O Brasil registrou superávit em transações correntes, com saldo positivo de US$ 146 milhões em abril. O dado foi anunciado ontem pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, que já alertou: não representa uma mudança de tendência. No acumulado do quadrimestre, há um déficit em transações correntes acumulado de US$ 4,8 bilhões. "A expectativa para maio é de déficit de US$ 2,3 bilhões", disse Lopes. Apesar do "soluço" superavitário em abril ser considerado uma exceção pelo próprio BC, é indiscutível que há um ajuste em transações correntes.
O déficit em transações correntes do primeiro quadrimestre deste ano é 63,3% menor do que foi registrado em igual período do ano passado, quando obteve um saldo negativo de US$ 13,3 bilhões. Para todo 2009, o BC projeta um déficit em transações correntes de US$ 16 bilhões, frente os US$ 28 bilhões do ano passado.
O saldo positivo em transações correntes apurado em abril deve-se a dois fatores, destacou Lopes. O primeiro motivo é o ajuste na remessa de lucros e dividendos que atingiram US$ 1,7 bilhão em abril deste ano, frente US$ 3,7 bilhões em abril do ano passado. No acumulado do primeiro quadrimestre, lucros e dividendos consumiram US$ 5,2 bilhões, contra US$ 12,3 bilhões em igual período do ano passado. Para todo o ano, o BC projeta saída de US$ 15 bilhões em lucros e dividendos. Em maio, considerando resultado parcial até o dia 26, as remessas de juros somam US$ 580 milhões e as de lucros e dividendos alcançam US$ 2,3 bilhões. As remessas de juros somaram US$ 607 milhões no mês passado, quase o dobro dos US$ 333 milhões de igual período de 2008. Para juros, o BC projeta remessas de US$ 8,2 bilhões em todo o ano.
O segundo motivo que auxiliou a ajustar o resultado em transações correntes foi o resultado da balança comercial, com saldo positivo de US$ 3,7 bilhões no mês passado, frente US$ 1,7 bilhão em igual mês de 2008. No acumulado entre janeiro e abril, a balança comercial registra superávit de US$ 6,7 bilhões, quase 50% mais robusto que os US$ 4,5 bilhões de igual período do ano passado. É essa combinação entre balança comercial saudável e redução nas remessas de lucros que fez o ajuste em transações correntes, destacou o chefe do Departamento Econômico.
A chegada de recursos por meio de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somou US$ 3,4 bilhões em abril e atingiu US$ 8,7 bilhões no quadrimestre. Para maio, Lopes acredita que haverá um saldo de US$ 2,6 bilhões em IED, considerando que até ontem já havia ingresso de US$ 2,5 bilhões. "Tudo indica que será atingido os US$ 25 bilhões no ano", disse o executivo.
Outra boa notícia confirmada ontem pelo BC é que os investidores estrangeiros voltaram a marcar presença no mercado de capitais nacional. Até o dia 26 de maio, ou seja, até ontem, havia o registro de ingresso de R$ 2,3 bilhões do Exterior. Em abril, a entrada de dinheiro estrangeiro para investimento no mercado de ações foi de US$ 630 milhões. Para o mercado de renda fixa, o ingresso de recursos até ontem foi de US$ 811 milhões, frente US$ 66 milhões em todo o mês de abril.
Lopes divulgou também o saldo do fluxo cambial acumulado até 22 de maio, ou seja, os primeiros 15 dias úteis do mês. O resultado está positivo em US$ 3,08 bilhões, refletindo o ingresso de US$ 1,45 bilhão em operações comerciais e de mais US$ 1,63 bilhão nas operações financeiras. A média diária de operações com Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) é de US$ 142 milhões, abrangendo 23% das exportações.
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