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quarta-feira, 11 de março de 2009

SELIC menor, meses atrás, não evitaria desaceleração do PIB

O que derrubou o crescimento do PIB no quarto semestre foi a queda nas exportações, a falta de crédito e a retranca, às vezes excessiva, dos empresários.

O governo agiu para prover crédito, tanto à exportação quando às empresas em geral que atendem ao mercado interno. Reduziu compulsório bancário para irrigar a economia, abriu linhas de crédito com reservas do Banco Central, acionou o BNDES, o BB e a Caixa para suprir as necessidades de crédito dos produtores.

A SELIC é bastante descolada desses fatores: falta de crédito e queda na demanda.

A SELIC há muito tempo é descolada do "spread" bancário também.

Daí é forçar a barra dizer que a desaceleração no PIB tenha sido causada porque o Banco Central não cortou mais a SELIC há 6 meses atrás.

Com SELIC mais baixa, os bancos não iriam emprestar mais dinheiro às empresas do que emprestam, porque o motivo da retração ao crédito foi uma aversão ao risco misturada com especulação, e isso independe da SELIC mais alta ou mais baixa.

Além disso, os bancos privados não iriam deixar de usar seu poder de cartel para impor o maior "spread" que seus clientes conseguem assimilar. Já fazem isso há anos.

A SELIC mais baixa também não iria convencer estadunidenses, europeus e asiáticos a importarem mais do Brasil.

Em tese a SELIC mais baixa, faria sobrar mais dinheiro no orçamento da união, pois o valor pago pelo governo de juros seria menor, e poderia ser injetado na economia com fins mais nobres, para geração de empregos.

Porém essa sobra poderia ser ilusória, porque por outro lado, também em tese (uma vez que não temos como voltar ao tempo para ver se isso aconteceria de fato), o cenário mais provável é que uma queda acentuada da SELIC meses atrás provocasse uma maior fuga de capitais do Brasil, descapitalizando empresas (num momento em que capital já está escasso), corroendo as reservas do Banco Central, desestabilizando o câmbio, gerando desconfiança na moeda, e, consequentemente, inflação.

Por isso, antes de simplesmente gritar "Fora Meirelles" é melhor avaliar com bastante cautela, como seria o cenário com um substituto "ousado".

Em tempo: não tenho a menor simpatia política por Meirelles. Mas o vejo como à frente de um cargo técnico, e não político. É como quando uma construtora escolhe um engenheiro: o importante não é a ideologia dele, e sim sua capacidade de calcular e fazer uma edificação com a estrutura sólida que não venha a rachar ou cair mais adiante.

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