Os laudos da Polícia Científica são, em tese, os documentos mais importantes de uma investigação. Agora, esse documento deve ser a base de defesa dos acusados, principalmente da cúpula do Consórcio Via Amarela e do Metrô.
Segundo promotores e peritos do IC ouvidos pela reportagem da Folha, o laudo foi desprezado porque parece ter sido feito sob encomenda para os investigados. Exemplos disso são duas informações --consideradas falsas por eles-- que amenizam a situação dos diretores do consórcio em relação às sete mortes.
Uma dessas informações é sobre o acionamento de um plano de emergência por parte do consórcio Via Amarela e o início da retirada dos vizinhos. "Teria sido iniciada a evacuação dos imóveis próximos ou nas adjacências do poço", diz trecho do documento.
À época, nem a Defesa Civil nem o consórcio disseram ter sido iniciada a retirada das famílias. "É como a queda de um avião. Não dá tempo de fazer nada", disse o engenheiro Carlos Maffei, consultor do consórcio, após o acidente.
Nos meses após a tragédia, a Defensoria Pública manteve contato com 145 vizinhos do acidente e nenhum deles contou ter recebido ordem para esvaziar seus imóveis no tal plano de evacuação, afirma a defensora Renata Tibyriça.
A Promotoria diz que não havia plano adequado e, por isso, o número de vítimas chegou a sete. Seis deles estavam na rua Capri, vizinha à obra.
Na Justiça, 5 dos 13 réus são acusados de negligência justamente pela ausência de tais medidas de emergência, entre eles Fabio Gandolfo (então diretor contratado pelo consórcio) e Marco Buoncompagno (então gerente do Metrô).
Motorista
O laudo do IC tem outra informação falsa: a de que o motorista Francisco Sabino Torres, 47, morreu na cratera porque "teria voltado ao interior do poço". Em depoimento ao Ministério Público, o também motorista José Arimatéia da Silva, 52 anos, disse que Torres estava na superfície, ao lado do caminhão, quando tudo ruiu. "Ele estava cinco metros à minha frente.
"Eles (do IC)não tinham a expertise necessária para elaborar o laudo. Por isso, é cheio de contradições", afirmou. Ele utilizou um relatório do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) --que, porém, tem a isenção questionada pois foi pago pelo Metrô, disse o promotor Arnaldo Hossepian Júnior
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