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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lula rouba a cena com discurso divertido e emocionado no Prêmio Brasil Olímpico

O Presidente Lula foi a grande atração do Prêmio Brasil Olímpico, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Em um discurso bem descontraído, Lula foi ovacionado pelo público e deixou o palco aplaudido de pé após receber o prêmio de personalidade olímpica de 2009.

- O Brasil não vai chegar às Olimpíadas com a cara lambida para disputar meia dúzia de merreca de medalhas. Cada cidade tem que se transformar numa cidade olímpica. Em cada favela do Rio de Janeiro, vamos pegar aquele garoto que gosta de bater nos outros e levá-lo para lutar boxe. Não serei mais presidente a partir do dia 31 de dezembro do próximo ano, mas como cidadão brasileiro, tenho a obrigação de dedicar cada minuto da minha vida para ajudar vocês que estarão no governo a fazer dessa edição das Olimpíadas a mais organizada do mundo. Temos uma coisa que eles não têm. Temos uma alma do tamanho do Pão de Açúcar, um coração que pode fazer a diferença.

Lula chegou ao Maracanãzinho às 20h10m, cerca de duas horas após o início do evento. Antes, ele havia inaugurado o busto em homenagem a João Saldanha, na calçada da fama do Maracanã. E já mostrou estar com a popularidade em alta. O presidente da República foi anunciado e recebido de pé pelo público. Algumas pessoas na arquibancada chegaram até a puxar o tradicional grito "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".

O presidente se sentou ao lado do Ministro do Esporte, Orlando Silva, e do Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e assistiu à parte final da premiação. Lula subiu ao palco para premiar Cesar Cielo e Sarah Menezes, eleitos os melhores atletas brasileiros de 2009. Depois, recebeu o prêmio de personalidade olímpica e foi para o pronunciamento de encerramento. O presidente ignorou o protocolo, não quis ler as palavras escritas por seus assessores e começou um divertido discurso, que durou 28 minutos.

- Está aqui um calhamaço por escrito, mas vou dizer apenas algumas palavras - disse Lula mostrando e guardando o discurso oficial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou, então, a roubar a cena. Falando de improviso, ele contou os bastidores da disputa pelas Olimpíadas de 2016, em Copenhague, na Dinamarca.

Estava muito preocupado. O Brasil já havia perdido três vezes e sabia que existia um preconceito contra a gente. No dia da disputa, desce o avião do Obama e só mostravam o avião na TV. Não entendia nada o que eles falavam na TV, mas aquele avião apareceu mais do que eu. Era avião para cá, avião para lá. Pensei: 'o homem veio, vai ser difícil'. Começou a disputa e tinha tradutor, mas nem queria ouvir. Queria ver nos olhos mesmo. E aí vi que o projeto do Rio tinha mais emoção que o de Chicago. Depois veio o do Japão e foi naquela animação só (risos gerais). Vamos dizer que a animação deles não é como a nossa. Mas quando vi o nosso vídeo pensei: 'barbaridade, não tem para ninguém'.

Lula também explicou como foram os momentos finais da disputa quando o Rio de Janeiro disputava contra Madri, capital da Espanha. Animado, o presidente brincou até com a influência do espanhol Juan Antonio Samaranch, presidente do COI entre 1980 e 2001.

- Já não acreditava em Madri porque Londres está realizando em 2012 e a Itália quer realizar em 2020. Não poderiam ter três Olimpíadas seguidas na Europa. Mas quando saiu a cidade do homem (Chicago, do presidente americano Obama) e depois Tóquio, vieram com a dúvida porque tinha um dirigente do COI (pausa)... Samaranch (após uma ajuda de Nuzman), que está lá há 140 anos. Disseram que esse cara mandava em todo mundo, que iriam votar em Madri por causa dele. A minha sorte é que a somatória da idade do João Havelange e do Nuzman era maior que a idade dele e aí sabia que dava para ganhar essa coisa (risos).

Luiz Inácio Lula da Silva revelou que se emocionou na hora do anúncio oficial e da vitória do Rio de Janeiro.

- Presidente, vocês sabem como é. Não pode chorar. Então toda hora pegava o lenço e fingia que ia secar a testa. E ia com o lenço até o rosto (Lula mostrou como enxugava as lágrimas). Quando aquela menina veio com o envelope... aqueles 15 segundos daquela pessoa andando. Nossa... Mais a lerdeza do rapaz para abrir o envelope. Parecia cartão de crédito vencido ou a notificação da Receita Federal para o pagamento da restituição do Imposto de Renda. Demorava... Na hora que ele anunciou eu confesso que descobri que eu nunca vou morrer de infarto. Caso contrário, teria morrido naquela hora com toda a emoção - disse.

O presidente da República, então, passou a falar sério. E cobrou uma mobilização para fazer do Brasil uma potência olímpica. Nos últimos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, o Brasil conquistou 15 medalhas - três de ouro, quatro de prata e oito de bronze - terminando na 23ª colocação do quadro de medalhas.

O Brasil não vai chegar às Olimpíadas com a cara lambida para disputar meia dúzia de merreca de medalhas. Cada cidade tem que se transformar numa cidade olímpica. Em cada favela do Rio de Janeiro, vamos pegar aquele garoto que gosta de brigar, de bater nos outros e levá-lo para lutar boxe. Vamos treiná-lo para ganhar uma medalha de ouro lutando boxe – afirmou Lula, arrancando aplausos entusiasmados da plateia no Maracanãzinho.

- Precisamos da ajuda dos empresários. Uma empresa que resolve patrocinar um medalhista não está ajudando o esporte, mas sim, está explorando a imagem do atleta. Quero ver o empresário pegar o "Zezinho aqui de Manguinhos" e transformá-lo em um atleta olímpico. É preciso ajudar a financiar o esporte no país - completou.

Lula também fez questão de lembrar que um verdadeiro campeão não é apenas aquele que ganha uma medalha olímpica. E citou como exemplo o ginasta Diego Hypolito, que estava na plateia e se emocionou.

- O Diego não ficou diminuído por ter caído em Pequim. Aquilo foi um incidente. Você, Diego, é bom apesar daquilo. A gente não pode medir um ser humano que luta a vida inteira porque em um momento as coisas não deram certo para ele - disse.

O presidente reclamou dos brasileiros que não acreditam no sucesso do país.

- Sabe aquele cara que tem um sapato e sempre reclama que ele está apertado? É um tipo de gente tão azedo que está sempre de mal com a vida. Nada no Brasil serve e tudo lá de fora é melhor. Falavam que o Brasil não tinha condições de realizar as Olimpíadas, que a gente não tinha estrutura, que tinha a violência. Aquilo mexeu com os meus brios. O Rio não devia nada a ninguém. Mas a gente não acreditava e chegava lá já derrotado, de cabeça baixa.(Enviado pela leitora Ana - Do G1)

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