A terça-feira foi "petralha" para os ministros de Lula.
A Helena já colocou uma nota sarcástica na manhã, antes do evento, sob o título "Piada de terça, ou de terceira".
Agora vamos ao dia seguinte.
A revista Veja promoveu o seminário "O Brasil que queremos ser", organizado em comemoração aos 40 anos de existência.
Nosso estômago embrulhou ao saber que entre os participantes estavam boa parte dos ministros e ex-ministros do presidente Lula: Dilma Roussef, Patrus Ananias, Fernando Haddad, Carlos Minc, Ciro Gomes, Luciano Coutinho, além do vice José Alencar e Henrique Meirelles.
Pela platéia passaram Marta Suplicy, Eduardo Suplicy, assim como o DEMo Kassab e o tucano Alckmin, além de gente "ilustre" como Diogo Mainardi.
Para completar o mal-estar, um dos debates foi mediado por Reinaldo Azevedo, sobre a imprensa, com Ayres Brito do STF, Marcio Thomaz Bastos e Miro Teixeira (2 ex-ministros).
Atenuante: o evento durou o dia inteiro, mas a maioria dos ministros ficaram só durante sua própria participação, evitando o ambiente desagradável. Dilma ficou pouquíssimo tempo, pois foi em dia de agenda cheia, incluindo viagens ao Espírito Santo para início da produção da Petrobrás no pré-sal.
Mesmo assim, ninguém merece!
Olhando pelo lado emocional, não há nada que explique, muito menos que justifique.
A Veja desanca o governo, mente, ofende, envenena, conspira descaradamente, cria crises, inventa, é suja, criminosa, corrupta e mau-caráter.
A gente passa o tempo todo denunciando que a Veja só serve para limpar estrume de cachorro, e os ministros vão lá prestigiar como se nada disso tivesse acontecido.
Irrita mais ainda acontecer na semana em que acusaram levianamente o diretor-geral da ABIN como tendo grampeado o presidente do STF, e inaugurado um novo escândalo fabricado.
Pelo lado emocional, não há perdão.
Então vamos pensar como os leitores de Mainardi e Reinaldo Azevedo se sentiram. Devem ter sentido o mesmo que a gente.
Pior: devem ter se sentido humilhados, porque nós temos o consolo de sermos os vitoriosos nas urnas, enquanto eles são os grandes derrotados.
E depois da surra nas urnas, a Veja esfrega na cara deles sob o sugestivo título "O Brasil que queremos ser" uma constelação de ministros do governo que eles tanto disseram que não presta, e eles [Veja e seus leitores] estão tendo que engolir.
Será quantos leitores reacionários cancelaram sua assinatura ao verem o alto escalão do governo Lula tomando conta do "pedaço" deles?
Agora vamos prosseguir, tapando o nariz, analisando friamente, apenas com a razão, sem emoção.
Quatro presidenciáveis fizeram "show solo" (discursaram sozinhos): José Serra, Aécio Neves, Ciro Gomes e Dilma Roussef.
Sob esse ponto de vista é como se fosse um debate eleitoral na Globo. Se Dilma e Ciro não fossem, Serra e Aécio ficariam com o palanque inteiro para si.
Assim, Ciro e Dilma, dividiram as atenções dentro de um curral eleitoral demo-tucano, como é a Veja.
Da mesma forma, Haddad participou de um debate sobre educação. Carlos Minc de outro debate sobre meio-ambiente. Patrus Ananias sobre democracia, raça e pobreza, etc.
Além disso, se fosse recusar a colocar o pés em jornais e TV's golpistas, não daria para entrar em quase nenhuma. Se não me engano, Lula concedeu entrevista à Veja em 2002 antes das eleições e venceu resistências entre a classe média conservadora.
Será que valeu a pena os ministros irem à este seminário?
Nosso "fígado" diz que não. Do ponto de vista de resultados práticos, não sabemos. Pode até ser. Quem sabe?
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