas administrações tucanas se deu com a substituição de personagens nacionais (Serra e Aécio) por figuras de expressão menos abrangente ou em início de carreira (Alckmin e Anastasia). Nos demais estados, o fato de um partido estar ou não no governo quer dizer pouco para a vida política brasileira (por mais relevante que seja no plano local).

As oposições se estadualizaram e perderam importância nacional. No Senado, diminuíram de tamanho e de capacidade de expressão, com a derrota de alguns de seus representantes mais emblemáticos. Na Câmara, seu recuo foi ainda mais dolorido, pois não era esperado.

Na nova Legislatura, as oposições não conseguirão impedir mudanças constitucionais, e nem instaurar ou bloquear CPIs, duas das prerrogativas que possuem. A menos que consigam se aproveitar das fissuras que existem no condomínio governista, pouco lhes resta, a não ser um papel simbólico.

Não é sempre ruim, para uma oposição, ser pequena. No autoritarismo, pode até ser motivo de orgulho, sinal de como é difícil resistir, e da coragem de seus integrantes, como nos mostrou, em passado recente, Ulysses Guimarães. Na democracia, contudo, o caso é outro. Oposição pequena é apenas consequência da indiferença da maioria para com suas propostas e candidatos, e da preferência dos eleitores pelo governo.

O resultado da eleição presidencial é o pior. Perder pela terceira vez consecutiva é preocupante, pois mostra que faz muito tempo que ela não consegue responder ao sentimento majoritário das pessoas. Ficar 12 anos longe do poder quer dizer, entre outras coisas, ir sumindo da referência do cidadão comum, deixar de ser uma alternativa concreta e real. Começa a ser um jogo em que você só tem chance se o adversário errar.

Ter perdido como perderam é ainda mais negativo. Sozinhas, as oposições fizeram menos de 30% do voto total no primeiro turno e só foram ao segundo por obra de Marina Silva. Voltando às metáforas futebolísticas, foi como um gol em que a bola é mal chutada, mas entra, depois de esbarrar no juiz, desviar no defensor e tocar na trave. O gol vale, ainda que o atacante comemore cheio de vergonha.

Do fim do primeiro turno ao segundo, a campanha de Serra fez um desserviço ao país e prejudicou as oposições no longo prazo. Procurando navegar nos sentimentos mais retrógrados de nossa sociedade, apostou no atraso e se esqueceu de sua biografia. Acabou protagonista de cenas lamentáveis.

Foi uma candidatura errada do começo ao fim. E que quer, agora, uma sobrevida errada. Com ela, as oposições perderam a possibilidade de se renovar e se apresentar ao eleitorado com conteúdo e imagem nova.

Antes de partir em viagem de descanso, Serra disse que não considerava cumprida sua missão e que se despedia com apenas um "até breve". Para ele, ao que parece, seria natural assumir a liderança das oposições ao governo Dilma e voltar a ser candidato a presidente em 2014.

Talvez para ele. Mas não para toda a oposição e, muito menos, para a importante parcela da opinião pública que se identifica com ela.

Só os mal informados achavam que Serra era a solução para as oposições nas eleições deste ano. Agora, qualquer um vê que ele é o problema. Não é o único, mas um dos maiores.Marcos Coimbra

7 Comentários:

Conceição disse...

Mas o pior imposto é o ICMS.
PARA ESTAR AQUI OU EM QUALQUER LUGAR DA INTERNET, PAGÁVAMOS 25% DE ICMS. SEJA BANDA LARGA OU CONEXÃO DISCADA.
O ICMS é estúpido, indecoroso,...e não aplicado na saúde ou em outro programa social.
O ICMS aplicado na internet brasileira era 66 vezes maior do que a CPMF, ou seja:
CPMF - 0,38
ICMS - 25,0
Portanto o pior imposto é o mais caro, é o ICMS.
Adib Jatene para Paulo Skaf (FIESP):
"Por que vocês não combatem a COFINS, que tem alíquota de 9% e arrecada R$100 bilhões? É que a CPMF não dá para sonegar."

vinícius disse...

O artigo do Marcos Coimbra é ótimo. Também penso que o Serra foi um grande problema para o PSDB. Porém, consiguiu marcar posição para outros grupos de oposição. Especialmente para os mais radicais.
Para estes grupos, o Serra cumpriu excelente trabalho.

victor lopes disse...

EU sempre vou discordar de qualquer comentário que mencione a tal biografia do candidato derrotado(me nego a citar seu nome) .Esse indivíduo tem um passado nebuloso desde 1964, mais nebuloso ainda sua vida no exterior, custeada por verbas que ninguém sabe a procedência,bolsas de estudos ganhas com empenho e interferências pouco salutares as democracias da época, nao preciso citar.
Portanto fica aqui registrado meu protesto contra o paragrafo que se refere a biografia do ex candidato.

Filipe disse...

Vale lembrar, que a situação do PSDB em Minas não ficou pior porque o PT ajudou bastante. Em 2008 apoiou o Lacerda para a prefeitura de BH e em 2010 apoiou um candidato que todos sabiam que ia perder o governo de Minas (Hélio Costa).

Ana disse...

Vejam aí que as oposições JÁ TÊM boa avaliação da própria derrota.

De fato, há aí boa frase, até, para a nossa vitória: somos o atacante que ganha o gol, na súmula, mas sabe que o gol foi resultado, mais, de frango do goleiro do que de acerto do atacante.

Continuo com aquela pergunta do Emb. Arnaldo Carrilho atravessada na alma: de onde, diabos, saíram os 42 milhões de votos pro Serra?

Taí. Saíram DE ONDE, aqueles votos, num momento em que o governo Lula tinha 80% de aprovação? Enquanto não resolvermos esse problema, continuaremos sem saber o que fazer.

Tovar Nogueira Fonseca disse...

Pode até não ser nada, mas como sou bobão, mando assim mesmo.

Propaganda da Petroleira Chevron no Brasil?

São 23:45 e estava vendo o Discovery Channel quando passa uma propaganda da Chevron falando que ela investe em economias locais e que a Chevron pensa como os operários.

Ui que meda. Será que o Serra ganhou e eu não to sabendo de nada? Ou será que o dinheiro vai correr solto por aí?!

Eason Nascimento disse...

Serra não deve conseguir seus objetivos, que é continuar sua luta para chegar à Presidência da República. Por tudo que mostrou na campanha, seus "aliados e correligionários" vão querer outra opção.
http://easonfn.wordpress.com

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