De Copenhague, na coluna Mercado Aberto, Maria Cristina Frias informou ontem que "as críticas de Dilma Rousseff à dinamarquesa Connie Hedegaard, presidente da COP-15, deixaram-na acuada". Foi em reunião "tendo a ministra à frente" dos representantes de China, Índia e outros, cobrando "com firmeza e sempre com o mesmo tom de voz" a participação no documento final da conferência.
Ontem pela manhã, a presidente "renunciou"(acusada de privilegiar países rico) e deixou a tarefa ao próprio primeiro-ministro dinamarquês, Lars Rasmussen. Antes divulgou novo esboço, recebido como mais uma "manobra dinamarquesa", com um texto que "caiu do céu", na expressão do enviado chinês, segundo a Reuters.No fim do dia, Rasmussen se reuniu com Lula.Nelson de Sá
Dilma disse...
Dilma reclama maior inclusão de países na COP-15
Diplomatas, não só do Brasil, comentavam ontem em Copenhague que as críticas da ministra Dilma Rousseff e de ministros da China, Índia e de alguns países africanos a Connie Hedegaard, presidente da COP-15, deixaram-na acuada e com necessidade de mostrar transparência.
Anteontem, representantes daqueles países, tendo à frente a ministra Dilma, chefe da delegação do Brasil, tiveram uma dura reunião com a dinamarquesa Hedegaard.Em uma mesa com apenas 15 pessoas em uma pequena sala do Bella Center, a ministra brasileira foi a primeira a falar.
Pedindo licença para falar em português, apesar de saber corrigir a intérprete, Dilma iniciou falando em nome dos representantes de países em desenvolvimento ali presentes.
"Queremos o sucesso dessa reunião", afirmou. E pediu que se voltasse a discutir o Protocolo de Kyoto e que houvesse participação no esboço final
"O documento que será submetido a nossos presidentes e primeiros-ministros não pode ser obra acabada de que não tenhamos discussão antecipada", disse. "Não pode", corrigiu a ministra, quando a tradutora alterou suas palavras.Com firmeza, e sempre com o mesmo tom de voz, Dilma acrescentou que "não queremos que haja problemas, como boicote, que ameace esta conferência".
"Reiteramos que desejamos sucesso da conferência e, para isso, deve-se assegurar participação efetiva, com transparência e inclusão, seja na discussão e também na elaboração a ser entregue a nossos chefes de Estado. Essas condições interessam a nossas conveniências individuais e vão interessar também à direção da conferência, ok?", disse a ministra.
Ao encerrar, Dilma pediu aos colegas que se manifestassem se tivessem observações.Connie Hedegaard respondeu que "toda a proposta é garantir inclusão e transparência. Não tenho interesse em não consultar vocês".O representante da Índia quase se exaltou. "Não tenho mandato para transferir a você a responsabilidade de fazer o acordo", disse."Queremos ser parte do esboço final", retrucou um dos africanos.
Obama liga para Lula para discutir COP15
O Presidente Lula conversou na noite passada por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para tentar salvar o Protocolo de Quioto no acordo político que poderá ser firmado amanhã (18), último dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) em Copenhague.
Segundo uma fonte ligada a Lula, na conversa, que durou cerca de 30 minutos, o Presidente fez um apelo para que Obama reconheça as diferentes responsabilidades dos países ricos e das nações em desenvolvimento para combater o aquecimento global. Os Estados Unidos já disseram que não vão subscrever o Protocolo de Quioto. No entanto, o Brasil quer que os EUA não pressionem outras nações desenvolvidas a deixar as regras do protocolo para aumentar o comprometimento com ações futuras dos países emergentes.
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