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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O ano da casa própria

Os brasileiros que vinham adiando a compra da casa própria por falta de uma boa linha de crédito podem começar a se mexer. Se prevalecer o que prometem o governo e os bancos privados, haverá uma oferta maciça — e recorde — de financiamento neste ano: R$ 78,3 bilhões, dos quais R$ 45 bilhões da caderneta de poupança, R$ 24 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e R$ 9,3 bilhões do Orçamento Geral da União. Se comparados apenas os recursos liberados pela poupança e pelo FGTS em 2009, de R$ 50 bilhões, haverá um crescimento de 38% nos desembolsos. “Sem dúvida, teremos um ano excepcional para a habitação”, diz o Ministro das Cidades, Márcio Fortes.

Como o grosso dos empréstimos vem de linhas desvinculadas das taxas de mercado e somente o FGTS liberará R$ 3 bilhões para subsídios à população de mais baixa renda, não há perspectivas de encarecimento do crédito imobiliário. Ou seja, os juros deverão continuar oscilando entre 5% e 12% ao ano além da variação da Taxa Referencial (TR). Também a expansão dos prazos de pagamento para até 30 anos não deve ser freada. “Esse alongamento é reflexo da estabilidade da economia”, não se cansa de repetir o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

O que chama a atenção do mercado é que a montanha de R$ 78 bilhões beneficiará famílias de todas as faixas de renda, das mais pobres, atendidas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, até as que pretendem financiar imóveis avaliados em R$ 500 mil. “As classes média e média alta terão à disposição o dinheiro da poupança e os menos favorecidos, do FGTS(1) e do Orçamento da União”, explica o ministro das Cidades. E que ninguém se espante, diz ele, se, ao fim de 2010, o total de empréstimos liberados superar o previsto. “Nos últimos anos, os desembolsos superaram todas as estimativas. E isso certamente se repetirá em 2010”, enfatiza.

1 - Recuperação
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço pôde liberar mais recursos para a casa própria neste ano devido à recuperação do mercado de trabalho. No início de 2009, o governo ficou apreensivo com os saques maciços feitos por trabalhadores vitimados pela crise econômica mundial. Mas, a partir do segundo semestre, com a criação de mais de 1 milhão de vagas formais, o FGTS voltou a ficar no azul, fechando o ano passado com arrecadação líquida próxima de R$ 7,5 bilhões — um recorde.

Programa deve decolar

O ministro das Cidades, Márcio Fortes, diz “Desde março de 2009, quando foi o programa foi lançado, houve um processo de preparação. Agora, o avião está pronto para decolar e voar em céu de brigadeiro”, diz. Segundo ele, até o dia 24 de dezembro, havia 3.060 empreendimentos em análise pela Caixa Econômica Federal, totalizando 619,3 mil imóveis, avaliados em R$ 36,8 bilhões. É quase o triplo das 247,9 mil moradias já aprovadas. “Muita gente reclamou da demora para o programa andar. Mas o processo não é tão simples como se pensa. Envolve o governo federal, estados, municípios, os Legislativos locais, a Caixa e as empresas”, acrescenta.

Os dados contabilizados pelo ministério até agora, afirma Fortes, derrubam a tese de que o programa fracassaria no atendimento às classes de mais baixa renda, a primeira, com rendimento até três salários mínimos (R$ 1.530 por mês), a segunda, com ganho mensal entre três e seis mínimos (R$ 1.530 e R$ 3.060). Dos projetos já aprovados pela Caixa, 60,61% vão beneficiar o primeiro grupo e 31,4%, o segundo. Ou seja, menos de 10% dos empreendimentos estão voltados para a faixa entre seis e 10 salários (R$ 3.060 e R$ 5.100), apontada como filé. Outro dado relevante: 38% dos projetos em análise pela Caixa serão tocados na região Nordeste, onde se concentra parcela importante do público de menor renda.

O ministro ressalta que o programa está sendo liderado pelas 13 maiores construtoras do país e não será surpresa se o número de imóveis construídos por meio do Minha Casa, Minha Vida passar de 1 milhão. “As empresas estão construindo verdadeiros bairros ou minicidades, empreendimentos com 5 mil unidades, para abrigar, em média, 20 mil pessoas”, destaca.correio

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