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segunda-feira, 6 de julho de 2009

É Ciro aqui e Dilma lá


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) já tomou as primeiras providências necessárias para troca de domicílio eleitoral de Fortaleza para São Paulo, abrindo caminho à disputa do governo do Estado, em uma estratégia de partidos aliados do Presidente Lula para enfrentar os corruptos tucanos que estão enraizados em São Paulo.

O prazo final para a transferência é um ano antes das eleições, que serão realizadas no primeiro domingo outubro de 2010. No entanto, a residência mínima de três meses no novo endereço é requisito para a troca, segundo o Código Eleitoral. Para cumprir a exigência, Ciro já providenciou imóvel em seu nome, garantindo comprovante de residência. "Já deve ter conta de luz no meu nome", disse ele na semana passada.

As conversas entre PT, "bloco de esquerda" (PSB, PDT e PC do B) e partidos aliados em São Paulo estão avançadas. Falta, ainda, uma conversa decisiva entre o Presidente Lula o governador Eduardo Campos (Pernambuco), presidente nacional do PSB. Lula tem dado sinais de que apoia a candidatura Ciro por São Paulo, mas falta oficializar a decisão.

Ciro trabalha com a hipótese de transferir seu domicílio eleitoral dentro do prazo e deixar para depois a definição sobre a candidatura. No Ceará, governado por Cid Gomes (PSB), seu irmão, Ciro teria um leque menor de opções, pela regra de inelegibilidades. Segundo a Constituição (artigo 14), cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, de presidente da República, governador e prefeito são inelegíveis, no território de jurisdição do titular. Como exceção, a pessoa pode concorrer à reeleição, se já for titular de mandato eletivo.

Mantendo domicílio eleitoral no Ceará, portanto, Ciro poderia concorrer apenas a presidente e vice-presidente e à reeleição como deputado federal - alternativa que ele rejeita totalmente, "por falta de aptidão". Em São Paulo, teria, além das anteriores, outras opções: governador, vice-governador, senador e até a deputado estadual.

A ideia de Ciro disputar o governo paulista partiu do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Nasceu pela falta de nome competitivo da oposição ao governo José Serra (PSDB) para disputar com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB


Para avaliar as chances do deputado, aliados de São Paulo encomendaram ao Ibope pesquisa de opinião pública no Estado. Ciro aparece com 18%, mesmo percentual da petista Marta Suplicy, que não quer concorrer. Os outros nomes desse grupo (PT e bloquinho) ficam bem atrás. O prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT), lançado por 15 dos 19 deputados estaduais do PT, aparece com 3%.

O lançamento de Emídio não suspendeu as negociações entre PT e aliados. Segundo o líder na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (SP), o partido apresenta o prefeito de Osasco, mas deve estar aberto a discutir as opções dos parceiros. "E ver qual o melhor nome para dar consistência a um programa de desenvolvimento, criação de emprego e geração de renda para o Estado, que cole São Paulo ao Brasil, rompendo com o núcleo que o governa há quase 15 anos", disse.

Nesse contexto, Ciro "é visto com respeito pelo PT", por sua história e compromisso com o projeto do governo Lula. De acordo com outros dirigentes nacionais do PT, o forte discurso do deputado cearense contra os tucanos pode "empolgar" a base do partido em São Paulo. Há, por outro lado, certo receio de seus "rompantes". O PT já foi alvo de críticas do deputado.

A eventual candidatura em São Paulo tiraria Ciro da eleição para a Presidência da República, o que seria conveniente à campanha da ministra Dilma Rousseff ."Ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Integração Nacional da Lula e duas vezes candidato a presidente, Ciro contabiliza também a seu favor os cerca de 3,5 milhões de nordestinos que vivem na capital paulista (27% do eleitorado da cidade).

O deputado não acredita que os ataques desferidos por ele contra a elite econômica de São Paulo prejudiquem uma eventual candidatura sua ao governo do Estado. "Eu cobro palestras a empresários. Eles me convidam e pagam. É um indicativo, no mínimo, de respeito."

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