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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Tucano contra tucano na CPI do PSDB

Os tucanos Arthur Virgílio (AM) e Álvaro Dias (PR), autor do pedido de criação da CPIda Petrobrax, protagonizaram ontem a primeira discussão pública da guerra que os dois vinham travando nos bastidores. O que está em jogo é a decisão de se devolver para a base aliada o cargo de relator da CPI das ONGs, nas mãos de Arthur Virgílio há duas semanas. Os senadores da base aliada condicionam a abertura da CPI da Petrobras à entrega do posto.

Numa manobra pessoal, o presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), colocou Arthur Virgílio na relatoria da comissão que dirige há dois anos sem grandes avanços e sem conclusão. Dessa forma, pretendia revitalizar essa comissão e, por tabela, chantagear o governo a ceder a presidência da CPI do PSDB. A manobra, porém, mostrou-se de alcance curto. Diante do que consideraram um "golpe", a base aliada boicotou, anteontem, a sessão da CPI das ONGs e, ontem, a da CPI tucana, marcada para escolher o presidente e o relator dos trabalhos. Sem a presença de pelo menos seis senadores, a sessão de qualquer CPI do Senado não ocorre.


Heráclito Fortes foi o primeiro oposicionista a cogitar do recuo como uma saída para encerrar o impasse. Após a frustrada reunião da CPI do PSDB, Álvaro Dias foi direto ao ponto. "O mais importante é que não tenha pretexto para serem utilizados (pela base aliada)", respondeu Álvaro, quando questionado sobre a possibilidade de devolver o cargo da CPI das ONGs para desatar o nó da comissão da Petrobras.

Álvaro Dias tem revelado a aliados seu desconforto com o impasse na CPI. Senador mais exposto em todo o processo, quebrou resistências e pediu, ao longo de dois meses, apoio de senadores do partido e do DEM à comissão. Mas, depois de três adiamentos sucessivos, corre o risco de a investigação naufragar. Segundo relatou a aliados, Álvaro Dias.


"Ninguém tem que sinalizar ou dar sinalização de nada", atacou o líder tucano, pouco depois, numa clara resposta a Álvaro Dias. "Ninguém tem projeto pessoal aqui", completou Virgílio, que reforçou a disposição em não deixar a relatoria da CPI das ONGs. Minutos antes, os dois tucanos sentaram-se lado a lado na sessão da CPI da Petrobrax. Segundo Álvaro Dias, Arthur Virgílio havia se mostrado disposto a deixar o posto. O líder tucano, que cobrou "disciplina" do partido, disse que a estratégia para a CPI da Petrobrax será decidida na reunião da bancada, na próxima semana.

No fim da tarde, Álvaro Dias dirigiu-se no plenário do Senado ao líder do partido para desfazer um "mal entendido". Disse-lhe que a "ideia" de substituir a relatoria da CPI das ONGs era do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Mas o mal-estar entre os dois não foi desfeito.

De concreto, a briga na oposição deu um pretexto para que a base aliada adiasse, pela segunda semana seguida, o início da CPI da Petrobras. Sempre colado no PSDB, integrantes do Democratas não chancelaram em peso a investigação contra a estatal. Três dos 14 senadores da bancada não aderiram ao pedido de CPI. Apesar de sempre estarem presentes nas sessões, os tucanos também não colocaram a comissão como principal objetivo da agenda legislativa. Para alguns, a obstrução "seletiva" - quando alguns projetos do governo não são barrados por manobras regimentais - confirma uma disposição parcial sobre a CPI. (Correio)

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