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domingo, 7 de setembro de 2008

Os verdadeiros Donos do Brasil


Cada vez mais há inclusão social, e com isso, o povo brasileiro vem assumindo mais e mais a condição de donos do Brasil.

No entanto, a revista Carta Capital desta semana veio com Daniel Dantas na capa e o título "O Dono do Brasil".

A revista é boa, séria, a melhor na categoria, mas dessa vez faz uma leitura política errada do episódio, resvala para preconceitos antigos, e elogia o que há de pior no capitalismo brasileiro (como Olavo Setúbal, do Banco Itaú, muito pior do que Daniel Dantas em termos de danos para o povo brasileiro).

Talvez a decepção da revista seja que o presidente Lula NÃO seja o dono do Brasil, porque a revista cobra atitudes e comportamentos que só donos absolutos do poder poderiam tomar.

Vamos aos erros de leitura política da reportagem:

Daniel Dantas está muito pior hoje do que estava em 2007, em 2006, 2004, 2003 e 2002. Ao contrário do que diz a revista, o poder que ele ainda tem é saldo acumulado no passado, e hoje ele perde dia a dia influência, prestígio e dinheiro. Pelo menos 2 bilhões foram sacados do Opportunity quando a cúpula do grupo foi presa.

No dia 8 de julho, 300 POLICIAIS FEDERAIS cumpriram 24 mandados de prisão, entre eles Daniel Dantas, e 56 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.

Coisa impensável de acontecer em outros governos.

Nomes de Senadores, outros políticos, jornalistas e empresários aparecem nas investigações vazadas e colocam o mundo político em polvorosa.

Da AÇÃO DO GOVERNO LULA vem a forte REAÇÃO política, que mobiliza grande parte do legislativo, um ministro do STF chega a perder as estribeiras e fica desmoralizado perante a opinião pública. Setores conservadores do próprio governo, quase toda a imprensa e o poder econômico pressionam o governo.



Na política isso precisa ser lido como o enfrentamento de forças conflitantes, que estão medindo forças.

Os progressistas estão avançando na conquista de território político (a inédita prisão de Dantas) e os conservadores e corruptos estão fazendo suas linhas de defesa diante da ofensiva.

Em governos conservadores essa ofensiva teria sido sufocada, como eram no governo FHC.

Em governos progressistas de países já progressistas a ofensiva se daria rápida e fácil, sem reações significativas.

Em governos progressistas de países com muito resquício conservador, como o Brasil de hoje, essa ofensiva é suada.

Os CONFLITOS afloram, e neste caso, provocado pelo próprio Governo, através da simples ação correta da PF.

É muito claro que o Congresso e o STF ainda são conservadores em relação ao governo Lula.

Daí o conflito conservadores X progressistas, fica com a cara de um confronto entre poderes.

O governo Lula estabeleceu diretrizes para a PF republicanas, doa a quem doer, para combater prioritariamente crimes de tubarões do colarinho branco, que são aqueles que mais trazem prejuízos aos cofres públicos.

Daí os corruptos e conservadores do Legislativo e Executivo, atingidos pela PF, reagem acusando o governo de "estado policialesco".

Do CONFLITO vem o CONFRONTO das forças políticas conservadoras e corruptas que reagem para sobreviver.

A grande arma do presidente e seus melhores assessores para duelar com seus opositores é seu talento e inteligência política, e não a força bruta. Na força bruta, ele perderia por falta de apoio militar suficiente como tem Chavez.

Por isso o governo precisa administrar estes CONFRONTOS para que não se tornem ESTORVOS maiores do que já são, nas conquistas do governo para o povo brasileiro, e nas próprias transformações em curso.

É assim desde quando o presidente era sindicalista e sabia sentar em uma mesa de negociação com os patrões, durante uma greve, sem que isso jamais significasse trair os trabalhadores.

Todo negociador sabe que alguma concessão tem que fazer para sair do impasse e conseguir avançar nas conquistas.

O governo Lula, é o melhor representante que temos na mesa de negociação chamada Brasil, para fazer ofensivas contra a ELITE conservadora e corrupta, para conquistarmos palmo a palmo (de forma pacífica) avanços contra os interesses poderosos que cercam o Estado brasileiro.

Quando achamos lentas, muitas vezes é porque não existe pressão suficiente para que sejam mais rápidas. Inclusive pressão popular ativa (que é diferente do apoio popular que o governo tem de sobra, mas é passivo).

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